Blog do Flavio Gomes
F-1

N’ARDENNES (2)

RIO (Rest In Power) – A pole de Hamilton agora há pouco em Spa foi, novamente, cheia de significados. O inglês dedicou o resultado a Chadwick Boseman, ator que morreu ontem aos 43 anos de câncer no cólon. Boseman foi o protagonista de “Pantera Negra”, um super-herói preto num mundo em que super-heróis, no cinema, […]

RIO (Rest In Power) – A pole de Hamilton agora há pouco em Spa foi, novamente, cheia de significados. O inglês dedicou o resultado a Chadwick Boseman, ator que morreu ontem aos 43 anos de câncer no cólon. Boseman foi o protagonista de “Pantera Negra”, um super-herói preto num mundo em que super-heróis, no cinema, são invariavelmente brancos.

Wakanda forever.

E que pole… Lewis colocou 0s511 em cima de Bottas, o segundo colocado, com uma volta muito próxima da perfeição em 1min41s252. “Um extra-terrestre”, como definiu Toto Wolff. A exemplo de seu companheiro de equipe, larga amanhã com pneus médios. A Mercedes andou com mais asa que o normal, perdendo um pouco de velocidade nas retas, mas compensando plenamente no segundo setor da pista, mais sinuoso. Ali, o equilíbrio do carro e seu comportamento aerodinâmico fizeram a diferença. Além do mais, o time espera chuva para amanhã. Se vier, andar com mais pressão aerodinâmica será essencial.

Foi a 93ª pole da carreira de Hamilton, sexta em Spa, quinta no ano. É o melhor momento da carreira do inglês.

O grid: sim, a Ferrari conseguiu passar para o Q2!

Lewis, ao contrário da maior parte dos pilotos, nem foi atrás de vácuo nas longas retas de Spa para garantir alguns décimos aqui e outros ali. “Não queria ninguém na minha frente”, falou. Entende-se. A grande vantagem nas curvas de alta poderia ser perdida se alguém deixasse um rastro de ar “sujo” diante de si. Ele disse que andou estudando os dados para tomar essa decisão. Para colar no chão, o carro negro precisava estar de cara para o vento, como se diz. Tudo funcionou 100%. Especialmente o piloto.

Em quarto e sexto no grid, com Ricciardo e Ocon, a Renault foi a surpresa do sábado, conseguindo seu melhor desempenho no ano em classificações. Antes do australiano, para variar, ficou Verstappinho, vice-líder do campeonato e único piloto que de vez em quando cutuca a dupla da Mercedes. Max ficou muito perto do tempo de Bottas, meros 0s015. Albon, com o outro carro da Red Bull, foi o quinto.

Ricardão: P4 no melhor fim de semana da Renault em 2020

Duas equipes acabaram decepcionando — não, não foi a Ferrari, sobre quem falaremos daqui a pouco, como sempre, deixando as informações mais sórdidas para o final. Uma delas foi a Force Point, apenas em oitavo e nono com Pérez e Stroll. A outra, a AlphaTauri. Depois de um quarto e um sexto no Q1 com Olha o Gás Ly e Dani²l K-Vyda Loka, a filial rubro-taurina empacou no Q2.

A McLaren, com sétimo e décimo, foi a outra equipe que chegou ao Q3, mostrando que os motores Renault, na Bélgica, estão funcionando direitinho.

McLaren: sétimo e décimo com Sainz e Norris

O sábado amanheceu frio e com nuvens ameaçadoras sobre as Ardennes e a classificação foi realizada com temperatura na casa dos 16°C. No fim, não choveu. Estava todo mundo de olho no Q1 porque, depois de apresentar um desempenho patético no último treino livre, a Ferrari era candidata forte a se juntar aos piores do dia.

E foi por pouco. Vettel e Leclerc se livraram do vexame maior passando em 13º e 15º, superando Raikkonen, o 16º, por 0s089 e 0s087. Entre os cinco eliminados, quatro motores Ferrari: os de Kimi, Grojã (17º), Giovanudo (18º) e Magnólia (último). O único intruso foi o fraco Lentifi, da Williams, em 19º.

Foi quase um milagre. Quando Hamilton fez a melhor volta no Q1, Leclerc estava 1s905 atrás e Vettel, a 2s231. Os dois arrancaram das carroças vermelhas mais do que dava para passar à segunda fase da classificação. No Q2, não tinha santo que pudesse ajudar. A dupla ficou atrás dos dois carros da AlphaTauri e à frente apenas de Russell, da Williams. Para Hamilton, o primeiro colocado: Charlinho a 0s982, Sebastião a 1s247. O monegasco sai em 13º; o alemão, em 14º.

E pensar que no ano passado Leclerc fez a pole e venceu na Bélgica… Claro, agora todos sabem: a Ferrari estava trapaceando nos motores, foi pega no pulo, perdoada, mas acabou enquadrada pela FIA e a performance da sua unidade de potência ficou muito parecida com a de um Uno Mille.

Cúpula da Ferrari: combinando a hora da festa

Gola Profonda me ligou agora há pouco, e foi difícil entender o que dizia por causa do barulho de fundo. Onde você está?, perguntei intrigado com a música alta. “Party mode! É a última do ano e a gente resolveu festejar!”, gritou Gola. Party Mode é como chamam o negócio que a Mercedes tem no motor aos sábados, que a partir da próxima corrida será proibido. Vocês estão comemorando isso?, berrei ao telefone. “Não estou te ouvindo direito, mas se você está querendo saber por que estamos fazendo festa, é porque passamos do Q1 e enrabamos a Alfa e a Haas!”, respondeu Gola. Mas não foi isso que perguntei, ia repetir, mas nem deu tempo porque de repente entrou alguém no telefone e gritou “chupa Latifi!” e Gola falou: “Desculpa, foi Seb que passou por aqui e tirou o telefone da minha mão, ele tá meio alterado, feliz da vida!”, explicou. E está todo mundo na festa?”, perguntei o mais alto que pude. “Peraí, Charlito quer dizer alguma coisa”, e outra voz entrou na linha berrando e gargalhando “chupa Russell ahahahahaha!”, e nesse momento a linha caiu.

Horas depois Gola mandou a foto abaixo, com a mensagem: “Seb tomou todas, saiu da festa assim, com uma dor de cabeça dos infernos. Mas prometeu que amanhã vai estar bem”.

Tomara, tomara.

Vettel: tomou todas para comemorar a passagem ao Q2