Blog do Flavio Gomes
F-1

PARQUE DO ALBERTO (3)

SÃO PAULO (madruga braba!) – Charles Leclerc larga na pole em Melbourne e me parece o grande favorito à vitória amanhã. O monegasco fez uma volta muito boa em 1min17s868 no Q3, colocando 0s286 sobre Max Verstappen, o segundo no grid para o GP da Austrália. O holandês disse que não se sente confortável no […]

Leclerc entre os dois pilotos da Red Bull: pole com autoridade

SÃO PAULO (madruga braba!) – Charles Leclerc larga na pole em Melbourne e me parece o grande favorito à vitória amanhã. O monegasco fez uma volta muito boa em 1min17s868 no Q3, colocando 0s286 sobre Max Verstappen, o segundo no grid para o GP da Austrália. O holandês disse que não se sente confortável no carro, que o fim de semana está sendo uma droga, que não consegue dar uma volta decente e, na real, está assustado com a Ferrari.

Foi a segunda pole de Charlinho no ano, 11ª na carreira. Sergio Pérez colocou o segundo carro da Red Bull em terceiro no grid, com Lando Norris, da McLaren, em quarto — a surpresa do dia. Fecharam os dez primeiros, pela ordem, Lewis Hamilton — tirando leite de pedra de um carro medonho –, George Russell, Daniel Ricciardo, Esteban Ocon, Carlos Sainz e Fernando Alonso.

Canadá x Canadá: Stroll e Latifi batem e param a classificação

A sessão de classificação no Albert Park não foi das mais tranquilas, com duas interrupções por acidentes. No Q1, Latifi e Stroll bateram violentamente quando o canadense da Williams foi fazer uma ultrapassagem e o conterrâneo da Aston Martin não viu. Considerado culpado, Stroll foi punido com a perda de três posições no grid, o que não fará muita diferença — larga no fundo do pelotão, de qualquer forma. No Q3, foi Alonso que teve uma pane hidráulica, não conseguiu reduzir as marchas e foi parar na barreira de pneus. O espanhol vinha muito bem para buscar um lugar pelo menos nas duas primeiras filas. Ficou pelo caminho com um gosto amargo na boca.

O dia começou em Melbourne com a decisão da direção de prova de cortar um dos quatro trechos de acionamento da asa móvel, considerado perigoso pelos próprios pilotos porque ali os carros estão saltando demais pelo efeito “porpoising”. O terceiro treino livre, no começo da madrugada pelo horário brasileiro, foi marcado por outro acidente, de Vettel, que já não tinha conseguido andar direito ontem porque seu carro quebrou. Stroll também bateu. Nunca os mecânicos da Aston Martin trabalharam tanto. Norris fechou a sessão em primeiro, seguido por Leclerc, Pérez, Alonso e Sainz nas cinco primeiras posições.

Vettel só conseguiu sair para uma volta no Q1 por conta do acidente entre Stroll e Latifi, que motivou a primeira bandeira vermelha da classificação. A paralisação deu tempo ao time de concluir a montagem de seu carro. Não adiantou muito. O alemão terminou em 18º e foi eliminado do restante da classificação. Também ficaram fora Albon e Magnussen, além da dupla canadense com seus carros arrebentados. Verstappen fechou o Q1 na primeira posição. Albon ainda foi desclassificado porque acabou a gasolina de seu carro na volta aos boxes. Como Stroll, será deslocado para a rabeira do grid.

Bottas eliminado no Q2: desde 2016 isso não acontecia

O Q2 teve Pérez na frente, com a Red Bull dando a impressão de que entraria firme na briga pela pole. A Ferrari, até ali, estava só na miúda, esperando pelo momento certo de acelerar. Foram degolados Gasly, Bottas, Tsunoda, Zhou e Schumacher. Nada muito fora do script, mas uma ligeira decepção para o finlandês da Alfa Romeo, que desde o GP de Abu Dhabi de 2016, quando ainda corria pela Williams, não ficava fora de um Q3. Nos seus cinco anos de Mercedes, Valtteri nunca deixou de avançar à fase final da classificação. Foram 103 corridas direto.

Verstappen e Pérez começaram bem o Q3, com tempos interessantes. Mas Leclerc, em sua primeira tentativa, apresentou as garras ferraristas: 1min18s239, superando os dois. Foi quando Alonso bateu, faltando 6min58s para o fim da sessão.

Alonso bate no fim: pane hidráulica

Assim que a pista foi liberada, o campeão mundial melhorou um pouco seu tempo e fez 1min18s154. Sainz, cuja primeira volta rápida tinha sido perdida por causa da bandeira vermelha causada pela batida do espanhol, não conseguiu grande coisa em sua única tentativa válida, não aqueceu direito os pneus e ficou mais de 1s atrás. “Foi um desastre”, resumiu o piloto. “Tudo que podia dar errado para mim hoje, deu.”

Então veio Leclerc para colocar ordem na casa e cravar a pole. “Foi uma volta muito boa e estou feliz porque esta é uma pista onde eu não me sentia muito bem antigamente”, disse o piloto. “Para dizer a verdade, estou até um pouco surpreso com nosso ritmo.”

Charlinho na entrevista depois da pole: favorito amanhã

O grid acabou não apresentando grandes surpresas, exceção feita ao bom quarto lugar de Norris — a McLaren começou a temporada meio apagada e ensaia uma reação. A Mercedes, terceira força do campeonato, ficou com a terceira fila com tempos muito distantes da pole — Hamilton a 0s957 e Russel a 1s065. “Esses carros são os piores que já guiei na F-1, de tanto que salta nas retas. A gente nunca sabe como vai entrar numa curva. Parece uma cobra cascavel”, disse Lewis. Talvez quem mais tenha a lamentar seja a Alpine, que em Melbourne vinha andando na frente da equipe prateada e terminou o dia com Ocon atrás e Alonso com o carro todo estropiado. “Eu podia lutar pela pole, estava sendo meu melhor fim de semana em muitos anos”, lamentou Fernandinho.

O GP da Austrália começa às 2h do domingo, pelo horário de Brasília. Mas bem antes, às 19h, a gente passa pelo YouTube para falar da classificação e, como se diz, projetar a corrida da madrugada. Apareçam!