Blog do Flavio Gomes
F-1

SOBRE ONTEM DE MANHÃ

IMAGEM DA CORRIDA SÃO PAULO (osso) – A foto não é boa, e as imagens do desespero de Leclerc já fora do carro é que ficarão para a posteridade como símbolo deste GP da França que praticamente colocou um ponto final no campeonato. Como já dito, repetido e repisado, só um milagre para que a […]

IMAGEM DA CORRIDA

Leclerc batido: fim do campeonato

SÃO PAULO (osso) – A foto não é boa, e as imagens do desespero de Leclerc já fora do carro é que ficarão para a posteridade como símbolo deste GP da França que praticamente colocou um ponto final no campeonato. Como já dito, repetido e repisado, só um milagre para que a Ferrari e o monegasco descontem, em dez corridas, os 63 pontos que Verstappen abriu de vantagem na classificação. Mas as melhores fotos eu já usei ontem. Então, o carro batido é o que sobrou. Mas tem força, também.

Há várias contas possíveis para justificar o uso de “milagre” para definir a tarefa ferrarista, já que os GPs distribuem muitos pontos atualmente e ainda teremos uma Sprint em Interlagos, além dos pontinhos extras das melhores voltas. Mas o Fábio Seixas já botou a calculadora para funcionar em sua coluna no UOL e chegou à conclusão matemática de que Max não precisa mais vencer em 2022 para ser campeão, ainda que Leclerc ganhe tudo, inclusive a Sprint brasileira. Acompanhem:

LECLERC, 170 pontos – Ganha as dez etapas restantes, fazendo mais 250, e a minicorrida de São Paulo, marcando mais oito: 170 + 250 + 8 = 428.

VERSTAPPEN, 233 pontos – Chega em segundo nas próximas dez corridas e soma 180, termina em segundo também na corridinha de Interlagos, fazendo mais sete, e conquista todos os pontos extras das melhores voltas dos GPs que ainda faltam, acumulando outros dez: 233 + 180 + 7 + 10 = 430

É só uma conta de chegada, para explicitar a desnecessidade de Verstappen voltar a vencer no ano, uma vez que a combinação acima — 11 vitórias de um, incluindo a Sprint, e 11 segundos lugares do outro com dez melhores voltas seguidas — é altamente improvável de acontecer. Existe apenas no campo das possibilidades estatísticas.

Mas permite afirmar: acabou.

A força da Red Bull: oito vitórias em 12 etapas

Cadê o Pérez na foto acima? Ninguém sabe, ninguém viu. O mexicano, quarto colocado, terminou o domingo contrariado por ter sido ultrapassado por Russell a quatro voltas do final. Perdeu um pódio de bobeira. A briga com o inglês foi dura e incluiu uma dividida de chicane que suscitou possível punição ao piloto da Red Bull. Ele cortou a pista e não percorreu o caminho determinado pela direção de prova naquele ponto para retornar ao leito carroçável do circuito. Não foi punido. Justificou o atalho: “Se eu não jogo o carro para fora, a gente batia e os dois teriam abandonado”. Os comissários concordaram e resolveram não fazer nada. Principalmente porque George acabou ganhando a posição logo depois.

Mas Pérez não foi perdoado pela própria equipe.

A FRASE DE PAUL RICARD

“Ele dormiu no ponto. Talvez tenha tomado muita tequila à noite.”

Helmut Marko
Pérez: criticado dentro da equipe

A favor do guru rubro-taurino destaque-se que a frase, como de hábito indelicada, foi dita em tom de brincadeira a jornalistas ingleses. De qualquer maneira, deixa claro como Checo não goza de prestígio inabalável no time. O que não quer dizer nada. Ele seguirá como coadjuvante numa equipe que tem um piloto quase perfeito, bom o bastante para conseguir aquilo que os austríacos desejam: vitórias e títulos. Quem tem alguém como Verstappen não precisa de muito mais.

Muita gente questionou a segunda parada de Carlos Sainz na volta 42, a 11 do final, quando já ocupava a terceira colocação. Por que não foi até o fim? A Ferrari explicou o óbvio. O espanhol largara com pneus duros e parou na 18ª volta, durante o safety-car causado pela batida de Leclerc. Teve de antecipar a parada que, pela estratégia inicial, seria realizada bem mais tarde. Mas não havia o que fazer. Com um pit lane gigantesco de 424 metros e, portanto, paradas muito demoradas, mais de 25s, não aproveitar um safety-car para fazer um pit stop de graça seria suicídio.

