SÃO PAULO (pano pra manga) – Estou surpreso com o tom dos comentários da blogaiada sobre Lewis Hamilton. No ano passado eu relutei um pouco para chamá-lo de “gênio”, como a maioria fez depois de três ou quatro corridas, dobrando-me a seu talento acima da média depois do GP do Japão.
Depois, ficou provado que gênio ele não era mesmo, porque gênio não comete os erros que cometeu em Xangai e Interlagos, perdendo um campeonato fácil.
Pois bem. Começa 2008 e Lewis mostra um amadurecimento estupendo. Rapidamente consegue superar a ausência de um cara experiente como Alonso na equipe e volta à luta pela taça por conta própria.
Nas últimas provas, tem dado demonstrações de perícia e arrojo, especialmente na chuva, de encher os olhos.
Aí vem um monte de gente apontar o dedo para o rapaz, chamando-o de “sujo”, “Dick Vigarista” (apelido mais batido que iogurte), “desleal”. Só porque ele faz algo que os outros não fazem: passa os adversários. Como faziam Senna e Schumacher, por exemplo. E Massa, de certa forma, embora ele venha sendo um pouco mais cauteloso nos últimos tempos — está na briga pelo título e vem correndo um pouco mais com a cabeça, sem assumir riscos desnecessários.
O que querem, santinhos ao volante? Pilotos que esperam os outros quebrarem? Ou que só sabem ganhar posições nos boxes?
Hamilton é agressivo, OK. Mas dá gosto de ver quando precisa passar alguém. Vai, assume o risco, tenta e consegue. De novo, acho que rola um certo despeito/inveja da pachecada de plantão. Fosse ele um brasileiro, seria o maior exemplo da história de “arrojo, ousadia e coragem”.
Mas, como é inglês, é “sujo”.
Vai entender…