Blog do Flavio Gomes
F-1

DETALHES MÓRBIDOS

SÃO PAULO (que fim de feira…) – Enquanto as notícias pipocam aqui e ali, alguns detalhes que foram surgindo nas últimas horas sobre a saída da Honda da F-1. Começando pela convocação de todos os funcionários em Brackley, depois que a alta direção (leia-se Nick Fry e Ross Brawn) foi avisada, no meio da tarde, […]

SÃO PAULO (que fim de feira…) – Enquanto as notícias pipocam aqui e ali, alguns detalhes que foram surgindo nas últimas horas sobre a saída da Honda da F-1. Começando pela convocação de todos os funcionários em Brackley, depois que a alta direção (leia-se Nick Fry e Ross Brawn) foi avisada, no meio da tarde, de que haveria um anúncio oficial no início da tarde de sexta, horário do Japão. Imediatamente foram chamados aqueles que estavam na fábrica e, às 18h de Londres, foi feita a comunicação a todos de que dali a algumas horas, em Tóquio, a montadora iria revelar que está deixando a categoria.

Mais: a Honda não pretende sequer fornecer motores, ao contrário do que se imaginava quando começaram a eclodir os boatos sobre o fim da equipe. Ao que parece, os japoneses se mandam de mala e cuia. Alguns funcionários, que estavam de férias em outros países, foram avisados pelo telefone. O time será colocado à venda, mas se aparecer alguém disposto a pegar o abacaxi, leva até de graça. Caso contrário, fecham-se as portas, e pronto.

A Honda prometeu a Fry e Brawn suporte financeiro por três meses, caso o time queira continuar testando e desenvolvendo alguma coisa. Depois disso, tchau. Imediatamente Brawn iniciou contatos com a Ferrari, para saber se há alguma possibilidade de arranjar uns motores, agora que os italianos deixaram de fornecer para a Force India (que se associou à McLaren e à Mercedes).

A imprensa inglesa especula, também, que lá perto de Brackley, na sede do Subaru World Rally Team em Banbury, adorável cidadezinha onde muitas vezes jantei em fins de semana de GP da Inglaterra, David Richards puxou o extrato da conta no banco para ver se sobrou algum neste fim de ano. A idéia da Prodrive não foi de todo abandonada. E ele foi chefe da BAR, antecessora da Honda, quando a equipe merecia ser chamada como tal — quando a Honda comprou o time inteiro, a maionese desandou. Se o precinho for bom, em vezes, por que não?

Aqui no Brasil, a Petrobras se prepara para economizar alguns milhõezinhos. O patrocínio e fornecimento de gasolina foram fechados com a Honda, uma montadora. Não com um suposto time independente. Já era. Rasga o contrato e pronto. Se bobear, leva algum de multa.

Segunda-feira, acredita-se, Fry e Brawn voam para Tóquio (com milhas, provavelmente) para conversar com a cúpula hondiana. Vão ouvir o que já sabem: vendam esta merda. Se não tiver ninguém interessado, podem dar para quem quiser. Não brincamos mais.

E é nessas horas que Max Mosley estufa o peito, e com razão. Quando ele dizia, anos atrás, que a F-1 não podia ficar refém das montadoras, que decidem seus destinos no esporte à luz de balanços anuais, estava mais do que certo. Quando ele dizia que era preciso estimular as equipes independentes, ajudá-las, cortar os custos, também.

A Honda é a primeira a desertar. A Toyota pode seguir o mesmo caminho. A Renault, entra ano, sai ano, tem sua permanência colocada em dúvida. E assim caminha a humanidade. Gastam os tubos. Quando chega a conta e é preciso economizar, fecham e foda-se.