Blog do Flavio Gomes
F-1

A523

SÃO PAULO (meninos e meninas usam os dois) – O último carro de 2023 apareceu hoje no fim da tarde em Londres. A Alpine fez a apresentação do A523 numa cerimônia fria e sem sal, com os elementos de sempre: uma mestre de cerimônias bonita e simpática, o videozinho de praxe, platitudes nas declarações, pilotos […]

SÃO PAULO (meninos e meninas usam os dois) – O último carro de 2023 apareceu hoje no fim da tarde em Londres. A Alpine fez a apresentação do A523 numa cerimônia fria e sem sal, com os elementos de sempre: uma mestre de cerimônias bonita e simpática, o videozinho de praxe, platitudes nas declarações, pilotos de macacão e, por fim, a estrela da festa: o automóvel.

Que no caso foram dois, porque como fez no ano passado a Alpine resolveu começar a temporada com a pintura cor de rosa da BWT, a patrocinadora aquática do time. Devem ser os três primeiros GPs assim. Depois, volta a pintura tradicional dominada pelo azul com pitadas generosas de Preto Fibra de Carbono, novo nome oficial da cor que é o hit do inverno europeu. Está todo mundo economizando na tinta para tirar peso de seus carros.

A Alpine vem com a novidade de um segundo piloto francês, com a saída de Fernando Alonso. Chegou Pierre Gasly, vindo da família Red Bull, e pelo que se viu no palco alguém achou que ele era mais alto, ou emprestaram um macacão do pirulão Esteban Ocon para o coitado vestir. Era uns três números maior. Pierre até fez uma piadinha sobre o assunto, pelo que entendi.

Objetivos da equipe, segundo o discurso ensaiado do CEO Laurent Rossi e do chefe de equipe Otmar Szafnauer: terminar mais corridas, quebrar menos, conseguir alguns pódios e manter o quarto lugar entre os construtores do ano passado diminuindo a distância para os três primeiros. De fato, o abismo da Alpine para a terceira colocada em 2022, a Mercedes, foi gigantesco: 342 pontos de diferença. A Red Bull foi campeã com 759, a Ferrari ficou em segundo com 554 e a Mercedes fez 515. Os franceses fecharam o ano com 173, brigando pelo posto até a última corrida do ano com a McLaren, que ficou em quinto com 159.

Não se viu nenhum de seus pilotos no pódio. As duas únicas taças da Alpine, que formalmente só existe há dois anos — a Renault, dona da marca, rebatizou sua equipe em 2021 –, foram conquistadas na temporada retrasada. A primeira veio com a vitória surpreendente de Ocon na Hungria e a outra, com a terceira colocação de Fernando Alonso no Catar.

Alonso deixou o time e foi para a Aston Martin, em rumorosa negociação durante as férias da F-1 no ano passado, assim que Sebastian Vettel anunciou que iria se aposentar. Aí foi aquela correria desgraçada, com a Alpine confirmando no dia seguinte seu piloto de testes Oscar Piastri como titular, para ser desmentida pelo menino horas depois nas redes sociais. Seguiu-se uma disputa pelo pimpolho envolvendo a McLaren, que acabou ficando com ele. Então, o time foi atrás de Gasly, insatisfeito na AlphaTauri. O novo piloto de testes, para 2023, será o australiano Jack Doohan, de 20 anos.

A dupla francesa é interessante, embora muita gente jure de pés juntos que ambos não dividem o mesmo croissant. São dois fios desencapados quando pisam em seus calos. Quanto ao carro, nada de muito novo. Todas as explicações técnicas convergiram para o mesmo: melhorar os fluxos de ar.