Blog do Flavio Gomes
F-1

SOBRE ONTEM DE MANHÃ

ITACARÉ (pronto) – Sei que Hamilton venceu, sei que teve mais uma atuação impecável, sei que a disputa pelo título está linda de morrer, mas me desculpem. Para mim, o nome do fim de semana no Catar foi Fernando Alonso, que eu adorava chamar de El Fodón de Alguma Coisa e, ontem, mostrou que ainda […]

Alonso e a volta ao pódio depois de sete anos: alegria geral

ITACARÉ (pronto) – Sei que Hamilton venceu, sei que teve mais uma atuação impecável, sei que a disputa pelo título está linda de morrer, mas me desculpem. Para mim, o nome do fim de semana no Catar foi Fernando Alonso, que eu adorava chamar de El Fodón de Alguma Coisa e, ontem, mostrou que ainda é. El Fodón del Coche Azul.

São 98 pódios na carreira. É o sexto maior colecionador de troféus da história da F-1. Só perde para Hamilton (180), Schumacher (155), Vettel (122), Prost (106) e Raikkonen (103). Todos esses têm estantes maiores e, claro, taças que lhes são muito caras — a primeira vitória, o título X, a corrida Y. Mas tenho certeza que esse cilindro dourado aí embaixo vai para um lugar muito especial na prateleira de Fernandinho Paz & Amor. Tinha sete anos que ele não levava nada parecido para casa.

É isso aí, sete anos, três meses e 21 dias longe do pódio na F-1. O último fora na Hungria, um segundo lugar com a Ferrari, em companhia do vencedor Daniel Ricciardo, então na Red Bull, e do terceiro colocado Lewis Hamilton, já na Mercedes. A foto está na pequena galeria aí em cima. Desde aquele 27 de julho de 2014 muita coisa já aconteceu. Alonso passou pela McLaren, tirou um ano sabático, disputou as 500 Milhas de Indianápolis, não se classificou para outra, venceu as 24 Horas de Le Mans pela Toyota e participou de um Dakar.

É, rapaz, o mundo capota, não gira.

A FRASE DE LOSAIL

“Quando voltei, queria lutar para ser campeão de novo. Mas cheguei a me perguntar se conseguiria voltar ao pódio na minha carreira…”

Fernando Alonso
Espanhol é o que mais fez ultrapassagens no ano: 114

Alonso, com as ultrapassagens que fez ontem no Catar — e nem foram tantas assim –, tornou-se o maior passador da temporada, com 114 posições ganhas na pista em 20 corridas. Deixou para trás outro veterano que vem se divertindo à beça neste ano, Sebastian Vettel. “Ele é um cara que pensa fora da caixinha”, disse o companheiro Esteban Ocon. “A gente aprende muito com sua visão de corrida, as estratégias que coloca em prática. Trabalhar com um bicampeão como ele é muito bom.”

Com o terceiro lugar de Alonso e o quinto de Ocon, a Alpine praticamente garantiu o quinto lugar entre as equipes. A briga estava parelha com a AlphaTauri, que chegou empatada em 112 pontos com os franceses ao Catar. Mas, agora, a ex-Renault abriu 25 de vantagem. Dificilmente Gasly (o único que pontua na filial da Red Bull) vira o jogo.

CATAR BY MASILI

Nosso cartunista oficial Marcelo Masili também ficou encantado com o pódio de Alonso e cometeu a arte acima. Masili anda numa fase particularmente excepcional. Suas ilustrações deste ano bem que poderiam virar um livro. As do ano passado também. Será que ele tem todas guardadas? Olha…

Falemos de Hamilton, agora. E recuperemos a frase dita ontem por Toto Wolff, que tem lobo no nome: “Cutucaram a onça com vara curta”. Coloquei no Google Translator e ficou assim: “They poked the jaguar with a short stick”. Nunca perguntei a ninguém versado no idioma de David Beckham como se diz onça em inglês. Jaguar? Bom, que seja. Na verdade, Toto, aka “Pebolim”, falou que “acordaram o leão em Interlagos” naquele sábado da perda da pole na Sprint. Prefiro a onça e a vara curta. Um leão tirado de seu sono real no Simba Safari no máximo dá um bocejo e espanta as moscas da juba. Agora, experimenta cutucar uma onça braba com uma vara curtinha. A bicha te dá uma riscada que tu não vai esquecer nunca, vira tatuagem.

