Blog do Flavio Gomes
F-1

O “DIÁLOGO”

SÃO PAULO (ai, ai, ai) – Circula desde ontem por vários meios, internet à frente, suposto diálogo entre Barrichello, Jean Todt e mais um suposto procurador da Ferrari nas últimas voltas do GP da Áustria de 2002. O “Lance!” mergulhou de cabeça e inexplicavelmente deu uma página sobre o assunto em sua edição impressa de […]

SÃO PAULO (ai, ai, ai) – Circula desde ontem por vários meios, internet à frente, suposto diálogo entre Barrichello, Jean Todt e mais um suposto procurador da Ferrari nas últimas voltas do GP da Áustria de 2002. O “Lance!” mergulhou de cabeça e inexplicavelmente deu uma página sobre o assunto em sua edição impressa de hoje, com chamada na capa e tudo. Já publicou errata em seu sítio na internet. O tal diálogo foi reproduzido no último livro de Lemyr Martins, “Histórias, Lendas, Mistérios e Loucuras da Fórmula 1″.

Lemyr é um veterano jornalista, a quem respeito muito, e com quem dividi muitas viagens, hotéis e mesas de restaurante nos anos 90 e 00. Mas a coisa é bizarra demais para ser levada a sério, embora as peças publicitárias do livro digam que se trata de uma grande revelação, de que “pela primeira vez” tal diálogo vem a público etc — isso está na contracapa do livro, e o “Lance!” entrou em contato com a editora, que garantiu que é tudo verídico.

Ontem e hoje várias pessoas me ligaram, inclusive das casas em que trabalho, para saber o que eu penso, e como tratar o assunto. Minha resposta foi simples e lacônica: ignorem, porque acho que o Lemyr pirou.

Hoje pela manhã o Victor Martins me contou que nosso brother Ivan Capelli levantou na internet, via Google e usando o nome do tal procurador citado, que por sinal não existe, o original em inglês do tal diálogo. É apenas uma piada antiga, de 2002 mesmo, que circulou na época em fóruns, correntes de e-mails e sites de diversas naturezas. Algo parecido com aquele e-mail que todo mundo recebeu garantindo que a CBF e a Nike venderam o título de 1998 para a França em troca do direito de o Brasil sediar sua Copa do Mundo.

Sinceramente, não sei como é que o Lemyr caiu nisso. E não entendo como é que a editora publica um negócio desses com esse tom, de que é uma revelação, uma verdade jamais trazida à tona. O tal diálogo é tão sem pé nem cabeça que cita até uma suposta cadelinha de Barrichello chamada Lulu e insinua que sua mãe, do piloto, não da cadelinha, está sendo torturada enquanto Rubens não dá passagem a Schumacher.

Bem, o máximo que posso dizer a vocês é repetir o que disse a meus colegas que telefonaram ontem e hoje. O melhor a fazer é ignorar o assunto. Reação que, por parte da Ferrari e da família de Barrichello, não sei se será a mesma. Talvez o melhor que a editora e o autor tenham a fazer seja dizer que o tal diálogo se encaixa nas “lendas” ou “loucuras” do título do livro. Porque se mantiverem a posição de assegurar que isso aconteceu mesmo, podem se dar muito mal.