Blog do Flavio Gomes
F-1

E agora, o que eu acho

SÃO PAULO (lá vem malho) – Acho que pegaram pesado com o pobrecito do alemão. Claro que principalmente aqui no Brasil, especialmente entre os mais histéricos que sempre dizem que Schumacher bateu no Hill e no Villeneuve (e mais não dizem, porque mais não há), quase todo mundo vai achar que “mais uma vez ele […]

SÃO PAULO (lá vem malho) – Acho que pegaram pesado com o pobrecito do alemão. Claro que principalmente aqui no Brasil, especialmente entre os mais histéricos que sempre dizem que Schumacher bateu no Hill e no Villeneuve (e mais não dizem, porque mais não há), quase todo mundo vai achar que “mais uma vez ele provou que é um pilantra”, etc. e tal.

Bem, dispam-se de seus preconceitos (que vem a ser, o termo, conceitos pré-concebidos) e assistam, agora, ao vídeo inteiro da volta que Schumacher fazia. Ele vinha bem rápido, e de fato errou na Rascasse.

Quem já andou em Mônaco sabe que errar ali é coisa corriqueira. Seu carro saiu de frente, ele se esforçou para não bater, preocupação mais do que legítima. Depois tentou voltar, o carro morreu.

Corte rápido para a câmera on-board de Alonso. Sejam sinceros: ele faz a Rascasse na boa. O carro de Schumacher ali pode ter atrapalhado, claro, é melhor fazer a curva sem ninguém por perto, mas atrapalhou muito menos do que se está alardeando. Parado ali, corria o risco de levar uma porrada. Ninguém faz isso de propósito. Conheço Mônaco bem o bastante para saber que piloto algum se arrisca a se esconder atrás do muro da esquina sob o risco de ver outro enchendo sua bunda acelerando. Pode machucar e detonar o carro.

Quer saber? Pegaram o tedesco para cristo e deram o GP de bandeja para Alonso. A FIA, para não dar a impressão de que sempre protege a Ferrari e Michael, exagerou absurdamente na dose. Ninguém é santo na F-1, mas é óbvio que se Schumacher quisesse atrapalhar Alonso de alguma forma, não seria desse jeito bisonho, com 200 câmeras sobre ele, fingindo errar, para o mundo desabar sobre seus ombros.

Como disse o Villeneuve (embora com outro sentido), o cara tem sete títulos do mundo, não precisa disso.

Pronto, caiam de pau, sabichões. Mas não se esqueçam: nenhum de vocês estava dentro daquele carro e daquele capacete. Querer adivinhar as intenções de outras pessoas, a milhares de quilômetros de distância e numa situação pela qual nenhum de vocês já passou ou passará, num carro de F-1 em Monte Carlo, é apenas exercitar a capacidade de ter faniquitos.