Blog do Flavio Gomes
#69

O SABADÃO DO MEIANOV

SÃO PAULO (eu queria almoçar, de vez em quando) – Bem, vamos lá. Chega de falar de Sepang. Chega de F-1. Vamos ao que importa: o Meianov. Foi bem legal a terceira etapa da Classic Cup, sábado, apesar da correria. Acordei às 5h para ver o treino da F-1, saí às 7h de casa para […]

SÃO PAULO (eu queria almoçar, de vez em quando) – Bem, vamos lá. Chega de falar de Sepang. Chega de F-1. Vamos ao que importa: o Meianov. Foi bem legal a terceira etapa da Classic Cup, sábado, apesar da correria. Acordei às 5h para ver o treino da F-1, saí às 7h de casa para Interlagos depois de uma blogada rápida, fiz a classificação às 8h40, escrevi para os jornais lá mesmo no autódromo até umas 11h e fui para a corrida às 12h45. Depois ainda teve churrasco da rádio. Não tenho mais idade para tanta coisa…

Mas sobrevivemos, e o Meianov foi bem neste sabadão. Na classificação, virei uma volta em 2min17s895 (média de 112,494, para alguém aí que perguntou), um pouquinho acima do recorde do carro, que é de 2min17s502, em dezembro do ano passado. Como voltamos ao carburador original usado no Laika, é um progresso. Estávamos usando um carburador de Opala, mas isso me colocava na Divisão 2, junto dos Pumas, muito mais leves e com motores 1.600 cc a ar superdesenvolvidos.

Na Divisão 1, para carros originais, tenho mais chances de pódio. E aos poucos vamos melhorando outras coisinhas para chegar, até o meio do ano, na casa de 2min15s, que é o plano inicial — planejamos tudo, estão pensando o quê?

Foram 28 carros no grid, pole do Puma Transformer do Malanga com 1min59s998. Larguei em 25º. Já na sexta-feira, o Nenê Finotti, meu chefe de equipe e piloto de testes, avisou que quando treinou com o carro, quinta-feira, a coisa estava feia: quarta marcha escapando, falhação elétrica no motor em alta, destracionando demais, “como é que você guia esse carro?”.

Bom, guiando, uai. Para tudo tem um jeito. Treinei na sexta tentando encontrar uma forma de dirigir segurando a alavanca de câmbio nas escapadas, mas foi meio complicado no Laranjinha, curva que faço em quarta. Com uma mão só é dose. Tentei fazer em quinta, não dava, perdia muita força. Em terceira, parecia que o motor ia sair pelo capô. Mas fui tentando, tirando o pé antes, bem antes, reduzindo numa velocidade menor, fazendo a subida com mais força e sem esgoelar demais em terceira. Funcionou mais ou menos, mas era a única forma, porque entrar no Laranjinha em quarta, dar uma tiradinha de pé e o carro entrar em ponto morto era que não dava. Precisamos refazer os coxins do motor, porque em quarta ele se move quando tira o pé e escapa a marcha. É um dispositivo soviético de segurança, usado pela KGB para perseguir espiões americanos, que não se aplica às pistas.

A corrida foi bem divertida, desta vez, melhor que a última. Dia de sol, sem muito calor, bastante gente nos boxes, e parti bem, acho que passei um ou dois Fuscas, deixei o Fiat do Zuffo para trás (ele mudou o motor e o carro ficou lento), dei umas duas ou três voltas atrás do bolo de Chevettes, perto do Giordano, de Fiat, e tive umas brigas legais, especialmente com o André Mello, do Chevette vermelho #56, que usa motor AP. Acho que com mais alguns acertinhos, vai ser com a gangue do Chevette que o Meianov vai se esfregar nas próximas corridas, porque meus tempos não estão muito distantes.

Houve um acidente com o Malanga na nona volta e entrou o safety-car, juntando o grid. O Transformer ficou bem estragado e fotos podem ser vistas aqui, na página do Rodrigo Ruiz. Não encontrei com ele depois da corrida, mas perguntei aqui e ali e parece que estava tudo bem, não se machucou, felizmente. A briga do Malanga era com o Gulla, de Puma “Favelado” vermelho, e talvez ele tenha ficado sem freios, não sei. Bateu na entrada do S do Senna.

Quando houve a relargada, passei uns caras e colei no Chevette do André e em alguns Fuscas, não sei bem quais, porque na pista eu sou meio esquisito, nunca registro direito os números e nomes dos pilotos dos Fuscas, eles andam sempre em bando, é um terror!

De qualquer forma, estava perto deles, brigando por posições, mas escapei duas vezes na Junção, fui para a grama e acabei com o ecossistema local e com as disputas, embora o Meianov, em ambas, tenha voltado intacto para o asfalto depois de umas chicotadas básicas. A história da marcha escapando, como dizem os pilotos, “didn’t help”. Mas o carrinho foi valente até o fim, fechando a prova em 19º na geral com 13 voltas, só uma atrás do Gulla, vencedor absoluto, e em segundo na categoria. Minha melhor volta na corrida: 2min17s736. Cruzei a linha só 1s636 atrás do André e 10s106 atrás do José Azevedo, de Fusca Speed, o que me faz pensar que se não fossem meus passeios pela grama da Junção eu poderia ter terminado a corrida umas três posições à frente. Paciência, errou, dançou. Ainda bem que o chefe de equipe não viu e meu manager Salomônico não foi a Interlagos, ocupado que está negociando contratos de patrocínio na Letônia.

Falando em patrocínio, arrumei mais um além da Pirelli, Corsa, ProSpeed e ToGroundControl. É o Grupo Uzêda, que será responsável pelo transporte do automóvel a Interlagos e de volta para a oficina em todas as minhas corridas até 2029. Foi um acordo de curto prazo, para medir o retorno. Se for bom, a gente renova por mais 20 anos.

A câmera on-board não funcionou. Se autodesligou na largada, e vamos ver o que fazer na próxima corrida. De qualquer forma, o Meianov e a Lada serão tema de matéria no “Limite” amanhã na ESPN Brasil.