Blog do Flavio Gomes
F-1

SOBRE ONTEM À TARDE

IMAGEM DA CORRIDA SÃO PAULO (geniozinhos) – Tem foto melhor do GP da Arábia Saudita, sem dúvida. Aliás, já aviso que vou postar aí embaixo para vocês não ficarem órfãos das boas fotos. Os abraços calorosos entre Verstappen e Leclerc, mostrando o respeito que os dois demonstram um pelo outro, estão entre as imagens mais… […]

IMAGEM DA CORRIDA

O duelo no fim: será visto muitas vezes

SÃO PAULO (geniozinhos) – Tem foto melhor do GP da Arábia Saudita, sem dúvida. Aliás, já aviso que vou postar aí embaixo para vocês não ficarem órfãos das boas fotos. Os abraços calorosos entre Verstappen e Leclerc, mostrando o respeito que os dois demonstram um pelo outro, estão entre as imagens mais… poéticas, digamos. Tem uma outra do carro fotografado de cima que também achei muito bonita. A chegada, meio segundo entre um e outro — está no post de ontem –, idem.

Mas esta refrega entre Max e Charlinho antes da linha do DRS no fim da prova possui um significado mais perene. Porque esses abraços aí, não sei quanto tempo vão durar. É da natureza da F-1, e dos pilotos, uma certa animosidade na medida em que a disputa vai se acirrando. Até Vettel e Hamilton já se estranharam em passado recente, vocês se lembram. E são dois gentis homens. Lewis e Rosberg, amigos de infância, tornaram-se quase inimigos. É assim.

Digo perene sobre a foto acima porque acho que isso, sim, vamos ver muito nessa temporada. Disputas muito próximas, um jogo de xadrez no uso da asa móvel, essas coisas que conferem emoção extra às corridas quando elas são decididas aos 45 do segundo tempo. Foram duas até agora. Em ambas a briga pela vitória foi igual. Desta vez, deu Max.

E a Mercedes?, perguntarão as viúvas das Flechas de Prata. Bem, a Mercedes está se mexendo. Circulam pela imprensa europeia informações que contêm até um cronograma da equipe para tentar consertar o W13, um carro muito problemático que vem tirando o sono da dupla de pilotos e de todos os integrantes do time. Seria ele: novo assoalho na Austrália; novo pacote aerodinâmico em Ímola; carro totalmente revisado e mais leve em Barcelona, 1s5 mais rápido por volta do que a carroça atual.

Se isso acontecer, e considerando que Ferrari e Red Bull também têm atualizações previstas, pode ser que lá pela sexta etapa do Mundial a Mercedes comece a andar junto das rivais. Mas esse cálculo de 1s5 por volta é, óbvio, um chute. E dos mais otimistas. Até lá, os alemães esperam que as rivais dividam pontos e ninguém dispare no campeonato. Para entrar na briga com alguma chance, ainda. Isso se entrar, mesmo. Porque, até agora, o que temos são números. Como estes abaixo.

O NÚMERO DE JEDÁ

38

…pontos tem a Mercedes nas duas primeiras etapas do Mundial, seu pior início de temporada desde 2013. Naquele ano, o primeiro de Hamilton na equipe, foram 37. A partir de 2014, início da era híbrida na F-1, foram, pela ordem: 68, 76, 83, 66, 55, 87, 80 e 60.

Hamilton em décimo: posição que lhe é estranha

Quando terminou a corrida de Jedá, Hamilton perguntou a Bono Vox, seu engenheiro, se chegar em décimo dava alguma coisa no campeonato. Sei lá, uma paçoca e um guaraná caçulinha, uma medalha de honra ao mérito, um certificado de participação, alguma coisa assim. Porque décimo foi um resultado que ele obteve só duas vezes até ontem: na França, em 2008, e na Coreia do Sul, em 2012. Em 2008, o décimo nem marcava ponto.

Os 16 pontos que Lewis marcou em duas etapas também são seu pior início de temporada em muito tempo. Desde 2010, quando o atual sistema de pontuação foi implementado, ele nunca tinha começado tão mal. Seu pior ano até agora era o de 2011, com 22 pontos em dois GPs. Na época, defendia a McLaren. Em 2013, seu primeiro campeonato pela Mercedes, fez 25 nas duas primeiras corridas.

