Blog do Flavio Gomes
F-1

INTERLAGOS EM PINGOS (19)

SÃO PAULO (jantei pão com mortadela!) – A Honda não vai ficar com Barrichello. Mas Barrichello resiste à idéia de parar como se fosse um náufrago desesperado procurando um pedaço de pau para não afundar. Falou que não se enxerga fora da F-1. E que não tem um “plano B” para o caso — muito provável […]

SÃO PAULO (jantei pão com mortadela!) – A Honda não vai ficar com Barrichello. Mas Barrichello resiste à idéia de parar como se fosse um náufrago desesperado procurando um pedaço de pau para não afundar.

Falou que não se enxerga fora da F-1. E que não tem um “plano B” para o caso — muito provável — de ter de enfrentar essa realidade. Está atrás de patrocinadores para comprar uma vaga na Toro Rosso. Depois de 16 temporadas na categoria, acho que não precisava mais disso. Parece meio humilhante, ao menos aos olhos do implacável mundo que habita.

Rubens, aos 36 anos, pode até ser um piloto, tecnicamente, 100% capacitado para disputar o Mundial. Eu diria até que ele poderia correr em qualquer equipe, dependendo das pretensões de seu empregador, claro. O problema, para ele, é que a fila andou e time nenhum lhe quer. Não porque seja ruim, decadente, perdedor, deprimente, barbeiro, lento, velho, nada disso. Ninguém quer porque ninguém quer, é assim e pronto.

Quase todas as equipes têm suas duplas acertadas para 2009. Algumas possuem pilotos melhores que ele, outras dispõem de pilotos parecidos e outras ainda contam com pilotos piores. Ocorre que faltam vagas, não cabe todo mundo. São só 20 carros. Além do mais, Rubens não representa mais novidade alguma em termos de marketing e imagem, e é mais do que evidente que marketing e imagem contam na hora em que um time precisa escolher um piloto na F-1.

É por isso, inclusive, que Bruno Senna é o franco favorito a ocupar sua vaga na Honda. Barrichello cita sua experiência como algo que o time japonês deveria levar em conta para mantê-lo, mas Jenson Button também é macaco velho, vai para sua décima temporada — no que diz respeito a experiência, a Honda estará bem servida com qualquer um dos dois. Bruno é jovem, pode aprender, tem imagem ainda “pura” e, de quebra, carrega o sobrenome que carrega. Do ponto de vista comercial e esportivo, é muito mais interessante que Barrichello, veterano, desgastado, caro, no ocaso da carreira — por mais que se sinta jovem, motivado e veloz.

Alguns colegas gringos com quem conversei quinta-feira em Interlagos acham que Rubens já deveria ter feito o mesmo que Coulthard, quando percebeu que não teria lugar em 2009: anunciar a aposentadoria e sair de forma planejada e simpática. E não mendigar um lugar a qualquer custo, chegando ao final da temporada agonizando em praça pública. É algo que está fazendo muito mal a sua imagem, que já não é das melhores.