Blog do Flavio Gomes
F-1

EM DILMUM (2)

SÃO PAULO (diferentinho) – Charles Leclerc fez a pole para o GP do Bahrein, desbancando o favoritismo de Max Verstappen na abertura do Mundial de F-1 de 2022. Mas não dá para dizer que foi uma surpresa do tamanho das reservas de petróleo do Golfo Pérsico. A Ferrari foi a equipe que realizou a pré-temporada […]

Pole para Leclerc: Ferrari confirma boa fase

SÃO PAULO (diferentinho) – Charles Leclerc fez a pole para o GP do Bahrein, desbancando o favoritismo de Max Verstappen na abertura do Mundial de F-1 de 2022. Mas não dá para dizer que foi uma surpresa do tamanho das reservas de petróleo do Golfo Pérsico. A Ferrari foi a equipe que realizou a pré-temporada mais consistente desde o primeiro dia de treinos na Espanha. Bons resultados eram esperados para o começo do campeonato. E o menino Charles, nascido e criado nas comunidades mais simples do Principado, subindo e descendo o morro na infância, espevitado e saltitante, é reconhecidamente rápido em classificações. Foi a décima pole de sua carreira.

Max larga em segundo, com Ferrari e Red Bull repetindo a segunda fila com Sainz e Pérez em terceiro e quarto. Hamilton? Quinto. Russell? Apenas nono. Surpresas? Bottas em sexto e Magnussen em sétimo. Uma boa embaralhada para começar um ano de regulamento novo, carros diferentes e, felizmente, alguma dificuldade para fazer prognósticos com ares definitivos.

Russell na Mercedes #63: equipe tem início complicado

O dia começou no deserto de Sakhir com a FIA divulgando o relatório final sobre o GP de Abu Dhabi do ano passado cuja conclusão, resumidamente, foi: Michael Masi, o ex-diretor de prova, cometeu “erros humanos” ao determinar os procedimentos de relargada no final da corrida, mas o resultado é “válido e imutável”. Exatamente o que escrevi na época: Masi só fez cagada, mas podia fazer tudo que fez — tanto que fez e o resultado foi validado. Desrespeitou regras claras se valendo da tortuosidade do regulamento. Tirou o título de Hamilton. Perdeu o emprego. A Mercedes protestou, depois retirou o protesto, agora engole o choro. Não há mais o que fazer.

E voltemos à pista barenita.

A classificação começou com o sol se pondo no horizonte e a agradável e civilizada temperatura de 19°C no deserto de Sakhir. Foi interessante o Q1 porque Verstappen notou que poderia ter alguma resistência nos embalos do sábado à noite no Oriente Médio, quando a Ferrari fez 1-2 com Leclerc e Sainz. Alfa Romeo e Haas seguiram surpreendendo com suas duplas entre os dez primeiros durante boa parte da sessão. Hamilton foi dar o ar da graça a cinco minutos do final, com um quinto lugar. Atrás dos ferraristas. Atrás de Max. Atrás de… Bottas! E, pouco depois, atrás de Russell, também.

Albon: bom começo na Williams em 14º no grid

Na frente, Leclerc, Sainz e Verstappen ficaram com os três primeiros lugares. Depois vieram Bottas, Magnussen, Ocon, Gasly e Norris – uma salada geral. A Mercedes? Russell em nono e Hamilton, em décimo. Pérez, com o outro carro da Red Bull, foi o 11º.

Foram eliminados Tsunoda, Hülkenberg, Ricciardo, Stroll e Latifi. Notem: quatro motores Mercedes de Aston Martin, McLaren e Williams. E seriam cinco se Albon não tivesse se desdobrado para passar com o outro carro da Williams – contou com a péssima volta do japonês da AlphaTauri para se garantir e mereceu os aplausos da equipe em sua volta à F-1. O mais abalado com a degola foi Ricardão. Norris, seu companheiro, avançou com o oitavo tempo. Um resultado – lamento pelos fãs e admiradores do sorridente australiano – inadmissível.

