Blog do Flavio Gomes
Caminhões

BOM SERIA

RIO (e esperemos) – Muita gente me mandou, e para estancar o fluxo de e-mails (o último foi enviado pelo Diego Ximenes, a quem agradeço em nome de todos), vou publicar para cumprir tabela. Corre a notícia de que dois irmãos, empresários, obtiveram os direitos sobre o uso da marca FNM e que pretendem construir […]

RIO (e esperemos) – Muita gente me mandou, e para estancar o fluxo de e-mails (o último foi enviado pelo Diego Ximenes, a quem agradeço em nome de todos), vou publicar para cumprir tabela. Corre a notícia de que dois irmãos, empresários, obtiveram os direitos sobre o uso da marca FNM e que pretendem construir caminhões retrô, por assim dizer. Mas elétricos, com componentes importados dos EUA. Eles seriam montados nas instalações da Agrale em Caxias do Sul (RS). As imagens que acompanham esta postagem e a matéria do site “Autos Pesados” são feitas em computador — não há protótipos construídos. Há outras informações aqui também, em reportagem do “Estadão”.

Espero que dê certo, mas a ideia foi lançada em julho, dólar nas alturas, no meio da pandemia e de uma crise econômica devastadora no Brasil alimentada por um psicopata obtuso devoto da cloroquina e de vermífugos em geral.

Desde que este blog foi lançado, em 2005, dezenas de projetos de novos carros, utilitários, motocicletas, lambretas, barcos, triciclos, aviões, motonetas, ônibus e caminhões nacionais — a gasolina, diesel, hidrogênio, eletricidade e criptonita — já foram mostrados aqui. Nenhum, rigorosamente nenhum, vingou. Teve até uma ressurreição do Puma, lembram? Botaram um arremedo de protótipo para andar e tudo, fizeram vídeos, reportagens na TV e em redes sociais, e não deu em nada. E teve também um superesportivo idealizado pelo Emerson Fittipaldi apresentado em salão do automóvel no exterior, e réplica da Romi-Isetta, e releitura do Interlagos, e o novo Uirapuru, e o tal de Amoritz, e sei lá mais o quê. O primeiro grande furo n’água dessa série foi o Obvio ! (escrevia assim mesmo, sem acento e com espaço entre o último “o” e o “!”), um minicarro projetado pelo Anísio Campos interessantíssimo que inauguraria, de certa forma, a era das compras online, das revendas digitais e tudo mais. Foi uma ficção alimentada por anos a fio por seus criadores.

Todo mundo tem ótimas ideias, muita boa vontade, mas, sério… Fazer veículos não é simples, exige muito investimento, instalações gigantescas, tecnologia de ponta, são milhares de normas técnicas que devem ser obedecidas, não é brincadeira para empreender numa garagem ou num galpão alugado na periferia das grandes metrópoles ou em cidades charmosas da Serra Gaúcha. Ainda mais no Brasil. Sendo assim, me dou o direito de exercer algum ceticismo nessa história de caminhão FNM elétrico.