Blog do Flavio Gomes
F-1

N’EMILIA (2)

SÃO PAULO (alalaô) – Foi muito boa a Sprint de hoje em Ímola, que definiu o grid para o GP da Emilia-Romagna de amanhã e, mais do que isso, mostrou uma Red Bull capaz de desafiar a favorita Ferrari com chances de vencer. Tanto que venceu. Max Verstappen, que fez a pole ontem numa classificação […]

Max passa Charlinho: decisão no final da Sprint

SÃO PAULO (alalaô) – Foi muito boa a Sprint de hoje em Ímola, que definiu o grid para o GP da Emilia-Romagna de amanhã e, mais do que isso, mostrou uma Red Bull capaz de desafiar a favorita Ferrari com chances de vencer. Tanto que venceu. Max Verstappen, que fez a pole ontem numa classificação picotada por cinco bandeiras vermelhas, ganhou a minicorrida com uma ultrapassagem sobre Charles Leclerc na penúltima volta, jogando um balde de energético gelado na torcida italiana que encheu o autódromo Enzo & Dino Ferrari.

Max não largou bem e perdeu a ponta para Leclerc nos primeiros metros. Com segurança, Charlinho se manteve na liderança e levantou os tifosi com suas bandeiras vermelhas espalhadas pelas arquibancadas. Para animar ainda mais a turba, Carlos Sainz, décimo no grid depois de uma batida patética ontem, recuperou-se bem, fez várias ultrapassagens e escalou o pelotão até a quarta posição.

Tudo caminhava para uma festa ferrarista quando o pneu dianteiro direito de Leclerc começou a granular um pouco e ele perdeu rendimento. Em carros tão sensíveis como são os F-1 atuais, a queda de desempenho nessa situação é fatal. Na Sprint não dá tempo de trocar pneu. O negócio é se segurar do jeito que der. E assim Max, que ficou o tempo todo a cerca de 1s5 do monegasco, encostou na volta 17 — eram 21 –, diminuiu a diferença para menos de 1s, pôde usar a asa móvel e, na abertura da 20ª, passou sem grandes dificuldades.

Medalha no peito: Alesi entrega prêmio a Verstappen

Leclerc chegou em segundo e Sergio Pérez, com o outro carro da Red Bull, terminou em terceiro. Como Sainz, o mexicano se recuperou da má classificação de ontem e levou uma medalhinha para casa, entregue por Jean Alesi — que está a cara de don Corleone — num pequeno pódio montado pela patrocinadora da Sprint, um aplicativo que negocia criptomoedas. É bom lembrar que os resultados da Sprint não contam para as estatísticas oficiais da F-1. Assim, Max não acrescenta uma vitória ao seu currículo e nenhum dos três adiciona um pódio à folha corrida.

Neste ano, o vencedor da Sprint leva oito pontos, o que pode ter algum peso na classificação final do campeonato. No ano passado eram três para o primeiro colocado, dois para o segundo e um para o terceiro. Agora, os oito primeiros pontuam. Mas o resultado de hoje não fará muita diferença na luta pelo título que, todos sabem, ficará entre Leclerc e Verstappen. Max marcou oito e Charlinho, sete. A distância entre eles, que era de 46 pontos, caiu para 45. Mais duas Sprints estão agendadas para esta temporada, na Áustria e no Brasil.

Max se ressente de dois abandonos nas três primeiros corridas do ano. Em ambas, no Bahrein e na Austrália, estava em segundo lugar. Poderia ter 36 pontos a mais agora. O placar, no entanto, aponta 78 para Leclerc e 33 para o holandês, quinto colocado na classificação. O novo vice-líder é Sainz, que com o quarto lugar na Sprint foi a 38, deixando George Russell, com 37, para trás.

Mercedes sem pontos: andando para trás

A Mercedes de Russell e Hamilton merece algumas considerações depois da Sprint deste sábado. Lewis chegou em 14º. George foi o 11º. O heptacampeão recebeu a bandeirada 41s4 depois de Verstappen. Em 21 voltas. A conta é fácil: tomou 2s por volta. OK, estava no tráfego, no meio do pelotão, perde-se tempo, mas mesmo assim…

Hamilton, depois da prova, foi muito sincero. “Não estamos lutando pelo campeonato. Estamos lutando para entender o carro e melhorar ao longo do ano. É o que podemos fazer agora. Esta equipe já passou por momentos ruins. Em 2013, por exemplo. Depois conseguimos nos recuperar e tivemos grandes anos. Não acertamos neste ano. Mas estão todos trabalhando muito duro para melhorar”, disse. Toto Wolff concordou: “Eu não seria realista se dissesse que temos chances de brigar na frente nesta temporada.”