A única notícia boa para o inglês depois do GP saudita foi saber que já estava na hora de ir embora. Mesmo não tendo falado nada sobre o assunto — ou todos os assuntos ligados a essa corrida –, Lewis mostrou que estava desconfortável no país. “Só quero ir para casa”, disse, aliviado, após o encerramento das atividades em Jedá.

ARÁBIA SAUDITA BY MASILI

A charge de nosso cartunista oficial Marcelo Masili ficou lindona. O cara foi numa pegada mais artística hoje. Isso aí dá pôster. Pelo que entendi (sou meio tosco em interpretações, às vezes), Masili imagina que o adversário mais em conta para Verstappen neste ano é Leclerc. A ausência de Hamilton na briga seria um alívio. Será que é isso? Sei lá, mas que ficou bonito, ficou!

Estou sentindo falta das nossas notas policromáticas. É que o que faltou dizer ontem não tem tanta importância assim. OK, o abandono de Bottas. O choque entre Albon e Stroll. O bom resultado de Norris. OK, vamos às notinhas policromáticas. Mas serão breves.

PUNIDO – Alexander Albon recebeu um punição por ter causado um toque com Lance Stroll lá na turma do fundão. Peder três posições no grid em Melbourne. Não muda a cotação do baht, mas está registrado.

FERVEU – Valtteri Bottas fazia uma corrida honestíssima ontem, com chance de chegar em sexto ou sétimo, quando abandonou já na fase final da prova, na volta 37. Tinha acabado de entrar nos boxes. O ponteiro da temperatura subiu. Sei como é isso. Desliga, se não funde o motor. E cuidado ao abrir a tampa do radiador. Recomenda-se embrulhar a mão com um pano grosso.

Max: igual a Raikkonen

COMO KIMI – Em Jedá, Verstappen chegou a 21 vitórias na carreira e empatou com Kimi Raikkonen nas estatísticas. E deixou para trás outro finlandês, Mika Hakkinen. É o 15º no ranking de vencedores da F-1. Max já ganhou corridas em 15 circuitos diferentes.

DOEU – Pierre Gasly terminou em oitavo. Segundo a equipe, urrando de sofrimento. O francês disse que nas últimas 15 voltas começou a sentir uma dor insuportável no intestino. Não sei o que andou comendo. Mas pelo menos chegou ao fim e fez seus primeiros pontinhos. Para a AlphaTauri, um consolo. Tsunoda nem largou.

McLaren rápida: pelo menos nos boxes

RAPIDINHA – A McLaren voltou a fazer o melhor pit stop da corrida: 2s41 no carro de Ricciardo. No Bahrein, o time também ficou em primeiro no ranking. Será que alguém vai conseguir trocar os quatro pneus neste ano em menos de 2s? Na pista, o time conseguiu um sétimo lugar interessante com Norris. Daniel quebrou.

A FRASE DE JEDÁ

“Estamos ajudando a modernizar este país”

Stefano Domenicali, CEO da Liberty

Para justificar o injustificável, fala-se qualquer coisa. O chefe da F-1, ex-diretor da Ferrari, mandou essa aí em cima. Disse que a Arábia Saudita está se esforçando, as mulheres podem até dirigir, vejam só!, e parece que não apedrejam mais ninguém na rua.

GOSTAMOS & NÃO GOSTAMOS

GOSTAMOS muito da briga entre Fernando Alonso e Esteban Ocon. A Alpine jura de pés juntos que vai liberar sempre os dois para disputarem o que for desde, claro, que um não tire o outro da corrida. “Foi como no kart”, falou o francês. “A melhor defesa é o ataque.” Já o espanhol achou que perdeu um pouco de tempo na peleja, mas tudo bem. “Nosso maior adversário era o Bottas”, disse. Alonso quebrou no fim. Ocon terminou num ótimo sexto lugar. Foi a última prova com os carros da Alpine pintados de rosa. Na Austrália, eles voltam a ser azuis.

NÃO GOSTAMOS da passividade de Sergio Pérez depois do primeiro pit stop. OK, o mexicano deu um azar desgraçado de parar justo na hora em que Latifi deu no muro. Era o líder. Os demais aproveitaram o safety-car e não perderam o tempo que Checo perdeu. Por isso ele voltou em quarto. Mas poderia ter atacado Sainz, não? Brigar por um pódio, buscar um prêmio de consolo. “Para ganhar uma corrida precisa ter sorte também”, disse ele ao final da prova. Terminou em quarto, mesmo, chorando pelos cantos.

Pérez desolado: azar no pit stop