Blog do Flavio Gomes
F-1

SOBRE ONTEM À TARDE

IMAGEM DA CORRIDA SÃO PAULO (vai ser pauleira) – A Ferrari caprichou nas fotos pós-GP do Bahrein. Todas com uns filtros fashion, aqueles que no Instagram fazem a gente ficar bonito. Relutei um pouco em escolher a melhor de todas, porque no fundo queria colocar alguma da Haas como a “Imagem da corrida”, que sempre […]

IMAGEM DA CORRIDA

Leclerc estaciona em P1: parece um quadro

SÃO PAULO (vai ser pauleira) – A Ferrari caprichou nas fotos pós-GP do Bahrein. Todas com uns filtros fashion, aqueles que no Instagram fazem a gente ficar bonito. Relutei um pouco em escolher a melhor de todas, porque no fundo queria colocar alguma da Haas como a “Imagem da corrida”, que sempre abre nosso rescaldão — agora até com aquela tarja lá no alto, adoro esses recursos toscos, os únicos que sei usar. Mas usei a melhor ontem, do Günther Steiner comemorando com a equipe o magnífico quinto lugar de K-Mag, esta lenda viva do automobilismo.

Fiquemos então com Leclerc estacionando o carro após o primeiro hat-trick de sua carreira — pole, vitória e melhor volta no mesmo GP. Só para vossa informação, o recordista em hat-tricks na F-1 se chama Michael Schumacher, com 22. Lewis Hamilton é o segundo nas estatísticas com 19. Da turma em atividade, quem chega mais perto disso é Sebastian Vettel, com oito.

Binotto: “E não é que conseguimos?”

“Ferrari: fammi sognare!” deve ter sido o título de algum jornal hoje na Itália, se ainda existirem jornais na Itália. Lembro, anos atrás, que a cada vitória da equipe vermelha tal manchete era usada à exaustão. Nas páginas cor-de-rosa de “La Gazzetta dello Sport”, então, bastava um primeiro lugar num treino livre de sexta-feira para encher o pasquim de textos laudatórios e esperançosos. Isso, claro, antes de Schumacher levar seu primeiro título para Maranello, em 2000. Depois, o sonho virou carne de vaca.

Na minha divina coluna semanal no UOL, que vocês podem ler aqui, bato palmas à Ferrari mas faço um alerta: suas adversárias não são a Osella e a Rial. Mercedes e Red Bull não são de baixar a guarda tão fácil. Aliás, quem parece saber direitinho disso é Mattia Binotto. “Eles vão melhorar”, disse depois da corrida. Vão mesmo. Todos sabem disso. Mas enquanto não melhoram, meu caro Garibaldo (ele é a cara do Garibaldo da Vila Sésamo), aproveita.

A Ferrari marcou 44 pontos no Bahrein, o máximo possível numa corrida, com dobradinha e ponto extra da melhor volta — sem contar os finais de semana com Sprint, que distribuem mais pontos. Até hoje, desde a introdução desse pontinho maroto, só a Mercedes tinha cravado 44. Foram quatro vezes em 2019 e três em 2020. Falando em melhor volta, a de Leclerc foi cronometrada em 1min34s570. No ano passado, no Bahrein, a volta mais rápida de Valtteri Bottas, ainda na Mercedes, foi feita em 1min32s090. A diferença, de 2s480, mostra como os carros de 2022 estão mais lentos.

Já a Red Bull lambe suas feridas. Não saía de um GP zerada desde Ímola em 2020 — Verstappen abandono e Albon terminou em 15º. Oficialmente, e não há muitos motivos para duvidar, o problema nos dois carros foi de alimentação de combustível. Mas a equipe nega de pés juntos que tenha errado no cálculo da gasolina. Pane seca não!

Lewis e George: abraço dos novos companheiros

O NÚMERO DO BAHREIN

16

…temporadas seguidas com pódio em todas. Hamilton já garantiu o primeiro de 2022. Desde a estreia, em 2007, o inglês não deixou de ganhar troféus. Seus piores desempenhos foram em 2009, pela McLaren, e em 2013, já na Mercedes: cinco pódios em cada.

A Mercedes disse que usou o GP barenita como uma sessão de testes, já que não tinha carro para alcançar Ferrari e Red Bull e não era ameaçada pela turma de trás. Por isso experimentou todos os pneus possíveis nos carros de Hamilton e Russell, para tentar entender melhor as vicissitudes do esquisitão W13.

Andrew Shovlin, que comanda a parte técnica do time, falou que tem coisa que dá para resolver rápido e melhorar, mas que neste momento não há dúvidas de que as posições naturais da dupla são quinto e sexto em corridas sem excepcionalidades. “O problema maior é que se a gente levantar demais o carro para ele parar de bater no fundo, perde muito rendimento”, explicou.

Pebolim Wolff, o chefe de todos, disse que Lewis e George andaram com asa demais no Bahrein, que ainda falta peças de reposição — quem diria, hein? — e que no tocante ao motor, “não vamos deixar pedra sobre pedra” na análise da falta de potência verificada não só no #44 e no #63, mas em todos equipados com as unidades motrizes alemãs (o que não fazemos para não repetir “motor” na mesma frase…). De fato, quem usa Mercedes se deu muito mal na primeira corrida do ano. Foram 17 carros que terminaram a prova andando. Do 12º ao 17º, todos levavam sob o capô a estrela de três pontas: McLaren, Williams e Aston Martin, as clientes da fábrica de Stuttgart.

A FRASE DE SAKHIR

“A Ferrari voltou.”

Carlos Sainz

Todo mundo lembrou ontem que a Ferrari não fazia uma dobradinha desde o GP de Singapura de 2019, vencido por Vettel com Leclerc em segundo. Mas tem um detalhe aí: aquela foi também a última vitória da equipe italiana, que passou as temporadas de 2020 e 2021 em branco. Foram 45 GPs de jejum. Não muito longe da seca entre 1990 e 1994, que chegou a 58 corridas.

A McLaren foi a grande decepção do dia, com seus dois carros se arrastando no fundão no melhor estilo Minardi dos anos 90. Mas, pelo menos, a equipe papaia fez o melhor pit stop da corrida, em 2s31, numa das paradas de Ricciardo. Foi um festival de pit stops no Bahrein, com 58 visitas aos boxes e todo mundo tendo de parar três vezes. Schumacher e Gasly foram os únicos que fizeram apenas dois pit stops. Os novos pneus, montados em rodas de 18 polegadas, apresentaram uma degradação maior do que o esperado.

Campeonato de pit stops: McLaren lidera

GOSTAMOS & NÃO GOSTAMOS

GOSTAMOS muito da Alfa Romeo, tanto com o estreante Zhou em décimo quanto com Bottas em sexto. O chinês era o mais emocionado do paddock barenita. As imagens dele chegando aos boxes, chorando, comoveram as redes sociais.

NÃO GOSTAMOS nada da McLaren, que deixou boa impressão no início da pré-temporada, ainda na Espanha, mas depois mergulhou no caos. Ricciardo não participou dos testes do Bahrein, com Covid, o carro teve vários problemas de freios nos treinos, não andou nada no fim de semana e terminou com o australiano em 14º e seu companheiro Norris em 15º. Um vexame.

Ricciardo se arrasta: equipe foi uma decepção