Lewis está numa fase verdadeiramente esplêndida. E a Mercedes, depois de dois tocos nos EUA e no México, se recolocou no campeonato graças a ele e, claro, à competência coletiva do time. O inglês está emocionalmente muito preparado. Não se abalou com as derrotas. Tampouco saiu saltitando com as vitórias. “Gosto dessa batalha. Mas não há tempo para celebrar. Foi importante diminuir a vantagem que tinham. Mas eles ainda são muito rápidos.”

O NÚMERO DO CATAR

30

…circuitos diferentes já viram vitórias de Hamilton na F-1. Ele é o piloto que venceu no maior número de pistas em todos os tempos. Essa lista tem, depois dele, Schumacher (23), Prost (22), Vettel (21), Mansell e Alonso (19). Senna é o brasileiro que ganhou no maior número de circuitos diferentes, 17.

Acho que faltou dizer, nos textões do fim de semana, que Hamilton não usou no Catar o motor novinho estreado em Interlagos. A Mercedes não achou necessário. Colocou em seu carro a unidade um pouquinho mais cansada que fora usada na Turquia. Mas não fez muita diferença. Para as últimas duas provas da temporada, o motor de São Paulo volta ao carro do heptacampeão. Ajuda.

E cadê as notas policromáticas?

PNEU FUROU – Lando Norris era um dos mais chateados ontem em Losail. Conseguiu, com uma estratégia de uma parada e poupando pneus, levar o carro até a quarta colocação até o finalzinho. Mas, aí, um pneu furou e ele teve de fazer um pit stop extra. Acontece. Terminou em nono. A McLaren, na briga com a Ferrari pelo terceiro lugar, já era. Tem 258 pontos, contra 297,5 dos italianos.

SÓ OS PATRÃO – Acho que todos notaram antes da largada a presença do presidente da FIFA, Gianni Infantino, junto de Stefano Domenicali, CEO da Liberty, e Jean Todt, presidente da FIA. O Catar, como se sabe, é sede da Copa de 2022, que começa daqui a exatamente um ano. Levaram os troféus do futebol e da F-1 para a pista. A foto ficou meio ridícula.

DE CINEMA – Já Hamilton, assim que terminou a corrida, foi cumprimentar o grande cineasta George Lucas, que vira e mexe aparece em um GP.

13 NA CABEÇA – Com a visita de Alonso ao pódio, já são 13 os pilotos que, neste ano, levaram para casa algum trofeuzinho: Hamilton, Bottas, Verstappen, Pérez, Leclerc, Sainz, Ocon, Alonso, Vettel, Gasly, Norris, Ricciardo e Russell. Mazepin, Schumacher, Giovinazzi, Raikkonen, Latifi, Stroll, Tsunoda e Kubica não ganharam nem medalha de honra ao mérito.

MALBA TAHAN – Lewis não pode ser campeão na próxima etapa, em Jeddah. Mas Verstappen, sim. A matemática do título está aqui em detalhes. Mas, resumidamente, se Max vencer e Hamilton ficar em sétimo, babau. Se for segundo e o inglês não pontuar, também. Considerando o ponto extra da melhor volta, as combinações se multiplicam e estou com preguiça de fazer essas contas.

Hamilton x Verstappen: duelo épico

GOSTAMOS & NÃO GOSTAMOS

GOSTAMOS do sexto lugar de Lance Stroll, sua melhor posição numa temporada especialmente ruim dele e da Aston Martin, a ex-Force India/Racing Point etc. — de quem se esperava tanto depois da ótima campanha do ano passado. O canadense largou em 12º e fez uma corrida muito bonita. Daí o sorriso ao final.

NÃO GOSTAMOS de Pierre Gasly e da AlphaTauri, que até agora não entendeu como, tendo dois pilotos entre os dez primeiros no grid, chegou fora dos pontos. Pior: o francês largou na primeira fila graças às punições para Verstappen e Bottas. Sumiu na corrida.