RIO (aquele abraço) – Max Verstappen parece ser o único cara na face da Terra (a redonda) capaz de bater a Mercedes sem ter de contar com a sorte. Por isso, não poderia ser outro o personagem da foto que melhor ilustra o que foi o GP dos 70 Anos, ontem em Silverstone.
Ainda que a imagem contrarie todas as recomendações de distanciamento social que o momento pede, faça-se uma concessão. Ele mereceu o abraço da equipe. E todo mundo está testado, negativo, por isso não sejamos mais realistas que o rei. A F-1 está cuidando dos seus.
A prova de ontem teve a melhor audiência da temporada na Globo, 9,3 pontos, igualando o índice registrado no GP da Hungria. Pelo que posso perceber, os resultados não têm sido ruins. E as corridas têm sido boas. O campeonato poderia ser melhor em termos de disputa, mas vem sendo assim há algum tempo e, convenhamos, faz parte da natureza da categoria uma certa previsibilidade no que diz respeito a títulos. A gente sabe que a Mercedes e Hamilton serão campeões, é disso que estou falando. Mas um piloto como Verstappinho e uma equipe esperta como a Red Bull podem nos garantir algumas doses de surpresa até o fim da temporada, e também é disso que estou falando, quando me refiro a corridas boas.
(Gente, na boa… Nestes dias que vivemos, não vamos exigir muito de nada, nem de ninguém. Obrigado.)
Como ontem, por causa da transmissão da Fórmula E na TV, tive de escrever rapidinho, deixei escaparem algumas coisas interessantes que aconteceram em Silverstone. A mais divertida, sem dúvida, foi o engano de Hamilton quando terminou a cerimônia do pódio. Não é que Lewis pegou o troféu errado? Já estava levando para casa o do vencedor! Verstappen percebeu a tempo e foi atrás buscar o que era dele. O vídeo foi publicado originalmente no perfil “Motorsport Geek” no Tweeter. Pode ser visto aqui.
“Nó tático” foi o termo mais usado na mídia especializada para descrever o que o holandês e os rubro-taurinos conseguiram na quinta etapa do campeonato. A decisão arriscada de fazer o Q2 com pneus duros acabou valendo a pena. E deixou todo mundo com a pulga atrás da orelha por conta da dificuldade escancarada da Mercedes com a gestão da borracha em altas temperaturas. Sorte da equipe alemã que daqui a pouco o verão europeu começa a dar tchau. Capaz até de termos corrida debaixo de neve mais para o fim do ano — em Nürburgring faz um frio danado. Mas em Barcelona, domingo que vem, é melhor que Hamilton e Bottas se cocem. Se vier o calorão esperado para a Catalunha nesta época do ano, podem levar um novo xeque-mate de Horner, Max & seus Blue Caps.
Aliás, nosso cartunista oficial Marcelo Masili interpretou assim o que aconteceu na Inglaterra ontem:
E o que vocês verão agora é uma incrível coincidência numérica registrada no fim de semana. Verstappinho, vencedor do GP dos 70 Anos, corre com o número 33. Que é o mesmo de Enea Bastianini, ganhador da Moto 2 em Brno, e idêntico ao de Brad Binder, que ficou com a vitória na MotoGP na República Checa (que o Victor Martins e o Grande Prêmio chamam de Tchéquia, não entendi bem os motivos, mas resistirei; eu gostava mesmo era de Tchecoslováquia, soava forte e imponente). Não tô inventando não!
Por isso mesmo, o nosso…
NÚMERO DE SILVERSTONE
Do recorde de pódios igualado por Hamilton, os mesmos 155 de Schumacher, já falamos ontem. Então vamos em frente com coisinhas que escaparam de ontem e que soubemos hoje.
- A F-1 registrou uma brutal queda de receitas no segundo trimestre de 2020, de US$ 620 milhões para US$ 24 milhões na comparação com 2019, por motivos óbvios: não teve corrida, então não teve venda de ingressos, pagamento de taxas, placas de publicidade, camarotes e tudo mais. A coisa está feia, bem feia.
- Ross Brawn rasgou elogios a Nico Hülkenberg e contou que no final de 2012, quando a Mercedes foi atrás de Hamilton, o alemão era a segunda opção se o inglês decidisse ficar na McLaren. Nico defendia a Force India, na época. No ano seguinte, acabou na Sauber. Vai ser azarado assim no inferno…
- Nada a ver com a F-1, mas tudo a ver, ao mesmo tempo… Notaram que na corrida de ontem na Fórmula E, em Berlim, os três pilotos que foram ao pódio foram formados pela Red Bull? Jean-Eric Vergne, Antônio Félix da Costa e Sébastien Buemi passaram pelas escolinhas dos energéticos, sonharam em guiar os carros que estão hoje com Verstappen e Albon, mas acabaram ficando no meio do caminho.
A FRASE DOS 70 ANOS
A estratégia que adotamos não fez o menor sentido. Claro que eles não teriam coragem de me pedir para deixar Charles passar. Preferiram me chamar para os boxes.
Ah, Vettel, Vettel… Estão dizendo até que vão trocar seu chassi para as próximas corridas. Talvez já na Espanha. Ele insiste que tem algo de errado, muito errado, com seu carro. Além de já não ter pudor algum em esculhambar a equipe e suas táticas mirabolantes. Verdade, a rodada de ontem na primeira volta não ajudou muito. Mas não precisavam ter chamado o moço para o segundo pit stop, né?
Bom, Gola Profonda, meu informante, garantiu que o novo chassi já está pronto. E que já tem até foto no grupo de WhatsApp da equipe.
E fechamos com nosso tribunal do dia seguinte, que joga alguns para cima e outros para baixo depois de cada corrida.
GOSTAMOS – …de ver a reação de <<< Daniil Kvyat, que fez uma classificação horrorosa, 16º no grid, mas com uma pilotagem honestíssima acabou levando seu carrinho simpático à décima posição, marcando um pontinho que Gasly, seu companheiro, não conseguiu — apesar de largar em sétimo. O time admitiu que errou a mão na estratégia de pneus do francês.
NÃO GOSTAMOS – …de ver Daniel Ricciardo >>> rodando sozinho, miseravelmente, e jogando fora todo o potencial da Renault para chegar pelo menos entre os seis primeiros. Ele foi bem nos treinos, na classificação, no início da prova, mas depois botou tudo a perder.