Blog do Flavio Gomes
F-1

SOBRE ONTEM DE MANHÃ

A IMAGEM DA CORRIDA SÃO PAULO (tá perto…) – Desculpem os que sugeriram ontem, aqui e nos comentários das transmissões no YouTube, que a foto do GP da Itália fosse dos dois carros da Red Bull lado a lado na chegada em Monza. O pessoal viu, naquela imagem, uma provocação da equipe numa referência a […]

A IMAGEM DA CORRIDA

Vitórias seguidas para contar nos dedos das mãos: um fenômeno

SÃO PAULO (tá perto…) – Desculpem os que sugeriram ontem, aqui e nos comentários das transmissões no YouTube, que a foto do GP da Itália fosse dos dois carros da Red Bull lado a lado na chegada em Monza. O pessoal viu, naquela imagem, uma provocação da equipe numa referência a “Ford x Ferrari”, o filme. Em 1966, a marca americana derrotou a Ferrari em Le Mans e fez questão de cruzar a linha com seus três carros juntos, para humilhar os italianos. Tudo porque Enzo Ferrari não quis vender sua marca para Henry Ford II, ou III, sei lá qual.

Como se sabe, a Red Bull assinou com a Ford. OK, só vai estar valendo em 2026, mas já tem o oval azul na fachada da sede do time na Inglaterra. E ontem Verstappen e Pérez, se não humilharam exatamente ninguém, fizeram dobradinha na casa da Ferrari.

Mas a Red Bull não tem raiva da Ferrari, e sequer a considera uma rival de verdade. A rival de Christian Horner & cia. é a Mercedes, que anda meio em baixa. Assim, fiquemos com os dez dedos de Verstappen como imagem mais significativa dessa prova. O recorde que ele bateu, dez vitórias seguidas agora, é coisa que a gente não vê toda hora.

A FRASE DE MONZA

“Nossa posição era diferente [da red Bull hoje], porque tínhamos dois carros lutando entre si. Não acho que Max liga muito para recordes. Esses números servem para a Wikipedia, e ninguém lê aquilo.”

Toto Wolff

Vocês têm notado que o chefe da Mercedes se tornou um ótimo frasista neste ano. Mas escolhi essa declaração aí em cima, dando a ele novamente o privilégio da autoria da frase do fim de semana, justamente para ilustrar o parágrafo anterior, sobre rivalidades. É com Verstappen e com a Red Bull que Toto se preocupa. A Ferrari, e sei que isso pode deixar muita gente ofendida, é café com leite nessa briga.

Caixinhas coloridas, agora, porque sei que vocês adoram.

FERRARI 1 – Falando nela, a Ferrari, vale destacar outra frase interessante do domingo, esta de Leclerc. O monegasco minimizou a tensão gerada pela briga com Sainz ao longo de toda a prova, especialmente nas últimas voltas. “Lutamos feito loucos, mas foi divertido para nós. Talvez não muito para os torcedores. Mas isso é Fórmula 1, eu só consigo entender uma corrida dessa maneira, competindo e me divertindo”, falou. Sainz, já na primeira entrevista antes do pódio, também exaltou a disputa. Disse que seu companheiro é um grande piloto e que curtiu a batalha. Sendo assim, não serei eu a discutir a conveniência de se colocar em risco um resultado daquela maneira. Na verdade, acho legal, também. Se fosse chefe de equipe, só impediria essas coisas em casos muito extremos — disputa de título, pódio inédito ou coisa parecida. No mais, briguem à vontade. Mas não batam um no outro. Como Sainz e Leclerc não bateram, está tudo bem.

Invasão após a corrida: ferraristas tensos com disputa entre Sainz e Leclerc

FERRARI 2 – E não é que o domingo de Sainz foi ainda mais tenso depois da prova? Por volta das 20h30, ele saía de seu hotel em Milão, o chiquérrimo Armani, quando dois caras roubaram seu relógio! Era um Richard Mille avaliado em 500 mil euros. Aí ele, mais um acompanhante e vários cidadãos que passavam por ali saíram correndo atrás dos gatunos. Que foram pegos e entregues para a polícia. O relógio, claro, foi recuperado.

QUASE… – Depois da prova, Verstappen revelou que nas últimas voltas recebeu uma “urgent request” para tirar o pé e monitorar a temperatura de seu motor. A equipe detectou um problema que poderia, simplesmente, deixá-lo a pé a qualquer momento. As últimas três voltas, em particular, foram bem tensas. “Tinha uma boa vantagem e deu para controlar”, contou o holandês. Assim, venceu mais uma no ano, a 12ª, e, como já informado repetidas vezes, décima seguida. Detalhe: a Red Bull ganhou 24 das últimas 25 corridas disputadas na F-1. Desde a vitória no GP da França, no fim de julho do ano passado, a equipe dos energéticos só perdeu uma corrida. Foi o GP do Brasil, vencido por George Russell, da Mercedes.

PNEU CERTO – O décimo lugar de Bottas foi uma recompensa para a estratégia da Alfa Romeo. O finlandês foi um dos três únicos que largaram com pneus duros ontem, adiando a parada. Deu certo para Valtteri, que encerrou a seca de pontos de cinco corridas da equipe. E acabou funcionando também para Hamilton, que terminou em sexto. Magnussen, o terceiro que largpou com pneus duros, ficou em último.

NAS ESTATÍSTICAS – Oscar Piastri tornou-se ontem o 137º piloto da história a registrar a melhor volta de uma corrida. E o 180º a liderar um GP na história da categoria. Foi por uma volta apenas, mas está valendo, claro.

PUNIÇÃO INÚTIL – Russell e Hamilton foram dois dos pilotos punidos com 5s em seu tempo total de corrida por manobras irregulares em Monza. A dupla da Mercedes, porém, não foi afetada pelas decisões dos comissários esportivos. Ambos conseguiram terminar a prova com mais de 5s de vantagem para quem vinha atrás — no caso de George, o quinto colocado, quem estava em sexto era seu próprio companheiro. O prejuízo foi bem maior para quem eles atrapalharam, especialmente Piastri. Tocado por Hamilton, o australiano perdeu a chance de pontuar porque quebrou a asa dianteira.

Alonso: marca histórica de longevidade

O NÚMERO DA ITÁLIA

20.000

…voltas em corridas completou ontem Fernando Alonso, que terminou o GP da Itália em nono. Ele já era o piloto com mais voltas completadas em GPs, mas agora alcançou a marca redondinha. Depois dele, nas estatísticas, vêm Kimi Raikkonen (18.621) e Lewis Hamilton (18.528).

GOSTAMOS & NÃO GOSTAMOS

GOSTAMOS muito do desempenho de Alexander Albon, sétimo colocado. Ficou atrás, apenas, das duplas de Red Bull, Ferrari e Mercedes. E isso com a Williams. A equipe chegou a 21 pontos (todos feitos pelo tailandês) e se firmou em sétimo entre os construtores. De 2017 para cá, só em 2021 o time marcou mais do que isso: 23 pontos. Essa cifra deve ser batida nesta temporada graças a Albon, um dos maiores destaques do ano.

NÃO GOSTAMOS da Alpine, que depois de um bom fim de semana na Holanda saiu zerada da Itália. A equipe mostrou uma enorme deficiência de motor, com velocidades máximas até 30 km/h inferiores que suas rivais nas retas enormes de Monza. Há quem diga que os motores Renault, que só estão na Alpine hoje em dia, têm cerca de 40 HP menos do que a concorrência.