Blog do Flavio Gomes
F-1

SOBRE ONTEM DE MADRUGADA

A IMAGEM DA CORRIDA SÃO PAULO (merecido) – A vitória de Verstappen em Suzuka foi tão tranquila e natural que, da pista, não emergiu nenhuma imagem muito marcante da corrida. A Red Bull foi campeã ontem. Muita gente acha que carro bom surge por geração espontânea e sorte do piloto que tem a chance de […]

A IMAGEM DA CORRIDA

Verstappen e seus mecânicos: vitória em equipe

SÃO PAULO (merecido) – A vitória de Verstappen em Suzuka foi tão tranquila e natural que, da pista, não emergiu nenhuma imagem muito marcante da corrida. A Red Bull foi campeã ontem. Muita gente acha que carro bom surge por geração espontânea e sorte do piloto que tem a chance de recebê-lo ao início de uma temporada. Não é assim. F-1 é trabalho de equipe, com muita gente envolvida. E, de verdade, cada um tem seu quinhão numa vitória dessas. Milhares de pessoas trabalham numa equipe, nos autódromos e nas fábricas. O que vemos pela TV é apenas o cume dessa pirâmide.

Por isso a escolha dessa imagem aí em cima. Que seja interpretada como uma homenagem mais do que justa aos trabalhadores do automobilismo. E que todos recebam o devido reconhecimento e desfrutem dos louros da conquista!

(Frase horrível, mas é isso aí.)

O NÚMERO DO JAPÃO

33

…pontos fez a McLaren em Suzuka, com o segundo e o terceiro lugares de Norris e Piastri. Foi a melhor performance da equipe no ano. Nas últimas oito corridas, desde a estreia do carro novo na Áustria, o time fez 155 pontos. Até o Canadá, oitava etapa do campeonato, tinham sido apenas 17. A média das primeiras oito corridas, que era de 2,12 pontos por GP, subiu para 19,37. Quase dez vezes mais.

Os números acima mostram que é possível corrigir a rota mesmo depois de um início de campeonato ruim. A gente costuma dizer que carro mal nascido não tem jeito, geralmente as emendas ficam piores que o soneto. A Mercedes tem dado mostras disso desde o ano passado. É verdade, claro. Carro que nasce ruim, normalmente, morre ruim. Mas a McLaren conseguiu mudar radicalmente os conceitos aplicados no modelo que começou a temporada e fez um carro praticamente novo. Com teto de custos e tudo. É um caso a ser estudado.

Vejam a Aston Martin, em oposição ao exemplo dos papaias. Começou muito bem o ano e nas mesmas oito primeiras corridas marcou 154 pontos, média de 19,25 por GP. Desde então, também em oito provas, foram 67 pontos — a média caiu para 8,37. Deve-se considerar aqui o fato de que a Aston Martin é equipe de um piloto só. Alonso fez 174 dos 221 pontos da equipe (78,7%). Stroll marcou 47 e zerou nas últimas quatro. É um peso morto. Por isso, não se espantem se a McLaren terminar o campeonato na frente da Aston Martin. Mesmo tendo jogado no lixo oito corridas com o carro antigo.

McLaren festeja em Suzuka: como dar a volta por cima numa temporada

Oscar Piastri subiu ao pódio pela primeira vez, já em seu ano de estreia na F-1. É um ótimo piloto. A McLaren fez bem em investir nele para tirá-lo da Alpine. Mas ir ao pódio no primeiro ano não é algo raríssimo na história da categoria. Muita gente já conseguiu, e de cabeça cito aqui Senna, Hamilton, Magnussen, Kubica, Wurz, Ralf Schumacher… De qualquer maneira, fazia algum tempo que um estreante não levava um troféu. O último, acreditem, foi Stroll. Quando defendia a Williams, em 2017, foi terceiro colocado no GP do Azerbaijão.

E para encerrar a ode à McLaren, vamos à…

FRASE DE SUZUKA

“OK, terminamos longe de Max. Mas não tão longe assim.”

