Blog do Flavio Gomes
F-1

SOBRE DOMINGO DE MANHÃ

A IMAGEM DA CORRIDA SÃO PAULO (dá tempo, ainda) – Aconteceu tanta coisa ontem e hoje na F-1 que a gente mal lembra do GP da Hungria. Mas nosso rescaldão nunca falha. Como imagem do domingo, fico com a desolação de Leclerc, que continua até agora sem entender por que a Ferrari colocou pneus duros […]

A IMAGEM DA CORRIDA

Leclerc arrasado: crise na Ferrari

SÃO PAULO (dá tempo, ainda) – Aconteceu tanta coisa ontem e hoje na F-1 que a gente mal lembra do GP da Hungria. Mas nosso rescaldão nunca falha. Como imagem do domingo, fico com a desolação de Leclerc, que continua até agora sem entender por que a Ferrari colocou pneus duros em seu carro no segundo pit stop. A equipe foi a grande derrotada do fim de semana. E virou motivo de chacota…

O gráfico abaixo mostra as posições de pista de cada um ao longo da movimentadíssima corrida magiar. Acompanhem as linhas de Leclerc. Notem como ele liderava numa posição quase confortável até a segunda parada. Depois, foi um desastre.

Volta a volta em Hungaroring: prova foi muito movimentada

HUNGRIA BY MASILI

Nosso cartunista oficial Marcelo Masili finalmente desvendou como a equipe italiana define suas estratégias de corrida. Genial.

“Foi problema mais de ritmo do que de estratégia”, defendeu-se o chefe Mattia Binotto. “A estratégia do Carlos foi a mesma que a do Hamilton e não funcionou. O carro é que não funcionou.” OK, é uma explicação. De fato, a Ferrari não andou bem, o frio dificultou o aquecimento de seus pneus, o favoritismo evaporou no asfalto gelado de Hungaroring num fim de semana em que só fez calor mesmo na sexta-feira. Depois, o caos: chuva no último treino livre, temperaturas baixas até o domingo.

Mas o que ninguém entende é a falta de confiança no seu principal piloto. Leclerc foi assertivo: “Eu disse que os pneus médios aguentavam mais, a gente não precisava parar naquela hora”, contou. “Não sei qual foi a lógica que eles seguiram.”

Até agora, nenhuma cabeça rolou em Maranello.

O NÚMERO DA HUNGRIA

10º

…lugar a posição no grid de Verstappen, que venceu a prova. De suas 28 vitórias, foi aquela em que largou mais atrás. Antes, sua pior posição de largada em corridas que venceu havia sido um quarto lugar. Isso aconteceu quatro vezes: na Espanha/2016, na Áustria/2018, no GP do 70º Aniversário em Silverstone/2020 e na Arábia Saudita/2022. Largar em décimo e vencer não é fácil em momento algum da história. Os últimos que conseguiram, antes de Verstappen: Ricciardo (Azerbaijão/2017), Gasly (Itália/2020) e Hamilton (Brasil/2021).

Max no pódio: nunca venceu largando tão atrás

Detalhe que passou despercebido em meio à festa do holandês: ele correu sério risco de não terminar a corrida, se não tivesse tido um problema no… sábado! Na última volta de classificação, Max perdeu potência e nem conseguiu fazer tempo — o que explica sua décima posição no grid. Christian Horner, o chefe da Red Bull, revelou que o motor de sábado, pelos cálculos da equipe, quebraria se rodasse mais 12 km. Por isso, componentes foram trocados de um dia para o outro — dentro do limite que evitasse punições.

Decisões rápidas e precisas foram a chave para a oitava vitória de Verstappen no ano. Uma delas, a de largar com pneus macios. A ideia inicial era ir de duros, estratégia clássica para quem larga a trás e estica o primeiro stint. Eram os macios que estavam calçados nos dois carros do time quando eles foram para o grid. Ambos disseram que a aderência era baixíssima. Se com os macios estava daquele jeito, com os duros seria uma tragédia. Mudaram tudo que haviam pensado e foram com os mais aderentes, mesmo.

Nem precisa dizer que acertaram na mosca.

A FRASE DE BUDAPESTE

“Se não fosse o problema da asa móvel no sábado, eu teria largado na primeira fila. E lutaria pela vitória. Nosso último stint foi muito especial.”

Lewis Hamilton
Hamilton com o pole Russell: Mercedes reagindo

Parece bem claro que a Mercedes já não é aquela coisa claudicante e complicada das primeiras corridas do ano. Hamilton foi o segundo colocado e Russell terminou em terceiro. George fez a pole, a primeira de sua carreira. Nas últimas seis etapas, os prateados somaram 170 pontos, contra 135 da Ferrari. Em pódios, 11 para os alemães, dez para os italianos. Lewis levou um troféu para casa nas últimas cinco provas.

Os números estão aí embaixo. Alguém duvida que os mercêdicos ultrapassarão os ferraristas na reta final do campeonato?

A Red Bull não precisa se preocupar com nenhuma das duas e vai para as últimas nove provas do Mundial com a tabela debaixo do braço e fazendo contas. As prioridades agora são outras. Nesta terça-feira, a equipe informou que estendeu o acordo de assistência técnica que tem com a Honda até o final de 2025. Os japoneses, inexplicavelmente, resolveram deixar a F-1 no fim do ano passado. Cederam seus motores ao time austríaco e, através de sua subsidiária HRC (Honda Racing Corporation), se comprometeram a tocar produção e manutenção por dois anos, 2022 e 2023. Afinal, a Red Bull não tem experiência ou tecnologia para fabricar motores. Foram alocados equipamentos e funcionários junto ao time para que o parceiro não ficasse na mão.

Com esse novo acordo, é bem provável que a marca Honda volte a aparecer com algum destaque nos carros da Red Bull e da AlphaTauri nos próximos três anos. Hoje, há apenas um discreto adesivo da HRC no capô. A partir de 2026, já está certo um acordo entre a Red Bull e a Porsche para quando passar a valer o novo regulamento de motores da categoria. Até lá, pode ser que a Honda decida fornecer suas unidades de potência para quem se interessar.

HRC: braço de competições da Honda no carro da Red Bull

GOSTAMOS & NÃO GOSTAMOS

GOSTAMOS muito, demais mesmo, de ver Nicholas Latifi liderando a folha de tempos num treino oficial. Foi na terceira sessão livre, sábado de manhã, com chuva. E o cara enfiou 0s661 no segundo colocado, Charles Leclerc! É para imprimir, emoldurar e pendurar na parede. Mas…

Latifi no sábado de manhã: maior glória da carreira

NÃO GOSTAMOS de vê-lo em último grid algumas horas depois. A vida é muito cruel nessa tal de Fórmula 1.