Blog do Flavio Gomes
F-1

N’ABU DHABI (2)

RIO (fecharam) – E foi só na última corrida do ano que alguém conseguiu acabar com a hegemonia da Mercedes em grids de largada. Max Verstappen colocou a Red Bull e a Honda na pole hoje em Abu Dhabi, depois de 15 poles da Mercedes oficial e mais uma da rosa, da Aston Point de […]

RIO (fecharam) – E foi só na última corrida do ano que alguém conseguiu acabar com a hegemonia da Mercedes em grids de largada. Max Verstappen colocou a Red Bull e a Honda na pole hoje em Abu Dhabi, depois de 15 poles da Mercedes oficial e mais uma da rosa, da Aston Point de Lance Stroll na Turquia.

Foi uma surpresa, claro, depois de um domínio tão intenso dos motores alemães. Mas uma boa surpresa, a primeira deste fim de semana que encerra a temporada em Yas Marina — um dos mais belos autódromos do mundo e um dos traçados mais bestas do planeta, também.

Max não é um “poleman”, menos por ele, mais porque a concorrência é dura. Foi apenas sua terceira pole na carreira, a última tendo sido registrada em Interlagos no ano passado. Verstappinho fez uma volta perfeita no Q3 em 1min35s256, deixando Bottas, o segundo, e Hamilton, o terceiro, respectivamente a 0s025 e 0s086. Quase nada. Andou mais que o carro, basicamente. E ainda contou com o que Lewis chamou de “falta de ritmo” depois de ficar mais de uma semana de cama se recuperando do Covid-19. Realmente, o Hamilton de Abu Dhabi não parece aquele que já conquistou o hepta e arrebentou a boca do balão o campeonato inteiro, com suas 10 poles e 11 vitórias até aqui.

Como diz o Jorge Perlingeiro na Sapucaí, “eis as notas” aí em cima, com o grid completo. Na verdade, o resultado da classificação, porque teremos algumas punições. Leclerc, por exemplo, perderá três posições pelo toque em Pérez domingo passado, caindo de nono para 12º. Já Pérez, vencedor do GP de Sakhir, passou ao Q2, mas nem fez tempo porque sabe que terá de largar na última fila, por troca de motor.

Ah, é última corrida do ano, não vou ficar destrinchando a classificação. Do Q1, destaque-se de novo o fato de Raikkonen ser superado por Giovinazzi, o tempo OK de Pietro Fittipaldi, 0s3 atrás de Magnussen, e a volta de Russell à rabeira, depois de um fim de semana quase de sonho no Bahrein.

Leclerc: foi ao Q3 e perde três posições no grid

Vamos às irrelevâncias, porque é delas que gosto de falar.

Kvyat, despedindo-se da AlphaTauri — já fala abertamente da saída, ainda que não tenha sido oficializada –, foi um dos destaques do dia com o sétimo lugar e garantiu: fez a melhor classificação de sua vida. Eu acrescentaria: demorou um pouco, né meu filho?

Mais algumas, que estão nas duas fotos abaixo. Pérez também preparou um capacete especial para sua despedida da equipe, inscrevendo nele todos seus números na ForceIndia/Racing Point. Ficou meio poluído, mas tá valendo. Já a Mercedes estampou na carenagem de seus carros os nomes de todos os funcionários da equipe, que ajudaram a levá-la a mais dois títulos em 2020, de Pilotos e Construtores. Justa homenagem.

E, de novo, o show da noite foi de Fernando Alonso com o R25 de 2005, fazendo barulho e enfiando o pé no porão — parece que registraram uma volta em 1min40s e alguns quebrados, com um carro de 15 anos atrás usando pneus nunca utilizados nesse modelo.

Todo mundo se divertiu com o espanhol guiando como se lutasse pela pole. Até Ocon, seu futuro companheiro na Renault, quis tirar uma lasquinha e entrou no carro. Antes, disse a Alonso: “Cara, você estava rápido!”. O sorriso de Alonso depois da brincadeira revela sua alegria.

A corrida amanhã? Bom, tende a ser a chatice de sempre com poucas ultrapassagens, mas já disse e repito: este ano tem nos surpreendido. Alguns vão largar com pneus médios, com os pilotos da Mercedes, e a maioria vai tentar apenas uma parada porque o pitlane é muito comprido e os pit stops são demorados. Mas nem todos conseguirão.

Que seja uma boa prova, à altura das melhores que tivemos em 2020. E que em 2021 as coisas voltem ao normal. Parece que estão vacinando as pessoas por aí. Aqui, não sei direito como será. O capitão cloroquina continua espalhando seu cuspe nojento pelo país e negando a tragédia que já matou mais de 180 mil brasileiros, deixando a nosotros apenas a esperança de que acabe logo, e que ele volte ao esgoto de onde saiu daqui a dois anos — embora seja muito claro que se as tais instituições funcionassem de verdade, ele já estaria de volta ao seu pão com leite condensado e àqueles chinelos horrorosos no seu patético condomínio da Barra.