Lando Norris

A diferença de Verstappen para o inglês, ao fim da corrida, foi de 19s3. É uma distância enorme. Mas o que Lando quis dizer é que, na real, essa vantagem poderia ter sido bem menor se ele não tivesse sido atrapalhado por Pérez durante um safety-car virtual, quando ele saía dos boxes. Na 13ª volta, Norris estava 5s334 atrás de Max. Na 15ª, 9s911. Foi mais uma das lambanças do mexicano na corrida.

Pérez, finalmente, abandona: só bobagens

Checo parou nos boxes nas voltas 2, 12, 13 e 14. Na última delas, ficou dentro do carro. Tinha sido punido por bater em Magnussen. E foi por isso que a Red Bull o manteve sentado no cockpit por mais de 40 minutos, até a 40ª volta. O time mandou os mecânicos arrumarem o carro todo estropiado para que ele voltasse à pista quando desse. Apenas para pagar o “time penalty”. Segundo a explicação da equipe, a decisão foi essa porque o regulamento esportivo diz que uma punição, se não for paga na corrida em que foi aplicada, “pode ser carregada para a etapa seguinte”. Na dúvida, para evitar a possibilidade de Pérez, por exemplo, perder posições no grid no Catar, a multa foi paga.

Mas, para mim, foi castigo, mesmo.

Caixinhas, agora?

Michael vence na França e é penta em 2002: faltavam seis GPs

SCHUMACHER VIVE – Como não foi campeão em Suzuka, Verstappen manteve vivo mais um recorde impressionante de Michael Schumacher. Ele foi o piloto que se sagrou campeão com maior antecedência na história, seis provas antes do final de uma temporada. Foi em 2002, ao vencer o GP da França em Magny-Cours — 11ª etapa daquele Mundial, que teve 17 corridas. Foi sua oitava vitória num ano em que também estabeleceu outra marca jamais repetida: subir ao pódio em todas as provas de um campeonato. Verstappen deixou escapar essa possibilidade com o quinto lugar de Singapura. Max deve ser campeão no Catar. Precisa de apenas três pontos. Conseguindo, terá conquistado o tri cinco provas antes do fim do campeonato.

TRETA FRANCESA – A Alpine mandou Gasly entregar o nono lugar a Ocon na última volta da corrida. Pierre tinha pedido passagem para tentar alcançar Alonso, não conseguiu e o time ordenou que devolvesse a posição ao companheiro. Fez isso. Mas ficou furioso, mandou o dedo do meio pelas câmeras para todo mundo ver e nas entrevistas soltou seus cães em direção à chefia que ninguém sabe direito qual é. Totalmente desnecessário. Nono ou décimo, é tudo igual. As coisas vão muito mal na Alpine. É um time que perdeu totalmente a relevância.

SÓ PREJU – Achei isso aí em cima no Instagram. Com base em valores aproximados de peças que compõem um carro de F-1, alguém fez as contas do prejuízo que cada piloto causou à sua equipe com batidas em geral neste ano. Os cálculos vão até Singapura. Portanto, Logan Sargeant já aumentou o rombo depois de mais duas pancadas no Japão: na classificação e na corrida. Até a prova anterior, o estrago do norte-americano nas finanças da Williams estava quase em US$ 2,8 milhões. Verstappen, por sua vez, é o funcionário ideal. Não traz despesas e ganha corridas.

GOSTAMOS & NÃO GOSTAMOS

GOSTAMOS do troféu que acende as luzinhas! A um beijo, ele se ilumina com as cores da bandeira do país do vencedor. Uma boa ideia, simples e simpática. Que obriga o cara que ganha a corrida a demonstrar algum afeto e ternura no pódio. Bem legal.

NÃO GOSTAMOS da tolerância da Williams com Sargeant. O rapaz não tem a menor condição de seguir na F-1. Atrapalha muito uma equipe que mostra sinais de recuperação depois de anos na miséria técnica absoluta. James Vowles, chefe do time, falou que o Logan segue até o fim da temporada. É um atraso. Se a equipe pensa em substituí-lo em 2024, que o faça logo. Assim, quem assumir o cockpit chega um pouco mais preparado à próxima temporada.