Blog do Flavio Gomes
F-1

SOBRE DOMINGO DE MANHÃ

RIO (contagem regressiva) – Olha, é claro que eu poderia ter escolhido como imagem deste GP de Abu Dhabi o Hamilton fazendo zerinho, ou aboletado sobre a carenagem de seu carro saudando o público, ou ainda a diretora da Mercedes Britta Seeger no pódio num país machista que subalterna as mulheres. Mas não resisti à […]

Reginaldo no Instagram: depois de 40 anos, corrida em casa pela TV

RIO (contagem regressiva) – Olha, é claro que eu poderia ter escolhido como imagem deste GP de Abu Dhabi o Hamilton fazendo zerinho, ou aboletado sobre a carenagem de seu carro saudando o público, ou ainda a diretora da Mercedes Britta Seeger no pódio num país machista que subalterna as mulheres.

Mas não resisti à foto que o Reginaldo Leme postou na sua conta no Instagram. Afinal, ele é um personagem da F-1 para todos os brasileiros, com suas quatro décadas de serviços prestados ao esporte, ao jornalismo e à TV Globo. Eu diria que essa imagem é quase histórica. O fim de uma era — para os telespectadores — e o início de outra — para ele.

Não custa renovar os votos: aproveita, Regi!

E agora vamos falar da corrida.

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Senti falta, no material de imprensa publicado pela Mercedes depois da 11ª vitória de Hamilton no ano, de alguma menção ao português Domingos Piedade, um cara que foi tão importante na história da AMG. Ele morreu sábado, aos 75 anos. Lembremo-nos que o nome oficial da equipe é Mercedes-AMG Petronas Motorsport.

Algumas marcas são incorporadas ao nosso imaginário sem que, muitas vezes, se saiba de onde vêm. A AMG foi fundada por dois ex-engenheiros da Mercedes em 1967 e preparava motores para corridas. Um deles era Hans-Werner Aufrecht (o “A”); o outro, Erhard Melcher (o “M”). O “G” vem de Großaspach, cidade natal de Aufrecht. Em 1993, Mercedes e AMG se associaram formalmente. Seis anos depois, a DaimlerChrysler (então dona da Mercedes) assumiu o controle acionário da companhia e, em 2005, ela foi integralmente incorporada pela Casa de Stuttgart. Hoje, a linha esportiva da Mercedes sai com o carimbo AMG. Os carros de F-1, também.

Hamilton zoiudo: concentração total e 84 vitórias no cartel

Hamilton fechou o ano com 17 pódios em 21 corridas. Pontuou em todas as provas. Bottas levou 15 troféus. De 42 pódios possíveis, a equipe prateada conseguiu 32. Foram 15 vitórias (quatro de Bottas), contra três da Ferrari e três da Red Bull. Um massacre. Lewis somou 413 pontos, um recorde. No ano passado, foram 408. Os 739 pontos da Mercedes também representam um recorde entre as equipes.

Não tem muito o que falar. Elas que lutem.

O NÚMERO DE ABU DHABI

…vitórias largando na pole-position conquistou Hamilton. Destas, 11 foram obtidas correndo pela McLaren, entre 2007 e 2012. As outras 39, com a Mercedes a partir de 2013. Ou seja: em 56,8% das 88 vezes que largou na pole, Lewis venceu.

No balanço das horas, informamos também que cinco equipes foram ao pódio em 2019, a saber: o trio de ferro Mercedes/Ferrari/Red Bull, mais Toro Rosso (duas taças) e McLaren (uma). Depois da dupla prateada, Leclerc (dez), Verstappen e Vettel (nove cada), Kvyat, Gasly e Sainz Jr. (um cada) foram os cabras que colocaram troféus na estante neste ano depois de desgastantes 23.625 voltas completadas pelos 20 pilotos em GPs, totalizando 119.145 km percorridos.

Detalhezinho curioso sobre a tabela final de classificação, que teve 19 pilotos com pontos (só Russell zerou): dez países diferentes foram representados pelos dez primeiros colocados. Quais? OK, vamos lá: Inglaterra, Finlândia, Holanda, Mônaco, Alemanha, Espanha, França, Tailândia, Austrália e México.

