Blog do Flavio Gomes
F-1

SOBRE ONTEM DE MANHÃ

A IMAGEM DA CORRIDA SÃO PAULO (quem aguenta?) – Quem é que gosta de corrida que termina atrás de safety-car? Ninguém. Talvez só o cara que está em primeiro, com sua posição correndo algum risco. Emerson Fittipaldi em Indianápolis/1989, por exemplo. Oval, vácuo, sabe como é… Mas o que fazer? Às vezes acontece. E é […]

A IMAGEM DA CORRIDA

A fila atrás do safety-car: não deu tempo de relargar

SÃO PAULO (quem aguenta?) – Quem é que gosta de corrida que termina atrás de safety-car? Ninguém. Talvez só o cara que está em primeiro, com sua posição correndo algum risco. Emerson Fittipaldi em Indianápolis/1989, por exemplo. Oval, vácuo, sabe como é…

Mas o que fazer? Às vezes acontece. E é melhor ter uma regra para seguir do que um vale-tudo à moda de Michael Masi no ano passado em Abu Dhabi. O então diretor de prova fez uma leitura enviesada do regulamento, achou que podia resolver a parada da maneira que achasse melhor, tirou o título de Hamilton.

O procedimento ontem foi o correto. Se demoraram para tirar o carro de Ricciardo, paciência. Ninguém faz essas coisas de propósito. O carro estava travado, não deu para empurrar, precisaram de um trator, levou mais tempo do que todos desejariam. No início da prova, abandono semelhante de Vettel foi resolvido com um safety-car virtual rapidíssimo. O que até atrapalhou a Ferrari — Leclerc ganhou pouco tempo com a parada e quando saiu dos boxes a bandeira verde já tinha sido mostrada.

Trator para recolher a McLaren de Ricciardo: acontece, às vezes

O que não dá é para ficar criticando o regulamento quando ele é cumprido e estrebuchar em sua defesa quando se passa por cima dele. Agora, se alguém tem sugestões para mudar as regras, que as faça. Hamilton, por exemplo, acha que as corridas, nesses casos, poderiam ter uma espécie de prorrogação, como na Nascar. Há quem defenda o uso automático da bandeira vermelha a partir de um determinado número de voltas, mesmo que o incidente motivador da neutralização da prova não seja grave. Tudo bem. Mas, por enquanto, o que vale é o que está escrito.

Por isso, a imagem escolhida para lembrar este GP da Itália de ontem é a fila indiana atrás do safety-car, lá no alto. Que, sendo bem sincero, não mudou em nada o resultado de Monza. Ou alguém acha que Verstappen deixaria Leclerc passar?

A FRASE DE MONZA

“Pelo menos desta vez seguiram as regras.”

Toto Wolff, chefe da Mercedes

Nem precisa dizer a que se referia o dirigente austríaco, né? Mas teve mais gente que se manifestou sobre o fim da prova com bandeira amarela. “Nunca é bom. Para nós, para a F-1, para o show. Acho que havia tempo de a FIA agir diferente”, falou Mattia Binotto, da Ferrari. “Os fãs mereciam mais”, acrescentou Christian Horner, da Red Bull.

Agora, umas caixinhas para arredondar o noticiário:

SUSTO – Alexander Albon foi operado do apêndice no sábado por volta do meio-dia no Hospital San Gerardo, em Monza. Mas depois da cirurgia teve complicações respiratórias e precisou passar a noite numa UTI. O piloto chegou a ser intubado. Segundo a Williams, a melhora foi rápida e ontem mesmo ele já não precisava mais de respiração mecânica. Voltou para um quarto normal. A previsão de alta é para amanhã.

Albon: complicações depois da cirurgia

ZEROU – Depois de dez corridas seguidas nos pontos, Fernando Alonso zerou ontem. O piloto espanhol teve um problema de motor em seu Alpine e abandonou a prova de Monza depois de 31 voltas. Segundo a equipe, pifou a bomba d’água. Seu companheiro Esteban Ocon terminou em 11º e, assim, a McLaren se aproximou um pouquinho na luta pelo quarto lugar entre os construtores graças ao sétimo lugar de Lando Norris. O placar, agora, aponta 125 x 107 para os franceses.

DE NOVO – George Russell, por sua vez, conseguiu seu sétimo pódio no ano com a terceira colocação em Monza. Tem sido um piloto incrivelmente regular. Verstappen é quem mais juntou troféus nesta temporada: 13. O inglês que guia o Mercedes #63, com suas sete taças, está empatado com Pérez, Leclerc e Sainz. Hamilton já subiu seis vezes ao pódio em 2022. E Norris, uma. São apenas sete os pilotos que ganharam troféus neste ano.

Russell no pódio: sete troféus em 2022

O NÚMERO DA ITÁLIA

5

…vitórias seguidas tem Verstappen nesta temporada — no total, 11. É a maior sequência já construída pelo holandês. Nas estatísticas, outros cinco pilotos conseguiram o mesmo: Jack Brabham (1960), Jim Clark (1965), Nigel Mansell (1992), Michael Schumacher (2004) e Lewis Hamilton (duas vezes, em 2014 e 2020). Um sexto foi além, o recordista de vitórias consecutivas: Sebastian Vettel, com nove entre os GPs da Bélgica e do Brasil de 2013.

Max, 11 vitórias no ano: busca de recordes

GOSTAMOS & NÃO GOSTAMOS

GOSTAMOS da estreia de Nyck de Vries. O holandês pegou um abacaxi danado para descascar na manhã de sábado, quando Albon foi abatido por uma apendicite. Só tinha feito um treino de Williams antes, em maio na Espanha. De cara, levou o carro ao Q2. Com as punições, largou em oitavo. Terminou em nono, fazendo seus primeiros pontos na categoria. Aproveitou a chance como ninguém. Se a Williams pegar outro para o lugar de Latifi em 2023, fará besteira.

Invasão de pista: vaias para o vencedor

NÃO GOSTAMOS das vaias mal-educadas dos torcedores da Ferrari para Verstappen no pódio. O holandês disse que nem ligou, e não liga mesmo. Mas esse comportamento do público não combina muito com a F-1. Tudo que o mundo não precisa é de mais agressividade gratuita.