Blog do Flavio Gomes
F-1

ASTON MARTIN AMR24: GANHA CORRIDA?

SÃO PAULO (acho que sim…) – Fernando Alonso e Lance Stroll não tiveram de esperar muito para dar umas voltas com o AMR24, modelo da Aston Martin mostrado hoje em Silverstone. Lá mesmo a equipe gastou sua cota de 100 km antes da pré-temporada para fazer imagens com o carro andando e garantir que tudo […]

SÃO PAULO (acho que sim…) – Fernando Alonso e Lance Stroll não tiveram de esperar muito para dar umas voltas com o AMR24, modelo da Aston Martin mostrado hoje em Silverstone. Lá mesmo a equipe gastou sua cota de 100 km antes da pré-temporada para fazer imagens com o carro andando e garantir que tudo estava funcionando — é o que se chama de shakedown. Foi a primeira apresentação da semana, que tem ainda Ferrari amanhã, McLaren e Mercedes na quarta e Red Bull na quinta, fechando o lote das dez equipes que disputam o Mundial.

Nessas primeiras voltas ninguém se preocupa com tempos, evidente. Mais importante são as entrevistas antes, as declarações dos dirigentes e dos pilotos, a expectativa por alguma surpresa.

Não dá para dizer que todos tenham ficado boquiabertos com o carro novo, que leva no nome código as iniciais de Aston Martin Racing e o ano em disputa. A primeira olhada sempre mira na estética, mesmo: pintura, patrocínios, essas coisas mais visíveis a olho nu. Depois vêm os aspectos técnicos, reservados aos especialistas de plantão.

O AMR24 tem a assinatura de Dan Fallows, que a Aston Martin tirou da Red Bull em 2022. Dizem que ele era o segundão de Adrian Newey, com quem deve ter aprendido alguma coisa. E, de fato, o início de temporada da equipe no ano passado deu essa impressão: seis pódios nas primeiras oito corridas, com Alonso numa forma exuberante e a vice-liderança no Mundial de Construtores até a sexta etapa. Depois do GP da Áustria, porém, a maionese parece que desandou. Foram 175 pontos nas primeiras nove corridas — média de 19,4 por GP –, contra 105 nas últimas 13 — média de 8,1. No final, a equipe terminou o ano em quinto lugar.

E o que aconteceu? Nunca é uma coisa só. Primeiro, a ascensão da McLaren a partir da Áustria, com seu carro praticamente novo. Depois, o mau ano de Stroll. Ele marcou 74 pontos, contra 206 de Alonso. Por fim, os esforços concentrados na conclusão das novas instalações da fábrica, largando o desenvolvimento do carro de 2023 para pensar em 2024.

Alonso entrou na onda das especulações hoje ao dizer que seu contrato com a Aston Martin termina no final do ano e que é “o único campeão mundial disponível para 2025”. Claramente se referia à vaga aberta na Mercedes com a anunciada saída de Hamilton para a Ferrari. Aos 42 anos — faz 43 em julho –, o espanhol disse que antigamente ninguém esperava alguém competitivo na F-1 até os 40, mas que essa ideia nos dias de hoje deve ser deixada de lado. “Meus exames físicos mostraram que estou melhor do que nunca, e hoje não é nenhum absurdo pensar num piloto correndo na F-1 até os 48, 49, até 50”, falou. A foto de Toto Wolff com seu empresário Flavio Briatore, postada hoje (veja a nota anterior), jogou gasolina nessa fogueira.

Esse assunto, e outros, mereciam uma abordagem mais próxima, e no fim do dia na Inglaterra consegui contato telefônico com importante membro da equipe, que pediu anonimato para não se comprometer. Chamá-lo-ei de “Miguel Bomdebola”, de forma a atender sua solicitação. Segue a conversa.

Não sei bem se é meu olhar pouco atento, mas tudo me pareceu muito parecido com o ano passado…
Miguel Bomdebola – O cabelo, não. Olha o topete. E, se bobear, colocou até botox. Já falei que não precisa. Ele disse que é por causa de aerodinâmica.
Estou falando do carro. Você se refere a quem?
Miguel Bomdebola – Ao Alonso. Ele falou que as rugas causam turbulência.
Mas a viseira fica fechada, não há como isso afetar…
Miguel Bomdebola – …sim, sabemos, mas sabe como são esses tiozinhos da Sukita.
Sukita?
Miguel Bomdebola – Você sabe muito bem do que estou falando.
OK, vamos deixar essas questões estéticas de lado. Ano passado a equipe conseguiu oito pódios. Seis deles nas primeiras oito etapas do campeonato. Depois, perdeu rendimento. O que aconteceu?
Miguel Bomdebola – O menino disse que a partir dali os troféus teriam de ser divididos. Mesmo se o outro piloto conseguisse um pódio. Que não era justo ele ficar sem nada, porque sempre disseram que ganhamos juntos e perdemos juntos. Se ganhamos juntos, ele disse, quero troféu pra mim. Fernando disse que não ia entregar seus troféus para ele, mesmo sendo filho do chefe. E falou que se fosse para dividir, não ia mais ganhar nenhum.
Mas isso não causou um certo mal estar na equipe?
Miguel Bomdebola – Na equipe, não. Mas na família, sim. O pai tirou o videogame dele e falou que celular, só duas horas por dia. Aí o moleque ficou irritado e jogou o PlayStation no chão. O pai disse que não ia dar outro. Foi um momento delicado da temporada.
Só para deixar claro, você está se referindo ao Lance Stroll?
Miguel Bomdebola – Isso é você que está falando.
Bom, mas ele pelo menos mostrou força de vontade no começo do ano, correu com os punhos lesionados…
Miguel Bomdebola – Isso zangou mais ainda o pai. Porque ele não tinha autorizado o menino a andar de bicicleta sem rodinha. Tomou um tombo, vimos no que deu. Ele não tem idade pra isso, ainda.
Entendo. Bem, voltemos à equipe e às perspectivas para 2024. O que você pode falar sobre o carro?
Miguel Bomdebola – Que é verde.
Isso ficou bem claro. Mas deve ter alguma novidade técnica, algo na suspensão, nos difusores, endplates, sidepods em forma de letterboxes…
Miguel Bomdebola – Forma de quê?
Letterbox.
Miguel Bomdebola – O que é isso?
Sei lá, andei lendo por aí. Sidepods em forma de letterbox. Imaginei que você saberia o que é. Letterbox, caixa de cartas.
Miguel Bomdebola – E quem é que manda carta hoje em dia? Só se for o Alonso! Hahaha, desculpe, não resisti à piada.
Bem, já que tocou no assunto, hoje Toto Wolff foi visto tomando café com Flavio Briatore, que cuida da carreira de Alonso. Já estão dizendo por aí que ele vai para a Mercedes…
Miguel Bomdebola – Isso é bobagem. O que oferecemos ao Fernando para ficar quanto tempo quiser com a gente ninguém vai cobrir.
E o que foi?
Miguel Bomdebola – Um plano de saúde vitalício da Prevent Senior.