Blog do Flavio Gomes
Automobilismo brasileiro

MARINHO, 10

RIO – Acho que todas as vezes que escrevi Mário Cesar de Camargo Filho coloquei uma vírgula depois de Filho para acrescentar “o maior piloto de DKW da história” antes de seguir com o que tinha a dizer. Hoje tenho de dizer que Marinho se foi aos 82 anos — faria 83 no dia 15. […]

Marinho (de camisa branca): o maior de todos

RIO – Acho que todas as vezes que escrevi Mário Cesar de Camargo Filho coloquei uma vírgula depois de Filho para acrescentar “o maior piloto de DKW da história” antes de seguir com o que tinha a dizer.

Hoje tenho de dizer que Marinho se foi aos 82 anos — faria 83 no dia 15. Já vinha enfrentando problemas de saúde havia algum tempo e estava internado no Sírio-Libanês. Seu corpo será levado a Ourinhos, onde vivia.

Tive a sorte de conhecer o Marinho e graças à turma dos DKWs pudemos homenageá-lo mais de uma vez nos nossos encontros que acontecem desde 2003. E, mais do que isso, tivemos a chance de reunir várias vezes o pessoal da Vemag que ao longo dos anos foi-se dispersando pela vida.

Assim que ele, Crispim, Bird, Lettry, Anísio, Jan, Norman, Dal Pont, Kiko, Ari, Toni e muitos outros puderam se reencontrar nos últimos anos entre sorrisos e lágrimas. E quantas histórias relembraram, quanto conhecimento nos passaram, quanta sabedoria nos transmitiram.

Marinho, o maior piloto de DKW da história, fez com que me apaixonasse por corridas — ele nunca soube disso, e também não tem nenhuma importância.

O 10 branco na bolota preta sempre viveu no meu imaginário de criança.

O cheiro de gasolina com óleo de rícino e Castrol R se transformou no mais sofisticado dos perfumes.

O berro do motor dois tempos em Interlagos, que não sei se um dia ouvi de verdade ou se faz parte de uma memória que criei a partir de histórias que li e me contaram, é o último som que quero escutar na vida, se puder escolher.

Foi o rugido que Marinho ouviu por dez anos pilotando DKWs.

Mas num dia como hoje, só consigo pensar em silêncio.