Blog do Flavio Gomes
Indústria automobilística

MARCHA-À-RÉ

SÃO PAULO (meno male) – Apareceu agora há pouco no site da “Quatro Rodas”. A VW diz que a notificação judicial ao irmão do Décio, o Eduardo de Oliveira, que faz “releituras” de clássicos, foi “um engano”. Hum… Sem querer parecer pretensioso, creio ser esta uma vitória da blogosfera. Afinal, esse caso todo surgiu num […]

SÃO PAULO (meno male) – Apareceu agora há pouco no site da “Quatro Rodas”. A VW diz que a notificação judicial ao irmão do Décio, o Eduardo de Oliveira, que faz “releituras” de clássicos, foi “um engano”.

Hum…

Sem querer parecer pretensioso, creio ser esta uma vitória da blogosfera. Afinal, esse caso todo surgiu num blog, o do irmão do Décio, e espalhou-se como rastilho de pólvora por blogs de todo o Brasil, culminando um dia depois com o recuo da poderosa VW. 1 a 0 pra nóis. É nóis, mano.

A propósito, vinha eu para a emissora coisa de duas horas atrás (estou no ar, escrevendo ao mesmo tempo, adoro fazer dez coisas ao mesmo tempo, no fim acabo não fazendo nenhuma direito) quando tocou meu novo celular, um aparelho com o qual jamais me acostumarei. Era um importante executivo da VW, mas como não sei se ele quer que seu nome seja revelado, não vou dizer quem é.

Muito educado, me disse mais ou menos isso, que a VW “não queria” notificar o pobre do irmão do Décio. “Ué, então por que notificou?”, perguntei. Ele não soube dizer direito, mas disse que eu deveria ter ouvido o “outro lado” antes de escrever o que escrevi, e lhe expliquei que um blog não é um veículo noticioso, que não fiz denúncia alguma, apenas emiti minha opinião sobre um fato consumado. “Ouvir o outro lado” não é algo que se deva fazer sempre no jornalismo. Quando um colunista do “NYT” critica (ou elogia) uma medida do presidente Barack Obama, não precisa necessariamente ouvi-lo. Se o Lula resolver asfaltar a Amazônia, não precisarei ouvi-lo para descer a lenha. Sacou como é?

De qualquer forma, disse a ele que se quisesse se defender da pancadaria que a blogaiada está desferindo à VW, que ficasse à vontade. Mas alertei que isso não era garantia nenhuma de que iria cessar a sessão porrada.

O executivo me disse também que eu, como jornalista, não deveria ter escrito aquelas coisas daquela forma, e eu respondi que sou jornalista, sim, mas sou outras coisas, também — entre elas, consumidor da VW, tenho oito carros da marca, ora bolas! Ele tentou ainda argumentar com a história do uso indevido da imagem, mas argumentei que meu filho mais novo vive desenhando Fuscas nas suas lições de casa, com o V e W no capô, e não quero que ele seja processado por isso.

Bem, o diálogo foi cortês (não estou sendo irônico, foi mesmo) e notei certo arrependimento, ou constrangimento, ou mal-estar com toda essa situação. Notei também que quem não me conhece direito fica meio chocado com alguns termos que uso (“engravatados de merda”, por exemplo, gosto muito dessa expressão), mas aí paciência, é o meu jeitinho.

A bola agora está com o irmão do Décio. Pelo que entendi, ele pode colocar tudo de volta no seu blog sem que lhe encham o saco.