Blog do Flavio Gomes
F-1

SOBRE DOMINGO DE MANHÃ

A IMAGEM DA CORRIDA SÃO PAULO (demorou, mas saiu) – Carlos Sainz não ia ganhar a corrida, no máximo brigaria por um pódio, mas acabou sendo um personagem do GP da Holanda, domingo passado. O pit stop sem pneu da Ferrari será lembrado por um bom tempo. Não significou muita coisa para o resultado final […]

A IMAGEM DA CORRIDA

Pit stop de Sainz: cadê o pneu?

SÃO PAULO (demorou, mas saiu) – Carlos Sainz não ia ganhar a corrida, no máximo brigaria por um pódio, mas acabou sendo um personagem do GP da Holanda, domingo passado. O pit stop sem pneu da Ferrari será lembrado por um bom tempo. Não significou muita coisa para o resultado final da prova, muito menos terá relevância na classificação do campeonato ao fim de 22 etapas. Mas foi um retrato das trapalhadas da Ferrari em 2022.

Assim, troféu “Imagem da corrida” para o time vermelho, mesmo que a foto já tenha sido publicada domingo. O episódio lembrou muito o que aconteceu com Eddie Irvine no GP da Europa de 1999 em Nürburgring. Também esqueceram um pneu nos boxes. Só que, ali, custou um título para a Ferrari. O campeão acabou sendo Mika Hakkinen, da McLaren, numa temporada que seria de Schumacher se ele não tivesse perdido seis corridas depois de quebrar a perna em Silverstone. No fim, Irvine foi quem teve a chance de ser campeão. A presepada ferrarista na Alemanha impediu.

HOLANDA BY MASILI

Max decolou de vez, em meio a uma nuvem laranja… E com essa charge nosso cartunista oficial Marcelo Masili decola junto, porque vai sair de férias e nos próximos dois “Sobre ontem…” não teremos seu traço genial para alegrar o povo. Esperamos ansiosamente pela volta, com ilustrações retroativas!

Abandono de Tsunoda: teve gente que desconfiou

Vamos falar sobre Tsunoda?

O safety-car virtual (VSC) foi acionado na volta 47, depois que o japonês abandonou após uma sequência de eventos que incluiu uma parada nos boxes da AlphaTauri para apertar o cinto. Esse VSC permitiu a Verstappen fazer seu segundo pit stop “de graça”, como se diz, anulando a vantagem que a Mercedes teria sobre ele, já que os carros prateados tinham a estratégia de apenas uma troca. Por isso, o time alemão parou seus dois pilotos no VSC também — não faria sentido ficar com pneus velhos até o final, enquanto Max calçava borracha nova e se mantinha em primeiro.

Antes de falar sobre as desconfianças sobre o abandono de Tsunoda, faz-se necessária uma descrição do que aconteceu. Yuki tinha saído de um pit stop e sentiu vibrações no carro. Pelo rádio, berrou que uma roda estava solta e começou a encostar o carro. A equipe checou nos computadores. Há sensores que indicam se as rodas não estiverem devidamente presas. “Não tem nada solto, pode seguir”, orientou o time.

Tsunoda não tinha chegado a parar, havia apenas jogado o carro no acostamento. Diante da informação da equipe de que estava tudo bem, olhou no espelhinho, voltou às pista e seguiu para os boxes. Quando chegou, um mecânico mergulhou no cockpit para prender seu cinto de segurança enquanto outros trocavam os pneus de novo.

Por que isso? Porque quando achou que estava com a roda solta, Tsunoda simplesmente bateu no cinto para abandonar a corrida. Voltou aos boxes solto no banco. Aí saiu de novo, amarrado e com pneus trocados. As vibrações persistiram. Então a equipe pediu que ele encontrasse um lugar seguro e parasse o carro de vez. O problema era na transmissão. Ele estacionou perto de uma “agulha”, para facilitar o resgate. Nada de errado aí. Mas foi necessária a intervenção da direção de prova, com o acionamento do VSC. Que acabou ajudando Verstappen.

Nas redes sociais, imediatamente a estrategista da Red Bull, Hannah Schmitz, passou a ser atacada por “haters” da equipe, de Max e das mulheres. Acusavam o time dos energéticos de armar um abandono de Tsunoda, de modo que o holandês da equipe principal fosse favorecido no embate contra Hamilton e Russell.

Foi um massacre que se seguiu nos dias seguintes, levando a AlphaTauri a publicar a nota de desagravo acima. Os ataques, claro, não fazem nenhum sentido — do ponto de vista técnico e, muito menos, pelo tom odioso e misógino que hoje é tão comum na internet. Mas, aqui, vale uma crítica muito forte a quem alimentou tal teoria da conspiração mandando essa aqui, ó:

A FRASE DE ZANDVOORT

“Se estivéssemos lutando pelo campeonato, certamente seria algo que analisaríamos de perto.”

Toto Wolff

O chefe da Mercedes perdeu ótima chance de ficar calado. Não se acusa ninguém sem provas. Simples assim. No ano passado, em Abu Dhabi, ele tinha todos os motivos do mundo para estrebuchar com os erros de Michael Masi que tiraram um título de seu piloto. Mas agora, numa corrida de meio de campeonato — já decidido, inclusive –, contra um piloto que já havia vencido nove das 14 provas anteriores, achar que seria necessária alguma falcatrua para ganhar de novo parece demais, não? Pior ainda porque sabia que a insinuação inevitavelmente desabaria nas costas de uma mulher. Foi mal, muito mal, o dirigente austríaco.

Max ultrapassa Hamilton: holandês não precisa de trapaças

O NÚMERO DA HOLANDA

305

…mil ingressos foram vendidos para os três dias de evento em Zandvoort, que teve suas arquibancadas pintadas de cor de laranja desde sexta-feira. A volta da F-1 à Holanda tem sido um sucesso.

Torcida nas arquibancadas de Zandvoort: casa cheia

GOSTAMOS & NÃO GOSTAMOS

GOSTAMOS de mais uma grande atuação de Max Verstappen, que chegou à décima vitória na temporada e, agora, mira no recorde para uma temporada. Faltam sete corridas e ele precisa ganhar mais quatro para superar as 13 de Schumacher em 2004 e de Vettel em 2013.

NÃO GOSTAMOS da patética apresentação de Daniel Ricciardo, que só terminou a corrida na frente de um carro andando, o de Nicholas Latifi. Sua posição de chegada: 17º. Seu companheiro Lando Norris foi o sétimo. Ricciardo tem 19 pontos no campeonato contra 82 de Lando. Um fim melancólico. Porque, neste momento, parece que ninguém quer o australiano para 2023.