Blog do Flavio Gomes
F-1

MAIS VETTEL

RIO (por quanto tempo?) – E quem achava que Vettel iria pegar sua mochila e voltar ao interior da Alemanha para cuidar da prole e de suas motos antigas, pode tirar o cavalinho da chuva. De acordo com a imprensa italiana, o tetracampeão já fechou com a — atenção! — ASTON MARTIN para o ano […]

RIO (por quanto tempo?) – E quem achava que Vettel iria pegar sua mochila e voltar ao interior da Alemanha para cuidar da prole e de suas motos antigas, pode tirar o cavalinho da chuva. De acordo com a imprensa italiana, o tetracampeão já fechou com a — atenção! — ASTON MARTIN para o ano que vem. Aston Martin, se os desavisados não sabem ou os desmemoriados não lembram, será o nome da Racing Point a partir do ano que vem.

A equipe foi comprada no ano passado por Lawrence Stroll, pai de Lance Stroll, que é também acionista da marca de carros ingleses famosos por carregar James Bond para lá e para cá. Hoje, a Aston Martin patrocina a Red Bull. Um consórcio liderado por ele comprou 16,7% das ações da montadora no começo do ano e a primeira medida anunciada foi a de mudança de nome da Racing Point para 2021.

Vai dançar Sergio Pérez, claro, já que o outro piloto é filho do dono. O mexicano, porém, deve se arranjar numa Haas ou Alfa Romeo da vida, porque sempre ajuda na vaquinha para completar o orçamento com os patrocínios que traz de seu país.

Quanto a Vettel, o que será capaz de fazer num time de segundo escalão como é a atual Racing Point futura Aston Martin? A equipe vai copiar o carro da Mercedes deste ano? A resposta às duas perguntas é “não sei”. Sebastian é um piloto de carreira curiosa. Quando surgiu, molequinho ainda, nem barba tinha, foi um estouro. Até ganhou corrida com a Toro Rosso, em Monza/2008. Aí as coisas se encaixaram na Red Bull e ele enfileirou quatro títulos seguidos.

Em 2014, quando começou a era dos motores híbridos, foi batido por Ricciardo na mesma Red Bull. Foi meio esquisito, não pegou muito bem, mas ele tinha quatro faixas de campeão penduradas na parede e a fama seguia intacta. Então se mudou para a Ferrari como uma espécie de novo Schumacher, enchendo a torcida italiana de esperanças.

Embora muita gente considere sua passagem pelo time de Maranello, que se encerra no fim do ano, um fiasco, não foi tanto assim, não. Os números podem não ser impressionantes, não foi campeão, mas estão longe de ser um desastre — ainda mais para quem corre por uma equipe que enfrenta a maior hegemonia da história da F-1, o incrível domínio da Mercedes, que só deixa migalhas para os adversários. Vejam, ano a ano, desde 2015:

Só o fato de ter derrotado um dos carros da Mercedes em 2017 e 2018 já seria algo digno de aplausos. Mas vamos além. Nas estatísticas gerais da Ferrari, essas 14 vitórias desde 2015 fazem dele o terceiro maior vencedor da história da equipe, perdendo só para Schumacher (72) e Lauda (15) — posição que dificilmente vai se alterar, considerando o carro deste ano e sua desmotivação visível. Em poles, Sebastian aparece num discreto quinto lugar com 12 — pela ordem, à sua frente, estão Schumacher (58), Lauda (23), Massa (15) e Ascari (13). Mas, nos pódios, a posição é ótima: terceiro colocado com 54 troféus, atrás apenas de Schumacher (116) e Barrichello (55).

O problema é que na F-1 a última impressão é mesmo a que fica, e Tião Não Mais Italiano fez um campeonato ruim no ano passado, sendo batido pelo bebê Johnson Leclerc, e nesta temporada está ainda pior. Chegará à Aston Martin cheio de desconfianças, para encarar, pelo menos em 2021, um campeonato que já tem dono. Em 2022, sabe-se lá. Mas por mais que o novo regulamento deixe algumas portas abertas, é difícil acreditar que esse time repita a trajetória da Red Bull, que começou do nada, comprando a Stewart, e em alguns anos se transformou numa das gigantes da categoria.

A ver. Continuo achando Vettel um pilotaço. Ninguém ganha quatro campeonatos à toa. Só não sei se ele voltará a ser o que já foi numa F-1 que, ultimamente, mais o aborrece do que anima.