Blog do Flavio Gomes
F-1

SOBRE DOMINGO DE MANHÃ

RIO (falem mal, mas falem!) – O resumo da ópera bufa de Sóchi é que a Ferrari perdeu uma corrida ganha. Se não tivesse tentado prever — e determinar — até a hora em que seus pilotos tinham de fazer xixi antes da largada, é provável que Charleclé fizesse a primeira curva em primeiro, mesmo […]

Um abraço pra matrioska: se o rostinho fosse o do Vettel, a foto ficaria ainda melhor

RIO (falem mal, mas falem!) – O resumo da ópera bufa de Sóchi é que a Ferrari perdeu uma corrida ganha. Se não tivesse tentado prever — e determinar — até a hora em que seus pilotos tinham de fazer xixi antes da largada, é provável que Charleclé fizesse a primeira curva em primeiro, mesmo tendo de se defender de eventual ataque de Vettel. E como seu carro não quebrou como o do alemão, venceria sem grandes dificuldades.

Mas chega de falar desse assunto, né? Cada um tem suas convicções, há quem aprove o que o time italiano faz, há os que acham o monegasco uma reencarnação de Ayrton Senna (o tanto que li isso, que porre…), os que acreditam que Sebastian recuperou o tônus e os que querem ver o circo pegar fogo — como eu.

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Só não entendi ainda por que Leclerc não passou ninguém aproveitando o vácuo que, pelo que entendi, ele considerava fatal, impossível de deter, a ponto de ceder o próprio para Vettel ganhar sua posição — desde que devolvesse, claro. Nem o morto do Bottas ele conseguiu atacar, ainda que tivesse pneus mais novos. “Ah, eles esquentam atrás de outro carro!” 

Meus filhos, fosse assim ninguém passava ninguém. E teve um monte de ultrapassagens, essa corrida.

Binotto: o homem que dá as ordens na Ferrari

Para mim, ele não quis foi ter trabalho para se defender de Vettel garantindo a liderança na base do tratinho avalizado pelo intrépido Mattia Binotto. Assim até eu.

E a aura pretensamente divina da Ferrari e de seus comandantes, detentores de poderes celestiais para escrever o roteiro de um GP, foi brilhantemente detectada por nosso cartunista oficial Marcelo Masili. A equipe se mete tanto na vida de todo mundo que vejam só o que aconteceu na corrida e ninguém percebeu:

Ri muito com essa. 

A FRASE DE SÓCHI

Vettel: V12 não era tudo isso, não

“Tragam de volta os malditos V12!”

Foi o que disse Vettel quando teve de parar por um defeito no MGU-K (não tenho mais paciência para explicar o que é; uma das trapizongas que recupera energia, carrega uma bateria e gera mais potência, em resumo). Ele não sabia do que estava falando, certamente. A última fase V12 da Ferrari, de 1989 a 1995, resultou em apenas 11 vitórias em 113 GPs. E nenhum título.

A quebra de Vettel, além de jogar a vitória no colo de Hamilton, acabou evitando uma briga entre ele e Leclerc mais para a frente na corrida. Ainda que tenha saído atrás do companheiro, acredito que o alemão iria tentar buscá-lo. A diferença não era tão grande e ele tinha pneus quatro voltas mais novos para atazanar o menino pobre das comunidades carentes de Monte Carlo. Ficou para a próxima.

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Em desvantagem técnica na reta final do campeonato, a Mercedes chegou à 11ª vitória no ano, oito delas com dobradinhas. Na Rússia, que recebe a F-1 desde 2014, só os prateados venceram. Foram quatro triunfos de Hamilton (2014, 2015, 2018 e 2019), um de Rosberguinho (2016) e um de Bottas (2017).

Não se pode negar ao time alemão o mérito de ter apostado no imprevisível ao ter escolhido os pneus médios para a largada. Um safety-car, por exemplo, para que pudesse parar depois dos pit stops da Ferrari — que seriam forçosamente prematuros.

O grande azar de Leclerc é que o abandono de Tião Italiano — que forçou o regime de safety-car virtual — aconteceu quando ele estava mais vulnerável na prova: pouco depois de sua parada e antes da de Hamilton. Deu no que deu.

O NÚMERO DA RÚSSIA

…GPs foram liderados por Hamilton em 245 disputados. Ao assumir a ponta na Rússia, ele superou a marca de 142 corridas lideradas por Michael Schumacher, recordista até então. Lewis liderou uma prova pela primeira vez logo na estreia, na Austrália em 2007. De lá para cá, ostentou a gloriosa P1 em 58,4% das corridas de que participou. Curiosidade: a última prova liderada por Schumacher, Japão/2011, foi a única que ele ponteou defendendo a mesma Mercedes de Hamilton.

Agora vamos ao Lado B da corrida russa, com algumas notas de menor importância. Afinal, nem só de Ferrari e Mercedes é feita a F-1.

Começamos com Sergio Pérez. Terminou em sétimo, registrando a incrível marca de seis presenças na zona de pontos em seis GPs em Sóchi. Foi décimo em 2014 e 2018, nono em 2016, sexto em 2017 e terceiro em 2015. Parabéns.

Já a Williams…

Russell bate: segundo a Williams, o motivo foi uma… coisa

 Russell bateu na 27ª volta e até agora a equipe não explicou o que aconteceu. No press-release do time, o engenheiro-chefe Dave Robson declarou: “Unfortunately, an issue shortly after the subsequent restart caused George to lock a front wheel”. O piloto, no mesmo comunicado, afirmou: “The car was feeling good, and then all of sudden after the pitstop there was an issue and the next thing I knew, I was in the barrier”.

OK. O que seria “an issue”? 

Em tradução literal, “issue” significa “questão”. Quando o imbecil da vez não sabe o que dizer, o que é sempre, ele fala “no tocante a cu-estão” (sem crase, porque ele não tem a menor ideia do que seja) de não sei o quê.

No automobilismo, mal e porcamente podemos traduzir “issue” por “coisa”. Robson: “Uma coisa logo depois da relargada causou o travamento da roda dianteira de George”. George: “De repente, depois do pit stop, aconteceu uma coisa e quando vi estava no muro”.

Resumidamente, foi isso. Uma coisa.

E para piorar, uma volta depois a Williams mandou Kubica parar, sem que coisa alguma estivesse acontecendo em seu carro. Foi para evitar o desgaste de certas peças, já que o time está sem dinheiro para produzir novas. Sim, abandonou para economizar.

Que morte horrível, da Willams.

E fechemos com nosso tradicional…

Albon: se recuperou lindamente da batida

GOSTAMOS – Muito de Alexander Albon >>>, que bateu nos treinos, teve de largar dos boxes e terminou num ótimo quinto lugar, ainda que bem distante de Verstappinho. Mas foi o cara que mais ultrapassou na corrida, garantindo, na opinião deste humilde escriba, a vaga na Red Bull para 2020.

Kimi: zerado nos últimos quatro GPs

NÃO GOSTAMOS – De mais uma corrida desastrosa de <<< Kimi Raikkonen, que já começou queimando a largada, ficando sem nenhuma chance de algo melhor que o 13º lugar. Já são quatro corridas sem pontuar. Precisa melhorar.

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