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O terceiro lugar de Leclerc em Abu Dhabi esteve ameaçado por uma bobeada (mais uma) da Ferrari, que forneceu dados incorretos sobre a quantidade de combustível no carro do monegasco. Ele manteve a posição, mas o time foi multado em € 50 mil. Nem é tanto, considerando que antes da corrida uma Ferrari usada por Schumacher no Mundial de 2002 foi arrematada em leilão por US$ 6,6 milhões.

A FRASE DE YAS MARINA

Vettel: autocrítica vermelha

“Como equipe, temos de ser mais fortes. Eu, como piloto, devo fazer melhor. E posso fazer. Do meu lado pessoal, não foi um grande ano.”

Sebastian Vettel, quinto colocado no Mundial com 240 pontos (24 atrás de Leclerc, o quarto), uma vitória (foram duas do companheiro) e duas poles (sete de Charlinho)

Abu Dhabi, como já foi exaustivamente dito, marcou as despedidas de Kubica, Hülkenberg e do nome Toro Rosso. O polonês não externou grandes emoções. Talvez tenha se arrependido de ter voltado, menos por ele, mais por não achar que iria despencar num carro tão medonho.

Já o alemão fez graça pelo rádio. “Obrigado, Nico, por estes três anos”, falou a chefia. “Eu gostaria de dizer o mesmo”, respondeu, rudemente, o piloto. Fez-se silêncio no rádio. “Tô brincando, gente! Muito obrigado por tudo!”, emendou Hulk, quebrando o gelo e terminando sua trajetória na categoria. No fim, todos festejaram com perucas loiras e Hülkenberg foi agraciado com o voto do amigo internauta, sendo eleito o “Piloto do Dia” em Yas Marina.

Fim de linha para Hülkenberg: perucas loiras para todo mundo

O rádio de Norris também foi engraçado, ao se despedir de seu engenheiro Andrew Jarvis. Mas é melhor ouvir aqui para entender. Norris é uma figura. Foi uma grata surpresa tanto pilotando como fazendo galhofa. Oitavo colocado em Abu Dhabi, terminou o campeonato em 11º com 49 pontos, pouco mais que a metade do que fez Sainz Jr. (96), ajudando a McLaren a conseguir o quarto lugar entre as equipes, com 145. Pode ser o início de uma recuperação do time laranja, que em 2020 ainda corre de Renault, mas em 2021 vai de Mercedes.

Há quem diga que a fábrica alemã está refletindo sobre o que fazer no futuro, talvez até deixar a categoria e ficar com a McLaren como time principal. É cedo, porém, para especular muito seriamente sobre essa possibilidade. Apenas fica o registro da boataria do paddock, já que a F-1, às vezes, nos surpreende.

Lando ao engenheiro: “Você está chorando?”

Estamos quase terminando. Faltam apenas o “Gostamos & Não gostamos” e a leitura do GP pela pena do nosso cartunista Marcelo Masili, que cumpriu com brilhantismo a missão de transformar 21 corridas em arte pura. E na despedida da temporada, a homenagem mais do que justa ao nosso querido Reginaldo Leme — “lápis de cera sobre papel inspirado em fotografia de rede social”, é o que escreveriam os galeristas na descrição da obra:

Masili retrata o jornalista: essa bermudinha do Regi…

Se a corrida não foi espetacular, ficou longe de ser das piores de Abu Dhabi, um circuito aborrecido que, normalmente, oferece corridas ruins ao respeitável público. E teve gente que foi bem na “F-1 B”. E gente que foi mal. Então…

Pérez: “melhor dos outros” em Abu Dhabi

GOSTAMOS – Do sétimo lugar de <<< Sergio Pérez, que pontuou nas últimas seis provas do campeonato e terminou o Mundial em décimo, sendo responsável por 52 dos 73 pontos da Racing Point. Se Stroll fosse um pouquinho melhor, o time rosa poderia ter brigado com Renault (91) e Toro Rosso (85) pelo quinto ligar entre as equipes, que acabou ficando com os franceses.

Ferrari: zerinho no asfalto e zero na estratégia

NÃO GOSTAMOS – Do desempenho da Ferrari >>> apesar do terceiro lugar de Leclerc. O monegasco terminou 43s atrás de Hamilton e Vettel, o quinto, recebeu a bandeirada 1min04s depois do inglês. A equipe optou por duas paradas para ambos e conseguiu chegar atrás de Bottas, que largou em último e só trocou de pneus uma vez. Mais um show de equívocos táticos.

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