Blog do Flavio Gomes
F-1

N’ARRABBIATA (1)

RIO (lindo) – Vamos falar de Mugello. É a primeira vez que a F-1 corre lá, e qualquer coisa que a F-1 fizer na Itália é pouco. Adorei a ideia de três corridas no país neste ano. Depois dessa ainda tem Imola. Eu amo a Itália, se pudesse teria ido a essas três provas. Na […]

RIO (lindo) – Vamos falar de Mugello. É a primeira vez que a F-1 corre lá, e qualquer coisa que a F-1 fizer na Itália é pouco. Adorei a ideia de três corridas no país neste ano. Depois dessa ainda tem Imola. Eu amo a Itália, se pudesse teria ido a essas três provas.

Na foto acima dá para ver que pela primeira vez tem público num GP. Limitadíssimo. São 2.880 pessoas convidadas da Ferrari, basicamente. A equipe comemora seu milésimo GP, como todos sabem.

Vai ser um fracasso, o carro não anda nada, não andou nada de novo no segundo treino livre hoje, mas o que vale é a festa, creio. Abaixo, os tempos. Como se vê, 1s5 para o líder é uma tristeza.

Mas depois falo da Ferrari. Voltemos a Mugello.

Mugello não é nome de cidade, nem de algum molho para macarrão, não sei direito o que é. Sei que é como chamam a região, a 35 km de Florença, e que desde 1914 a italianada corre de carro por ali. No início havia um enorme circuito de estrada de 66,2 km de extensão e mais de 400 curvas ligando pequenas cidades, aldeias e vilarejos. Imaginem como se matavam naqueles tempos numa pista tão grande. Devia ser bem divertido.

A última corrida stradale aconteceu em 1970. Em 1974 construíram o autódromo e batizaram de Mugello. São 5.245 m de extensão, nove curvas para a direita, seis para a esquerda e um traçado imutável desde a inauguração. Em 1988 a Ferrari comprou a pista para fazer testes e estrepolias com proprietários ricos de carros vermelhos e amarelos. A MotoGP também corre lá e é um evento exuberante e alegre. Aliás, falando nela, ano passado Dovisioso chegou a 356,7 km/h na reta dos boxes com sua Ducati. Os F-1 não chegarão a tanto.

A freada depois dessa reta dá na curva San Donato, único ponto propício para ultrapassagens no circuito. No mais, é uma sequência de curvas rápidas de raio longo que os pilotos adoram — mas que não necessariamente produzirão uma corrida espetacular, e espero que eu esteja errado.

Uma das coisas legais de Mugello é que as curvas têm nome, e não números. Foram batizadas com nomes de antigas fazendas e casas da região, ou mesmo de velhos pilotos dos tempos em que a nonna fazia molho de tomate sem tirar a casca e as sementes — como Materassi e Biondetti. O trecho mais bacana é a sequência das curvas Arrabbiata 1 e 2, que começa descendo e termina subindo, com o pé embaixo e o fiofó fechado. O nome vem de uma antiga estrada que dá acesso ao circuito.

Kimi em 2000 na Sauber e em 2020 na Alfa Romeo: primeiro teste em Mugello

Outra coisa marcante de Mugello é que foi lá que Kimi Raikkonen, exatamente 20 anos atrás, sentou num carro F-1 pela primeira vez. E, na prática, da mesma equipe. Ele fez um teste pela Sauber, que hoje é a Alfa Romeo. Muita gente da época ainda trabalha no time. Kimi, em 2000, tinha meras 23 corridas de automóveis no currículo, e a coisa mais veloz que pilotara até então fora um F-Renault.

No fim do primeiro dia, com dores no pescoço, pediu para parar, caso contrário não conseguiria continuar no dia seguinte. Continuou no dia seguinte. Foi contratado imediatamente, fenômeno que sempre foi — eu acho Raikkonen um fenômeno em tudo. Aliás, subam lá nos tempos. Ele ficou em nono, hoje. O melhor carro com motor Ferrari da sexta-feira.

Kimi é um fenômeno e pronto.

Renault nas colinas da Toscana: bom desempenho no primeiro dia

A Renault virou bem hoje com Ricardão em quinto e L’Ocon em sexto, a Mercedes fez 1-2, normal, e a Red Bull cravou 3-4. Pela ordem, com Bottas-Hamilton e Verstappen-Albon. Tudo normal, normal e normal.

Inclusive a Ferrari se arrastando lá atrás, com sua linda pintura grená para lembrar a cor usada nas primeiras corridas do time, em 1950. Vettel, inclusive, teve algum problema de motor que ainda não sei qual foi — talvez sua própria existência…

De manhã, Leclerc chegou a dar alguma esperança aos mais desavisados com um terceiro lugar no primeiro treino livre, mas tudo não passou de ilusionismo.

Vettel quebrado: o problema do motor da Ferrari é ele existir

E para fechar com as notícias do dia, vamos por itens:

Pérez bate em Raikkonen: uma posição perdida no grid
Sede da McLaren à venda: meus carros ficariam bem aí

Sei que vocês querem notícias de meu informante Gola Profonda, mas calma, calma! Ele só costuma aparecer aos sábados e domingos. Agora vamos aproveitar a sexta-feira.