É uma situação extrema, mas pode acontecer. E o que vai acontecer, de verdade? Vai acontecer que confiabilidade e regularidade serão palavras riscadas do dicionário das equipes em 2009. Aqueles que têm chances de vitórias vão brigar só por elas, abdicando até de competir em determinadas pistas às quais seus carros não de adaptam. Danem-se os pódios e os pontos “intermediários”. Se der para vencer, ótimo. Mas se estiver em oitavo, sexto, melhor abandonar, poupar o equipamento em geral e o motor em particular para a próxima. Porque os pontos, agora, servirão apenas como critério de desempate.
É uma inversão histórica: sempre quem fez mais pontos foi o campeão (exceto nas temporadas em que havia descarte de resultados), e em caso de empate o número de vitórias era o primeiro critério para apurar o vencedor geral. Agora, quem ganhar mais corridas fica com o título, e em caso de empate no número de vitórias, leva a taça aquele que tiver mais pontos.
OK, é louvável incentivar a luta pela vitória. Mas isso poderia ser feito aumentando a pontuação dos três primeiros, o que me parece bem mais razoável. No fim das contas, Bernie “Zé das Medalhas” Ecclestone não emplacou o ouro, a prata e o bronze olímpicos, mas fez passar o que imagina ser o ovo de Colombo para aumentar a competitividade: só vale ganhar. O resto não interessa.
A F-1 não é assim. O campeonato é longo, passa por pistas de características as mais diversas, e são poucas as equipes que têm condições de lutar verdadeiramente pelas vitórias. É uma modalidade muito desigual entre seus competidores para ser simplificada assim e se sujeitar a acasos, como uma vitória de um Fisichella de Jordan, ou de um Vettel de Toro Rosso. Perde-se um campeonato no estrito senso da palavra e ganha-se uma roleta russa das mais doidas. Um piloto pode passar as dez primeiras corridas do ano zerado, mas alimentará a esperança de ser campeão nas últimas se, de repente, seu carro melhorar barbaramente (Renault e Alonso no ano passado) e ninguém tiver vencido muitas corridas antes. É legal isso? O cara, na prática, correu de verdade menos de meio ano. E o que as outras fizeram nas demais provas, não vale nada?
Sei lá, pode funcionar, pode ser um furo n’água. Juro que ainda não tenho uma opinião 100% formada. Em tese, repito, acho que seria melhor premiar os vencedores e frequentadores do pódio com mais pontos. Fato é que o caráter da competição mudou. “Win or wall” passou a ser a palavra de ordem.
Acho que estão todos ficando birutas… Mas quero saber o que vocês pensam.