Blog do Flavio Gomes
F-1

TEA FOR TWO (2)

SÃO PAULO (gostaram?) – Com cronista de irrelevâncias, começo falando do que achei mais legal nessa Sprint: a coroa de louros entregue ao vencedor/pole. Uma bela referência a tempos idos, ótima mistura de modernidade com tradição. Sigo com a questão da nomenclatura. A F-1, na transmissão oficial, reduziu tudo a uma palavra: Sprint, assim mesmo, […]

Verstappen com a coroa de louros: boa ideia

SÃO PAULO (gostaram?) – Com cronista de irrelevâncias, começo falando do que achei mais legal nessa Sprint: a coroa de louros entregue ao vencedor/pole. Uma bela referência a tempos idos, ótima mistura de modernidade com tradição. Sigo com a questão da nomenclatura. A F-1, na transmissão oficial, reduziu tudo a uma palavra: Sprint, assim mesmo, com maiúscula. Nem Sprint Race nem Sprint Qualifying. A vetusta “Autosport” inglesa preferiu “Sprint Qualifying Race”. Vou optar pelo reducionismo. Sprint. Está de bom tamanho. E termino, no quesito irrelevâncias, com a observação sagaz de que arrumaram um jeito interessante de encerrar o dia, com o caminhão azul patrocinado por crypto.com, que suponho ser algum site de criptomoedas (algo incompreensível para este blogueiro que vos bloga), percorrendo a pista com a inscrição “victory lap” na lateral. Um cerimonial rápido e na medida. Boa solução de marketing para um evento que tem peso relativo: vale alguns pontos e uma pole; portanto, um troço intermediário que é mais que uma classificação e menos que uma corrida.

Foi legal? Eu diria que foi mais diferente do que propriamente espetacular. Creio que usar este formato em algumas etapas é algo bem aceitável. Em todas, não. Dá uma embaralhada no grid definido na véspera pelo método tradicional de voltas lançadas, isso é claro. Dos 20 pilotos, 11 ganharam posições em relação à sexta-feira (Verstappen, Norris, Ricciardo, Alonso, Vettel, Ocon, Raikkonen, Stroll, Latifi, Schumacher e Mazepin). Cinco perderam (Hamilton, Russell, Sainz, Giovinazzi e Pérez). Quatro vão largar onde já estavam (Bottas, Leclerc, Gasly e Tsunoda). Os dois que mais subiram foram Alonso e Raikkonen, quatro posições cada. O grande perdedor, Pérez: tinha ficado em quinto ontem, terminou em último e perdeu 15 posições.

Max se livra de Hamilton: vitória que valeu três pontos e a pole

Ah, não falei do vencedor, ainda. Verstappen levou a pole, a oitava de sua carreira, e os três pontos como vencedor da Sprint. Estava em segundo no grid. Largou como um foguete, assumiu a ponta, teve de se defender do ataque do pole Hamilton uma única vez e depois foi embora, recebendo a quadriculada, depois de 17 voltas, 1s430 à frente do inglês. Foi um dos 11 que lucraram com a minicorrida.

Quatro pilotos optaram por largar com pneus macios, já que a escolha do composto era livre. Foram eles Bottas, Alonso, Ocon e Raikkonen. Os outros 16 foram de médios, na segurança. Como se percebe, os veteranos da Alpine e da Alfa Romeo acabaram se dando bem. Ocon também: de 13º no grid para 10º ao final da Sprint. Bottas tinha uma única missão. Com a borracha mais aderente, atacar Verstappen na largada, tentar se colocar entre ele e Hamilton e permitir que seu companheiro vencesse a provinha. Não deu certo porque Max partiu muito bem, não dando a menor chance ao #77 de tentar algo. E Valtteri ainda teve de tirar o pé para não passar o parceiro.

Alonso: largada espetacular com seis ultrapassagens

Alonso acabou sendo o grande nome do sábado, com uma largada fenomenal: de 11º para quinto na primeira volta. Sainz se enroscou em Russell, caiu para 18º e teve de remar bastante em pouco tempo para recuperar terreno. Fora nono ontem, larga em 11º amanhã. Briga boa, embora fugaz, acabou sendo travada entre Alonso, Norris, Pérez e Ricciardo no início. O espanhol se segurou como dava. Checo rodou sozinho, de maneira bisonha, na quinta volta. Os dois carros da McLaren acabaram superando o azulzinho de Fernando nas voltas 6 e 9, e daí até o fim o bicampeão sofreu um pouco para se manter a frente de Vettel, e conseguiu.

Hamilton, segundo colocado: sorriso de ontem guardado no bolso

O resultado ampliou a liderança de Verstappen na classificação. Pulou para 185 pontos, contra 152 de Hamilton. A vantagem era de 32 pontos, passou a 33. E colocou o holandês na pole para amanhã, uma vantagem interessante numa pista que, embora seja muito rápida, não é fácil para ultrapassagens. Lewis, no caminhão azul, não escondia a decepção. “Perder quando se larga na pole nunca é bom”, resumiu. “Amanhã vamos tentar de novo, mas eles estão muito fortes.”

A derrota na Sprint foi um balde de água fria na Mercedes, essa é a verdade. O sorriso largo de Lewis após a pole-que-não-era-pole de ontem teve de ser guardado no bolso do macacão. Uma vitória amanhã sobre Max e a Red Bull, sendo bem honesto, é altamente improvável.

O resultado da Sprint: Verstappen é favorito amanhã