Blog do Flavio Gomes
F-1

SOBRE ONTEM DE MADRUGADA

A IMAGEM DA CORRIDA SÃO PAULO (duras tarefas) – E lá vamos nós recorrer a frames da transmissão da TV mais uma vez. Porque Verstappen comemorando, só se ele plantar bananeira, ou se vestir de palhaço, ou escorregar na hora de sair do carro e cair de bunda. Fiz um recorte arbitrário. Desde o GP […]

A IMAGEM DA CORRIDA

Ricciardo sob a sombra de Lawson: na falta de outra…

SÃO PAULO (duras tarefas) – E lá vamos nós recorrer a frames da transmissão da TV mais uma vez. Porque Verstappen comemorando, só se ele plantar bananeira, ou se vestir de palhaço, ou escorregar na hora de sair do carro e cair de bunda.

Fiz um recorte arbitrário. Desde o GP da França de 2022, quando ele desandou a ganhar corridas, foram disputados 37 GPs. Max venceu 31. Isso dá 83,8% de vitórias. Em geral, o holandês comemora todas do mesmo jeito. Fica de pé dentro do carro, imita o Gabigol e vai pegar o troféu. As imagens abaixo não me deixam mentir.

Por isso, escolhi a desgraça de Daniel Ricciardo. Não que ele seja uma desgraça. Desgraça foi o que aconteceu com ele na primeira volta do GP do Japão, em Suzuka. Na curva 2, uma batida daquelas infelizes, um carro à direita, outro à esquerda, o cara só consegue olhar no espelho uma vez, vê Stroll à esquerda, não vê Albon à direita, bum! O toque e os dois na brita.

Avança a fita, Ricciardo está nos boxes da Acho que Pediu a Senha olhando a corrida pelos monitores de TV. Menos de um metro atrás dele, Liam Lawson, o menino que o substituiu em cinco etapas do ano passado, depois que o australiano se acidentou na Holanda e quebrou a mão. Fez pontos numa delas, um interessante nono lugar em Singapura.

A Red Bull, dona do time de Faenza, teria dado um ultimato ao ex-sorridente piloto: duas provas para mostrar serviço, no Japão e na China. Caso contrário, tchau.

A do Japão já foi. E, para piorar sua situação, Tsunoda vem fazendo um campeonato muito honesto, pontuou em duas das quatro corridas, ganhou confiança, tem recebido elogios de todos os lados…

É bom Lawson manter seu passaporte atualizado e seus vistos em dia.

Caixinhas?

Tsunoda aplaudido em Suzuka: bom momento

MUITO RESPEITO – O décimo lugar de Yuki deve mesmo ser valorizado. Afinal, as cinco melhores equipes terminaram a prova com seus dez carros. E ele conseguiu ficar à frente de um deles, o Aston Martin de Lance Stroll. Este, por sua vez, continua com um desempenho errático, alternando atuações razoáveis com ruins. Mais ruins que razoáveis.

ÁGUA & VINHO – Embora esteja longe de ameaçar a Red Bull, a Ferrari tem o que comemorar neste início de campeonato. É claramente a segunda força do Mundial e já está léguas à frente das equipes com quem se engalfinhou no ano passado — a saber, Mercedes, Aston Martin e McLaren. Nessa altura do Mundial de 2023, depois de quatro etapas, o time italiano estava em quarto lugar, com 62 pontos. E olha que uma dessas etapas, em Baku, teve Sprint — mais pontos distribuídos, pois. Agora, são 120 e a vice-liderança tranquila (a pontuação está nos quadrinhos abaixo). De quebra, seus dois pilotos aparecem em terceiro e quarto com números parecidos, ainda que Sainz tenha perdido uma prova. É bom quando um time não depende apenas de um piloto — caso da Aston Martin com Alonso.

POR OUTRO LADO… – Já a Mercedes amarga momentos tenebrosos. Depois de quatro corridas em 2022, com um carro muito ruim que depois viraria motivo de chacota, tinha 77 pontos e estava em terceiro no campeonato. No ano passado, com outro carro lamentável, foram 76 pontos em quatro etapas e a mesma terceira posição. Agora, são 34 em quarto lugar, apenas um à frente da Aston Martin, time de um piloto só. Desde sua estreia como equipe oficial na era moderna da F-1, em 2010, é o pior desempenho dos alemães desde 2011, quando tinha feito apenas 26 pontos em quatro GPs, fechando aquela etapa em quinto no Mundial de Construtores.

Russell, sétimo: pior ano da Mercedes na era híbrida

FUNDO DO POÇO – Desde o início da era híbrida, em 2014, este é, disparado, o pior ano da Mercedes. Desde então, sempre tomando como base as quatro primeiras corridas de cada temporada, a equipe liderava o Mundial de 2014 a 2017, estava em segundo em 2018, liderou novamente de 2019 a 2021, e em terceiro nos dois últimos campeonatos.

HAMILTON AFUNDA – Já os míseros dez pontos de Hamilton em quatro corridas representam seu pior início de temporada desde que estreou na F-1 em 2007. Ele nunca tinha ocupado posição tão opaca na classificação — está em nono. O pior começo, até então, tinha sido em 2009, na McLaren. Estava em sétimo na tabela, com nove pontos em quatro corridas. Vale lembrar que naquele ano o vencedor fazia dez pontos, e não 25 como agora — formato adotado a partir de 2010. Em 2022 Lewis também era o sétimo após quatro provas, mas tinha feito 28 pontos.

A FRASE DE SUZUKA

“Bom, a Mercedes ficou atrás de nós, então não me parece um destino tão atraente…”

Fernando Alonso, perguntado se tinha ligado para Toto Wolff depois da corrida

De fato, o espanhol deixou os dois carros da Mercedes para trás. Russell foi o sétimo e Hamilton, o nono. Chamou muito a atenção a generosidade de Lewis no meio da corrida, sugerindo uma troca de posições entre ele e George. O heptacampeão estava na frente… Mas sobre isso falamos ontem. Não acho que Hamilton esteja fazendo corpo mole. Apenas não se importa muito com os resultados deste ano. Vai se esforçar para fazer o melhor. Mas não perderá o sono até o fim da temporada por causa da bomba de carro que lhe deram.

O NÚMERO DO JAPÃO

31

…dobradinhas tem a Red Bull, três delas neste ano. Nas estatísticas, a equipe austríaca está prestes a passar a Williams, que tem 33. Quando o fizer, só terá menos 1-2 que Ferrari (86), Mercedes (59) e McLaren (48).

Pérez e Verstappen no pódio: três dobradinhas em 2024

GOSTAMOS & NÃO GOSTAMOS

GOSTAMOS da estratégia agressiva da Ferrari, soltando Leclerc para uma parada e Sainz para duas. Assim, o time vermelho cobriu todas as possibilidades, chegou à frente de seus principais rivais e foi ao pódio de novo. Levou troféus em todas as corridas do ano. O espanhol tirou 16s de desvantagem para Norris em dez voltas no final da prova, com pneus mais novos. A equipe italiana vive um bom momento sob a gestão Vasseur.

NÃO GOSTAMOS de saber que as audiências da F-1 neste ano, na Bandeirantes, têm sido baixíssimas. Ainda que se possa argumentar com os horários das corridas, duas delas de madrugada, a coisa está feia pelos lados do Morumbi. Na média, o GP do Japão teve 1,3 ponto de audiência, o pior do ano. Até agora, o GP da Arábia Saudita deu 2 pontos de média, Bahrein ficou com 1,5 e Austrália, com 1,4.