A segunda parada de Sainz: não havia muito o que fazer

Pensando assim, 14 pilotos correram para os boxes naquele momento. A diferença é que todos haviam largado de pneus médios e colocaram duros, que resistiriam até o fim. Carlos teve de colocar os médios, só que estes não aguentariam o tranco por tantas voltas. Por isso a segunda parada. Caiu para o nono lugar, mas tendo borracha nova para passar quem fosse possível até a bandeirada. E chegou em quinto. “Não somos idiotas”, defendeu-se o piloto, em nome da equipe.

FRANÇA BY MASILI

Na pena de nosso cartunista Marcelo Masili, o dilema de Leclerc

O que chamou muito a atenção nas hostes ferraristas depois da corrida foram as seguidas sessões de autoflagelo verbal de Leclerc. “Um erro desses é inaceitável”, “não mereço ser campeão” e “para quem tem de pilotar em alto nível, errar assim não tem cabimento” foram algumas das frases ditas por Charlinho aos microfones de emissoras de rádio e TV quando chegou ao paddock.

A dúvida sobre uma possível falha no acelerador já foi esclarecida. Não aconteceu. Quando ele disse “I have no throttle” pelo rádio, reportava ao time a inoperância do sistema ao engatar a ré para tentar sair da barreira de pneus. Nada a ver com uma repetição do problema de acelerador travado que quase tirou sua vitória no final do GP da Áustria. É que na batida o carro tinha entrado em modo de segurança e desligado sozinho um monte de coisas, minúcias eletrônicas que carecem de maior detalhamento. É assim que esses automóveis funcionam. Lembrem-se de Massa batendo na Hungria em 2009. Ele ficou desacordado com o motor funcionando em alta rotação. Desde então, dependendo da intensidade do choque, a bagaça se autodesliga, mesmo.

O NÚMERO DA FRANÇA

18.672

…voltas dentro de um carro de F-1 completou Fernando Alonso ontem — em corridas, descartando-se treinos e testes privados. É um recorde, superando as 18.621 percorridas por Kimi Raikkonen. O espanhol, que estreou no GP da Austrália de 2001 pela Minardi, já é o piloto com mais quilômetros rodados em provas e o de carreira mais longeva da história: 21 anos e quatro meses na lida, considerando o intervalo de tempo entre o primeiro e o último GP. Mas sempre é bom lembrar que ele ficou dois anos saracoteando por outras paragens, em 2019 e 2020, até voltar à categoria no ano passado.

GOSTAMOS & NÃO GOSTAMOS

Champanhe no George: primeira vez com Hamilton no pódio

GOSTAMOS do pódio duplo da Mercedes, o primeiro do ano, com Hamilton em segundo e Russell em terceiro. Portanto, a primeira vez que a dupla britânica dividiu o champanhe vestindo o mesmo uniforme, já que George faz sua temporada de estreia pelo time alemão — tinha disputado apenas um GP, em 2020, no lugar de Lewis, que estava com Covid. Não dá para negar a melhora da equipe. Nas últimas cinco corridas, foram 136 pontos marcados, contra 115 da Ferrari. A Red Bull anotou 161. A Mercedes é a única que pontuou em todas as etapas de 2022.

Norris, sétimo: equipe foi ultrapassada pela Alpine

NÃO GOSTAMOS da McLaren, que vem perdendo terreno na tabela depois de um início de temporada promissor (com Norris, é bom que se diga; Ricciardo tem sido uma nulidade). Nas últimas cinco provas, foram apenas 30 pontos, contra 53 da Alpine. Resultado: os franceses ultrapassaram o time papaia na classificação e agora ocupam a quarta posição entre os construtores, com 93 pontos. A McLaren tem 89. Em Paul Ricard, Lando ficou em sétimo e Daniel, em nono. Mas a Alpine fez um sexto (com Alonso) e um oitavo (com Ocon). Os quatro pontinhos de diferença vieram daí.