E agora vamos às nossas caixinhas coloridas.

GURU & APRENDIZ – Mick Schumacher e Sebastian Vettel tiverem um bom duelo na Sprint. O jovenzinho da Haas, que largou com pneus médios, acabou se saindo melhor. Terminou em décimo, duas posições à frente da que tinha no grid. Já o veterano da Aston Martin, que estava com pneus macios, atribuiu a eles a perda de desempenho no fim. Largou em nono e chegou em 13º. “Fiquem sem pneus e só por isso ele me passou”, brincou. Mick devolveu: “Eu não estava forçando muito”. Aí, levou a lição do sorridente Sebastian: “Pois deveria. Se tivesse me passado antes, teria chegado no Alonso também”.

Mick & Vettel: camaradagem

PERDAS & GANHOS – O resultado da Sprint deu uma boa mexida no grid definido ontem. Dos 20 pilotos, 14 vão largar em posições diferentes das obtidas na classificação. Verstappen (P1), Leclerc (P2), Ricciardo (P6), Russell (P11), Stroll (P15) e Gasly (P17) ficam onde estavam. Os que mais lucraram foram Sainz (que ganhou seis posições), Pérez e Tsunoda (quatro cada). Os que mais perderam, Zhou (que bateu na primeira volta em Gasly e abandonou, caindo de 14º para 20º amanhã), Magnussen, Alonso e Vettel (despencaram quatro posições no grid cada). No total, sete melhoraram suas posições e outros sete pioraram.

Resultado da Sprint: só um abandono, de Zhou

ERRO DE CÁLCULO – Magnussen talvez seja quem mais tenha lamentado a queda. Quarto no grid, melhor posição de largada da história da Haas, o dinamarquês optou por largar de pneus médios, assim como seu companheiro Schumaquinho e o lerdo Latifi, da Williams. Todos os demais foram para a corrida com pneus macios. “A gente achava que a degradação dos macios seria mais rápida e assim teríamos alguma vantagem”, falou K-Mag. “Não funcionou.” Na oitava volta Magnussen começou a perder posições. Pelo menos conseguiu terminar em oitavo, marcando um pontinho.

BATIDA – Para os registros: a Sprint teve um safety-car entre as voltas 1 e 4 depois da batida de Zhou, da Alfa Romeo. Na Rivazza ele tocou em Gasly, que quebrou a roda. Seu carro rodou e foi parar na barreira de pneus. Ficou bastante danificado. A equipe já tinha tido muito trabalho pela manhã, tendo praticamente de reconstruir o carro de Bottas — que tivera um problema de escapamento que ameaçava torrar toda a parte elétrica da unidade de potência. Valtteri nem andou no último treino livre. Acabou fazendo ótima corrida e terminou em sétimo. Foi recebido no motorhome da equipe sob aplausos.

Bottas: aplausos da Alfa Romeo

Há possibilidade de chuva amanhã, se não no horário da corrida, até pouco antes da largada. Certeza é que será um domingo de tempo instável na região de Ímola. Tem muita gente torcendo por isso. Acho que a Ferrari, com Leclerc, é favorita nas duas situações, de pista molhada ou seca. Mas não muito. Como disse lá em cima, a Red Bull mostrou que tem um carro rápido o bastante para bater de frente com o time italiano.

A escolha de pneus para o GP será interessante de observar e pode decidir a prova. Vai ter gente largando com médios e gente com duros. A ideia é fazer apenas uma parada. Mas tudo depende do clima. Macios para o começo da corrida? Pode ser também, ajudam na largada. A Sprint deu uma noção de quanto eles resistem em condições aceitáveis de performance — umas 15 voltas, se tanto. É bom lembrar que na minicorrida o peso do carro é menor, por conta do combustível. Começar a prova com pneus macios e tanque cheio talvez não seja uma boa ideia, mas pode ser que alguém arrisque.

Hoje às 19h a gente discute tudo isso no “Fórmula Gomes”, apareçam! Enquanto isso, vejam mais algumas fotos do sábado, clicando em cima delas para que abram em tamanho família. (Alguém lembra o que era “tamanho família”?)