Blog do Flavio Gomes
F-1

SOBRE DOMINGO À TARDE

A IMAGEM DA CORRIDA SÃO PAULO (melhorem) – Começamos o rescaldão de Miami já baixando o guatambu (nem pesquisem porque não vão achar nada; isso aí é dos tempos da “Mesa Redonda” da Gazeta, Zé Italiano, lembram?) no GP como um todo. O auge da cafonice, pau a pau com a marina fake, foi vestir […]

A IMAGEM DA CORRIDA

Sainz zoando o capacete de quarterback: cafonice americana

SÃO PAULO (melhorem) – Começamos o rescaldão de Miami já baixando o guatambu (nem pesquisem porque não vão achar nada; isso aí é dos tempos da “Mesa Redonda” da Gazeta, Zé Italiano, lembram?) no GP como um todo. O auge da cafonice, pau a pau com a marina fake, foi vestir os pilotos no pódio com capacetes de futebol americano. Ah, mas você gostou dos chapéus de caubói no Texas e da ushanka russa! Sim, mas não gostei dos capacetes. Posso?

Isso posto, vamos lá.

Pode ser que eu não tenha visto e esteja sendo injusto, mas houve alguma homenagem a Gilles Villeneuve? Os 40 anos de sua morte caíram exatamente no domingo. Ele merecia uma lembrança. Registro aqui meu protesto. Mas se fizeram alguma coisa, peço desculpas. Só que acho que não fizeram nada, mesmo.

O NÚMERO DE MIAMI

63

…pódios alcançou Max Verstappen, entrando para a lista dos dez maiores colecionadores de troféus da F-1. O ranking está aí embaixo.

Max foi ao pódio acompanhado dos dois pilotos da Ferrari, que fizeram corridas burocráticas depois que o holandês assumiu a ponta na nona volta. Leclerc esboçou um ataque no fim, depois do safety-car, mas nunca ameaçou de verdade. A velocidade de reta da Red Bull era alta e nem com a asa móvel o monegasco conseguiu alguma coisa.

Já Sainz teve de se defender de Pérez, que trocou os pneus quando a prova foi neutralizada. Mas o mexicano também não se esforçou muito. Estava meio cabreiro. Na 20ª volta, seu carro perdeu potência de repente e ele quase abandonou. A equipe identificou um problema num sensor de um cilindro. Conseguiu corrigir mandando o piloto apertar todos os botões possíveis. “Aquilo acabou com minha corrida”, disse Checo, que terminou em quarto.

MIAMI BY MASILI

Marcelo Masili, nosso cartunista oficial, faz a leitura deste momento do campeonato. Leclerc é líder. Mas atrás da porta já aparece, gigantesco, o cara que, nas últimas duas corridas, marcou 60 pontos contra 33 do piloto da Ferrari. A ultrapassagem parece inevitável. Melhor a Ferrari se mexer.

E Hamilton se queixando da equipe? Pintou um climão?

Mais ou menos. Ele ficou mais chateado do que irritado. Isso ficou claro quando disse, pelo rádio, que as estratégias não têm sorrido para ele neste ano. De fato, Lewis vem dando azar. Andou na frente de Russell o tempo todo. George, mal no grid, apenas 12º, fez o que dava para fazer nessa situação: largou de pneus duros, esticou o stint até onde deu e ficou esperando um safety-car para trocar pneus sem perder muito tempo.

Ele veio na volta 40. Quando voltou à pista, ainda atrás de Hamilton, tinha pneus novos. Acabou passando, claro. A diferença de performance para a borracha envelhecida do companheiro era gritante. E por que Lewis não parou também? A Mercedes hesitou. Foi perguntar a ele o que fazer. “Naquela hora você não tem noção de onde está e se vai perder posições se parar”, explicou o heptacampeão. “É a equipe que tem as informações todas, nesse momento quem tem de decidir alguma coisa são eles, não eu.”

Russell passa Hamilton: sorte de um, azar do outro

O resultado foi que George terminou em quinto e Hamilton, em sexto. “Somos a terceira força”, falou o chefe Toto Wolff. “Nesse sentido, conseguimos o melhor resultado possível.” Fato. À frente, as duplas de Ferrari e Red Bull.

Russell segue sendo o único piloto que terminou todas as provas do ano entre os cinco primeiros colocados. Ficou intrigado com o fim de semana. Primeiro colocado no segundo treino livre da sexta, 12º no grid, quinto na corrida. Uma montanha russa. “Sabemos que temos um carro rápido. Mas ainda precisamos achar a chavinha que vai fazer a gente usar todo esse potencial”, falou.

Quando acharem a chavinha, começarão a pensar em 2023. Porque 2022 já era.

A FRASE DE MIAMI

“Não podemos dizer que estamos decepcionados. Lideramos os dois campeonatos. Mas está claro que precisamos dar uma resposta imediata.”

Mattia Binotto
Leclerc e Sainz no pódio: sorrisos, mas equipe sabe que precisa reagir

Perguntaram ao chefe da Ferrari porque a equipe não chamou Leclerc para os boxes quando o safety-car foi acionado. Ele teria a chance de parar assim que Max passou pela entrada do pitlane. “Nós não tínhamos nenhum jogo de pneus macios ou médios novos. Todos usados. Naquela condição, achamos que os duros usados que Charles estava usando lhe dariam a mesma chance de atacar na relargada. Foi algo pensado”, explicou.

Pode até ser. Mas eu acho que se a Ferrari quiser bater Verstappen, terá de ser um pouco mais arrojada em suas decisões. Talvez, de fato, pneus médios ou macios usados não aguentassem o tranco até o fim. Mas poderiam possibilitar um ataque mais incisivo. Criar um fato, gerar tensão no adversário. Se Leclerc não incomodar Max, se se conformar com o segundo lugar sempre que for ultrapassado, podem entregar a taça ao holandês.

GOSTAMOS & NÃO GOSTAMOS

GOSTAMOS de dois pilotos em particular nessa prova, então vamos quebrar os protocolos — normalmente elegemos apenas um nesta seção. Alexander Albon, em nono, e Esteban Ocon, em oitavo, merecem todos os aplausos. O tailandês porque pontuou pela segunda vez no ano com a fraca Williams. Pintou o cabelo de vermelho como fizera na Austrália depois de visitar um orfanato em seu país (as crianças sugeriram). Deu sorte em Melbourne, de novo em Miami. Já o francês da Alpine largou dos boxes, estava todo dolorido pela batida no terceiro treino livre e foi buscar o resultado. Pontuou em quatro das cinco corridas do ano. Discretamente, vai-se tornando um dos bons nomes da temporada.

McLaren na rabeira: segunda prova zerada no ano

NÃO GOSTAMOS da apresentação pífia da McLaren, com Norris batendo em Gasly no final e Ricciardo se arrastando no fundão — terminou em 13º. A equipe, hoje chefiada por um americano, Zak Brown, levou mais de mil convidados a Miami. Todos se decepcionaram. Depois do pódio de Lando em Ímola, esperava-se muito mais. Foi fogo de palha. De volta à estaca zero.