Blog do Flavio Gomes
F-1

SOBRE ONTEM À TARDE

ITACARÉ (mas demora tudo…) – A alegria de Sergio Pérez com o pódio ontem no México merece a honrosa escolha de nosso júri como sendo a “imagem da corrida”. Terceiro colocado, ele foi mais festejado no autódromo Hermanos Rodríguez do que o vencedor Max Verstappen. O que seria óbvio. É assim mesmo quando se vem […]

Pérez em êxtase: bonito de ver

ITACARÉ (mas demora tudo…) – A alegria de Sergio Pérez com o pódio ontem no México merece a honrosa escolha de nosso júri como sendo a “imagem da corrida”. Terceiro colocado, ele foi mais festejado no autódromo Hermanos Rodríguez do que o vencedor Max Verstappen. O que seria óbvio. É assim mesmo quando se vem de um país do Terceiro Mundo, latino, sem grandes conquistas na categoria, e ainda mais com a história recente de Checo: demitido no ano passado depois de vencer seu primeiro GP, contratado pela Red Bull aos 45 do segundo tempo, início ruim de temporada, volta por cima nas últimas provas, um troféu em casa.

Foi bonita a festa, claro que foi!

MÉXICO BY MASILI

E também é claro que nosso cartunista oficial Marcelo Masili captou o clima e mais uma vez nos brindou com arte pura. E espero que alguém no México veja, reproduza, amplie, coloque numa moldura e mande para Checo, que se tornou o primeiro mexicano a subir ao pódio na F-1 correndo em seu país.

Pérez já tinha assumido o quarto lugar no Mundial, deixando Lando Norris para trás. Mas, agora, se distancia do inglês da McLaren, equipe que deu uma apagada nas últimas provas. O mexicano foi a 165 pontos, contra 150 de Landinho. Ele vem de seis corridas seguidas nos pontos, as três últimas no pódio. Finalmente engrenou, parece.

Também graças a ele a Red Bull marcou 80 pontos nas últimas duas etapas, contra 45 na Mercedes. Resultado: as duas equipes estão virtualmente empatadas na classificação, com os alemães liderando o Mundial de Construtores por apenas um ponto.

Quem também reagiu foi a Ferrari, que começou a despachar a McLaren na luta pelo terceiro lugar. Desde a inesperada dobradinha de Monza, os ingleses perderam performance sem maiores explicações. Foram 40 pontos em quatro corridas, contra 67 dos italianos. O placar aponta 268,5 para os vermelhos contra 255 dos papaias.

Gasly, 86 pontos: carregando a AlphaTauri nas costas

Outra briga boa está sendo travada pelo quinto lugar. Alpine e Alpha Tauri estão empatadas com 106 pontos. A grande temporada de Gasly, claro, tem tudo a ver com isso. Ele ficou em quarto ontem e já marcou 86 pontos, 81,1% do total da equipe. No time azul, Alonso está se virando. Pontuou em 12 das 18 etapas disputadas até agora. Ocon, depois da vitória na Hungria, não fez muita coisa: sete pontos, contra 22 do espanhol.

E agora vamos falar da largada, e da ultrapassagem dupla de Verstappen sobre Hamilton e Bottas, e sobre o que disseram sobre ela alguns dos personagens envolvidos depois da prova.

A FRASE DO MÉXICO

Eu achei que pegaria o vácuo de Valtteri. Só que, quando vi, ele estava do meu lado. Então fiquei procurando qualquer Red Bull pelo retrovisor e cuidei do meu lado da pista, por dentro. Mas Valtteri deixou a porta aberta para Max por fora…

Lewis Hamilton
Verstappen passa as duas Mercedes: críticas veladas

Não foi só Hamilton que achou estranha a largada de Bottas. Toto Wolff também fez reparos ao espaço que o finlandês deixou à sua esquerda, puxando o carro para o centro da pista e permitindo que Verstappen freasse lá no deus-me-livre para, com enorme controle de seu veloz automóvel, contornar a curva 1 por fora e na frente dos dois.

Claro que teve gente que insinuou que foi de propósito, que o rapaz está demitido, já, e não vai escalar o Everest para ajudar o companheiro de equipe. Acho maldade. Na minha visão, Bottas tentou esperar Hamilton, para deixá-lo fazer a primeira curva na frente. Aí não sabia se acelerava ou se tirava o pé. Se foi essa a intenção, falhou miseravelmente.

Mas talvez o resultado não fosse muito diferente se Lewis assumisse a liderança na primeira volta. “Acho que a gente não ganharia mesmo se ele estivesse na frente na primeira curva. Eles estavam muito mais rápidos e conseguiriam reverter a situação nos pit stops”, admitiu o chefe mercêdico. Andrew Shovlin, estrategista do time, foi fatalista: “Tudo que podia dar errado deu nos primeiros vinte segundos da corrida”.

O jeito é juntar os cacos e tentar um milagre em Interlagos. “Uma pista da Red Bull”, como definiu Wolff.

O NÚMERO DO HERMANO RODRÍGUEZ

3

…vitórias tem Verstappen no México. As outras foram em 2017 e 2018. Não é, porém, a pista onde ele mais venceu. Max ganhou quatro vezes na Áustria (uma dessas corridas com o nome de GP da Estíria).

Toto disse que Interlagos é pista da Red Bull, mas não tem sido assim nos últimos anos. OK, Verstappen venceu em São Paulo em 2019, última prova disputada na cidade — no ano passado o Brasil ficou fora do calendário por causa da pandemia. Mas das cinco provas anteriores a Mercedes ganhou quatro: em 2014, 2015, 2016 e 2018. Em 2017 deu Ferrari. Num passado um pouco mais distante, aí sim, a Red Bull estourou a banca na capital de todos os paulistas (coisa mais brega…): ganhou em 2009, 2010, 2011 e 2013. Mas eram outros tempos, os motores não eram híbridos e Vettel era o cara.

O que está levando todo mundo a dizer que o time austríaco é favorito, na verdade, é seu desempenho recente neste ano, com as últimas vitórias em Austin e no México. Ambas sem grandes sustos. Ambas com a Mercedes arfando atrás. O momento dos rubro-taurinos é melhor. Está na cara.

GOSTAMOS & NÃO GOSTAMOS

GOSTAMOS de ver os três velhinhos Vettel, Raikkonen e Alonso nos pontos. Um atrás do outro, em sétimo, oitavo e nono. Foi a segunda vez no ano que isso aconteceu. No Azerbaijão, Sebastian foi o segundo colocado, com Fernandinho em sexto e Kimi em décimo. Sempre é bom lembrar: juntos, esses três aí têm sete títulos mundiais. Nâo é pouca coisa.

Alonso, nono: veteranos mandando bem

NÃO GOSTAMOS do desempenho da McLaren, que fez apenas um pontinho com Norris em décimo. Ricciardo terminou em 12º depois de se envolver num toque com Bottas na largada. O resultado só não foi pior do que na Hungria, a única prova neste ano em que o time cor de laranja não pontuou.