SÃO PAULO (2min15s074) – Bom, vai todo mundo procurar um vácuo amanhã e a classificação vai ser uma zona, como foi no ano passado — lembram que uns caras nem conseguiram abrir voltas?
Em Monza é assim, e quem pode mais chora menos. Hamilton, primeiro colocado hoje — oh, que surpresa! — falou que vai ser um “pesadelo”. Aliás, já foi hoje. Teve até engarrafamento no segundo treino livre. Tirando isso a sexta-feira que abriu os trabalhos para o GP da Itália foi normal, com as duas Mercedes na frente — oh, que surpresa! — com algumas novidades: Gasly em quarto e Kvyat em sétimo, Norris em terceiro e Verstappen apenas em quinto.
A Ferrari? Nono e 12º com Charlinho e Tião, depois de uma primeira sessão muito ruim. Os dois pilotos, desanimados, resumiram o que é a SF1000: um carro muito difícil de guiar, especialmente em condição de corrida. Vai ser mais um vexame.
Como meu dia hoje foi dedicado a outros treinos, em Interlagos, resumo abaixo, em tópicos, o que de mais importante se passou na Itália:
- Gasly disse não ter “a menor ideia” de onde veio a excelente performance da AlphaTauri em Monza.
- Claire Williams falou que recebeu uma proposta da Dorilton Capital para ficar na equipe. E jurou que a decisão de sair foi dela. Por que não acredito nisso? Porque acho que é mentira, mesmo.
- A Renault estuda alterar seu nome para Alpine Renault no ano que vem, para dar um gás na marca de carros esportivos que caminha para ser uma divisão autônoma da montadora francesa.
- Vettel ajudou a montar uma tribuna com figuras em papelão tirando algumas fotos e comprando ingressos virtuais para a corrida, cuja renda será doada para instituições ligadas ao combateb à Covid-19. As caretas todas são de funcionários da Ferrari.
- Ah, por que você não falou da série da Netflix sobre nosso Ayrton que estará no ar em oito episódios em 2022? Porque vai ser mais uma série laudatória para reforçar a imagem de herói, mito, santo, essas coisas que me aborrecem profundamente. E como você sabe que vai ser assim? Porque no texto de lançamento divulgado pela própria Netflix tem lá a Viviane falando as mesmas coisas de sempre, que a família vai se empenhar em fazer deste projeto “algo inédito e único”, aquelas falas corporativas e anódinas que acompanham as aspas distribuídas para a imprensa e não significam nada. E como a família está empenhada, vão contar a mesma história já contada, com os exageros de “superação”, “drama”, “heroísmo” que sempre acompanham qualquer obra oficial como essa. Um porre, em resumo. Prefiro ficar com a imagem que eu mesmo construí de Senna nos anos em que cobri F-1 “in loco” — desde sua estreia na McLaren até a morte em Imola.
E é isso por hoje. Agora vou preparar um peixe à moda da Bretanha, com molho de sidra e cogumelos franceses.