Blog do Flavio Gomes
Automobilismo internacional

MISSÃO CUMPRIDA

RIO (se mexendo) – Sérgio Sette Câmara conseguiu somar os pontos que precisava para obter a superlicença da FIA, que lhe permitirá guiar um F-1 se for chamado por alguma equipe. Ele tinha de terminar a temporada da F-2 pelo menos na quarta posição. Conseguiu. No seu melhor fim de semana em três temporadas na […]

RIO (se mexendo) – Sérgio Sette Câmara conseguiu somar os pontos que precisava para obter a superlicença da FIA, que lhe permitirá guiar um F-1 se for chamado por alguma equipe. Ele tinha de terminar a temporada da F-2 pelo menos na quarta posição. Conseguiu.

No seu melhor fim de semana em três temporadas na categoria, em Abu Dhabi, o mineiro saiu com uma vitória na prova longa de sábado e um terceiro lugar no domingo. Ele já tinha duas vitórias na categoria, ambas em provas curtas: 2017 na Bélgica e neste ano na Áustria.

Com os resultados de Yas Marina, Sette Câmara terminou o campeonato atrás de Nyck de Vries, Nicholas Latifi (seu companheiro na Dams) e Luca Ghiotto. Os dois primeiros se arranjaram para o ano que vem. De Vries já está na Fórmula E, na Mercedes, e Latifi será titular da Williams na F-1.

Serginho foi o mais rápido na única sessão de treinos livres em Abu Dhabi e também fez a pole da corrida #1. Soube cuidar dos pneus nas duas provas e levou dois troféus importantes que garantiram o título da Dams entre as equipes. Foi uma rodada dupla particularmente emocionante para o time, que perdeu seu fundador Jean Paul Driot para um câncer em agosto, aos 68 anos.

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Aos 21 anos, Sette Câmara é jovem o bastante para ficar mais um ano na F-2 flertando com o ambiente da F-1, já que as duas categorias correm juntas. Neste ano ele assinou um contrato com a McLaren para atuar em simuladores, colocando um pezinho num grande time. Mas, ali, não deve ter nenhuma ilusão. A equipe tem uma dupla fortíssima, formada por Norris e Sainz Jr., está mudando para Mercedes em 2021 e busca estabilidade para retomar seu caminho vencedor.

O problema de Serginho é disputar quatro anos a mesma competição. No quarto, ganhar o campeonato passa a ser quase uma obrigação, se ele tiver ambições. E nada garante isso. Se é verdade que seus resultados em três anos de F-2 não foram ruins, não se pode afirmar, também, que tenham sido impressionantes — uma avalanche de troféus e vitórias.

Em 2017, na estreia pela MP Motorsport, uma pequena equipe holandesa, terminou o campeonato em 12º com uma vitória e dois pódios em 22 corridas. Na segunda temporada, já pela forte Carlin, foi sexto na classificação, fez uma pole, subiu ao pódio oito vezes, mas não venceu — de novo em 22 etapas. Neste ano, com o mesmo número de provas, subiu para quarto na tabela, ganhou duas vezes, fez duas poles e levou mais oito troféus para casa. Num total de 66 provas, portanto, 3 vitórias, 3 poles, 18 pódios e 39 presenças na zona de pontos.

Não é um cartel que deixe alguém boquiaberto, mas também está longe de ser uma tragédia. Serginho apanhou no primeiro ano, pela inexperiência e pelo fato de defender um time sem muita condição. Mas valeu o aprendizado. No ano seguinte na Carlin, ajudou o time a conquistar o título das equipes, só que lhe faltou regularidade — algo que Norris, seu companheiro, teve para ser vice-campeão, embora tenha vencido apenas uma prova. O fato de ter colaborado mais uma vez com uma equipe campeã neste ano pesa a seu favor. Mas chegou a hora de ser mais performático, mesmo sabendo que a tarefa não é fácil, pela qualidade do grid da categoria.

Isso, claro, se ficar na F-2. O que se sabe é que, dependendo das negociações que se apresentarem nas próximas semanas, Sette Câmara considera a possibilidade de mudar o rumo, quem sabe acertando a proa para os EUA. A ver.

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