SÃO PAULO (amanhã vai ser outro dia) – A Ferrari saiu na frente no primeiro dia de treinos em Barcelona, Leclerc enfiou 0s336 em Verstappen, quinto colocado, mas que ninguém imagine um massacre no GP da Espanha. Foi só treino livre, primeiro; não se comemora primeiro lugar em treino livre. E os pneus nos carros vermelhos estão se desmilinguindo no calor catalão, segundo; este será o problemão ferrarista no fim de semana.
Surpresa ao final do dia foram o segundo e o terceiro lugares de Russell e Hamilton, da Mercedes de assoalho novo. Jorginho ficou a 0s117 de Leclerc. Comandante Amilton, a 0s204. Um bom sinal, sem dúvida. Mas não nos esqueçamos de que em Miami Russell fora o mais rápido da sexta. E no sábado perdeu o rumo.
Parece que em Barcelona vai ser diferente, a melhora é mais, digamos, sólida, mas os eventos da Flórida foram lembrados pelo piloto hoje. George prefere não soltar rojões antes do tempo. O que deixou a turma prateada animada foi perceber que o “porpoising” nas retas acabou — ótima notícia para os mercêdicos, já que vinha sendo seu maior problema no ano. Nas curvas rápidas, porém, ainda salta mais do que o desejável. “O carro reage de um jeito totalmente diferente em todas as situações”, falou.
Mas está melhor. Isso está.
Já a Red Bull pode não ter comovido ninguém no cronômetro, mas fechou a sexta com aquele sorrisinho de canto de boca. Max deixou a impressão de que não andou tudo que podia. “Nos ‘long runs’ estamos bem”, disse Verstappen. “Falta uma coisinha aqui e outra ali, mas o mais importante será cuidar dos pneus.” “Eles estão incrivelmente fortes”, avaliou Russell.
Curioso é que os elogios foram em mão dupla. Christian Horner se mostrou impressionado com o desempenho da Mercedes. “Eu tenho dito desde o início do ano que era uma questão de tempo para resolverem seus problemas. Parece que estão conseguindo. Eles vão ser protagonistas neste campeonato em algum momento. Tiveram um grande dia hoje”, afirmou o chefe rubro-taurino.
Hamilton, pela primeira vez no ano, estava felizão. “Não somos os mais rápidos, mas melhoramos muito e estamos no caminho certo. Pela primeira vez no ano não fiquei quicando nas retas. A equipe merece muito, porque ninguém desistiu de trabalhar para melhorar o carro”, elogiou.
Alonso em quinto, Vettel em oitavo e Schumaquinho em décimo foram os demais destaques de um dia absolutamente comum em Barcelona. Abaixo, as notinhas policromáticas que são sempre uma atração á parte neste blog.
DE NOVO – Não foi a primeira vez no ano que Bottas ficou pelo caminho numa sexta-feira. Desta vez, com apenas 12 minutos da segunda sessão, o finlandês da Alfa Romeo teve de parar seu carro depois que uma fumaça perigosa passou a ser expelida de suas entranhas. “Acho que quebrou alguma coisa”, disse ele pelo rádio. Bidu. Estava num bom sexto lugar na tabela de tempos naquela hora. É muito provável que tenha de trocar componentes do motor. Como já estourou o limite de trocas de vários deles nesta temporada, punição à vista. Vai perder posições no grid.
FERVO – Todo mundo reclamou do calor em Miami há duas semanas, os três dias de atividade com temperaturas acima de 30°C, muita unidade, um inferno. Em Barcelona não está sendo muito diferente. Hoje, durante o segundo treino livre, os termômetros bateram na casa dos 31°C. No asfalto, 43°C. E pneus sofrendo muito, especialmente os da Ferrari — como já disse lá em cima, a equipe terá sérios problemas na corrida, podem anotar aí. É uma primavera quente na Catalunha, acima do normal. Como vem sendo o outono em boa parte do Brasil, também. Mas para o outro lado: um frio horroroso.
SUSPEITAS – A Red Bull fez uma queixa informal à FIA acusando a Aston Martin de copiar seu carro. A versão B do AMR22 de fato se parece com o RB18 (essa sopa de letrinhas é necessária para não repetir “carro” o tempo todo), mas a entidade disse que aparentemente não há nada de errado com o automóvel (“automóvel” como sinônimo de “carro” é aceitável em alguns casos, até engraçadinho, mas estilisticamente fica horrível na maioria das vezes), que já vem sendo chamado de Red Bull verde. Segundo a FIA, uma equipe se inspirar em outra para encontrar soluções aerodinâmicas é algo impossível de controlar. Desde que não haja tráfico de dados/informações/projetos, como naquele rumoroso caso envolvendo McLaren e Ferrari em 2007, tudo bem. A Red Bull está com a pulga atrás da orelha porque o final da temporada passada perdeu alguns técnicos para a Aston Martin. “Vamos fazer uma investigação interna”, prometeu Horner. Ele está seriamente desconfiado. Diz que a cópia não tem muita importância enquanto a Aston Martin estiver andando atrás da Red Bull, mas um eventual plágio mexe nas coisas no meio do pelotão. Onde está a filial AlphaTauri. “Gastamos milhões em projeto e desenvolvimento e não é justo que outros simplesmente copiem. Nossa preocupação é com a transferência de arquivos, com propriedade intelectual.”
RESERVAS – Só para registrar, já que quase ninguém acredita na permanência de Latifi na Williams no ano que vem, Nyck de Vries foi mais rápido que ele no primeiro treino livre. Mas não muito. O holandês ficou em 18º com 1min22s920 contra 1min23s011 do canadense, 19º. A diferença foi de 0s091. Como De Vries nunca tinha andado de Williams, claro que o resultado é bom. Mas insisto: neste ano, acho muito difícil qualquer substituição. O time está pensando é em 2023. Juri Vips, na Red Bull, e Robert Kubica, na Alfa Romeo, foram os outros não-titulares usados no primeiro treino livre. O estoniano ficou lá atrás, em último O polonês fez o de sempre: algumas voltas para pagar a conta do patrocinador.
Hoje às 19h tem “Fórmula Gomes” no nosso canal lá no YouTube. Vamos falar de tudo isso e muito mais. Apareçam!