Max fez 1min30s757 em sua primeira tentativa no Q2, o primeiro a entrar na casa dos 30. Não confie em ninguém com mais de 30, já dizia Marcos Valle. Lewis cantarolava algo parecido para seu carro a dois minutos do final, com um tempo mais de 0s7 pior que o do holandês. Mas melhorou e terminou em quinto a 0s291 da Red Bull. Passaram, pela ordem, Verstappen, Sainz, Leclerc (de novo a Ferrari saçaricando por ali…), Pérez, Hamilton, Russell, Magnussen, Alonso, Gasly e Bottas. Ficaram fora do Q3 Ocon, Schumaquinho, Norris, Albon e Zhou.

A McLaren, realmente… Mas deixemos os derrotados de lado e ergamos loas a K-Mag e VB77. Que beleza ver as duas equipes e os dois pilotos renascendo! Alonso também foi bem.

Steiner com Magnussen: alegria na Haas

Bem ou mal, Red Bull, Mercedes e Ferrari levaram suas duplas ao Q3. A Mercedes, aos trancos e barrancos. Era importante não tomar um tapa na cara muito dramático logo na primeira corrida do ano, sem conseguir avançar à parte final da classificação. Limitar os danos, como se diz. Buscar o máximo de pontos possíveis em condições de inferioridade em relação à concorrência. Vamos ouvir muito isso nas primeiras corridas da temporada.

Os tempos de Hamilton e Russell na primeira tentativa de volta rápida no Q3 foram horríveis, ambos na casa de 1min32s com pneus velhos. Sainz virou 1min30s687 e Leclerc ficou 0s044 atrás. Max veio na cola a 0s056. E começou a se preocupar de verdade com a possibilidade de perder a pole para um dos carros vermelhos, “os carros a ser batidos” na palavra de Christian Horner ontem.

Bottas: grande sexto lugar com a Alfa Romeo

Tinha motivos. Na segunda saída, Leclerc quebrou a banca com uma volta em 1min30s558. Verstappen foi 0s123 mais lento e, assim, o monegasco cravou a pole – a última fora no Azerbaijão no ano passado. Sainz ficou colado no holandês, em terceiro. Em quarto, Pérez a 0s363 da pole. Ferrari e Red Bull, assim, dividindo as duas primeiras filas. E a Mercedes? E o Lula? E o PT?

Hamilton foi o quinto, com um tempo 0s680 pior que o da pole de Charlinho. Bateu mais ou menos com o que ele tinha dito ontem sobre a diferença que os carros da Mercedes têm neste momento em relação às equipes que estão à sua frente no grid. E vai largar, vejam só, ao lado do ex-companheiro Bottas, que ficou em sexto – melhor grid da Alfa Romeo desde o sexto lugar de Raikkonen na Bélgica em 2019. Vão poder matar as saudades um do outro se olhando nos olhos com ternura enquanto a luz vermelha não se apaga. Fecharam os dez primeiros Magnussen, excepcional em sétimo, Alonso num ótimo oitavo, Russell e Gasly. A Haas não conseguia nada parecido desde o sétimo no grid de Grosjean no Brasil em 2019.

Ninguém parecia excessivamente eufórico ou decepcionado depois da classificação. Nem mesmo o pole Leclerc, que recebeu o resultado com naturalidade. Verstappen também achou tudo normal. “Não foi fantástico, mas não foi ruim”, falou. “Temos um bom carro para a corrida.” Na Mercedes, Jorginho admitiu que teve problemas na sua “out lap”, saindo para a volta rápida, e Toto Wolff comentou algo sobre não ter armazenado energia suficiente em suas baterias. “Realisticamente, estamos meio segundo atrás deles”, falou o chefe. Além do mais, a equipe só tinha um jogo de pneus macios novos para o Q3.

Para Hamilton, os problemas da equipe prateada neste começo de ano são “um pesadelo”. “Os caras da frente estão em outra liga”, falou, meio desanimado. Faltam potência e velocidade em reta. O time terá muito trabalho para buscar os líderes.

Grid no Bahrein: primeiro da temporada tem algumas surpresas

Eis aí em cima o grid todo colorido da prova que abre o Mundial. A corrida amanhã começa às 12h de Brasília. Sigo apostando em Verstappen. Vocês? Vão dizendo aí nos comentários.

Às 19h estaremos no YouTube com nosso tradicional “Fórmula Gomes”. Agora vou para o Canindé ver a Lusa.