Blog do Flavio Gomes
F-1

MONEGASCAS (11)

SÃO PAULO (fácil demais) – Largou, acelerou, esperou o tempo passar, ganhou. Button, que mora em Mônaco, talvez nunca tenha tido tanta facilidade para ir de um lugar a outro no Principado quanto na corrida de hoje, que foi, junto da de Barcelona, a mais sem graça da temporada. Não é novidade, aliás. Monte Carlo […]

SÃO PAULO (fácil demais) – Largou, acelerou, esperou o tempo passar, ganhou. Button, que mora em Mônaco, talvez nunca tenha tido tanta facilidade para ir de um lugar a outro no Principado quanto na corrida de hoje, que foi, junto da de Barcelona, a mais sem graça da temporada. Não é novidade, aliás. Monte Carlo só produz corridas boas quando chove e quando os pilotos estão em dias ruins e cometem erros, se arrebentando no guard-rail, mergulhando no porto, atravessando seus carros na Loews interrompendo o tráfego, voando sobre o público, estatelando-se no cassino, forçando a entrada do safety-car.

Hoje, quem errou? O Kovalento, o Nakalerdo, Tião Vettel, Tião Buemi. Só. Batidas bobas e sem grandes consequências, exceto para eles mesmos. Aliás, Vettel está merecendo uns puxões de orelha. Não que seja mascarado, ou se ache o uó do borogodó, mas já cometeu dois erros neste ano que lhe custaram muitos pontos e, possivelmente, a vice-liderança do Mundial.

Posição que, diga-se, não importa muito porque seja quem for o vice-líder, dificilmente vai conseguir arrancar de Button o título deste ano. Com cinco vitórias em seis corridas, embora a diferença de pontos para Barrichello não seja nada assombrosa, 16 apenas, Jenson só não será campeão caso aconteça algo muito fora do comum, como uma paixão avassaladora que o tire das pistas e o leve a ser pescador no litoral do Ceará, ou uma viagem interplanetária sem data para voltar, ou um surto místico-religioso que o transforme em líder de alguma seita numa cidade-satélite de Brasília.

O GP monegasco foi bem chatinho, previsível mesmo, sem um toquinho na largada que fosse, algo que não compreendo, com aquelas asas limpa-trilhos ninguém se esbarra, nada acontece. Do jeito que os três primeiros fecharam a primeira volta, terminaram. Mesmo depois de dois pit stops para cada.

No primeiro stint (eu gosto de stint), Button ganhou a prova, ao despachar Rubens fazendo melhor uso dos pneus-chiclete. Depois, foi só gerenciar a situação. Tirando a burrada vetteliana, que poderia chegar nos pontos, o resto ficou onde estava. Bem na corrida foram Bourdais, pontuando em oitavo, e Fisichella, que chegou em nono com a Caminho das Índias depois de passar a noite dançando. O Glock também, largou dos boxes e terminou em décimo. Mas do oitavo para trás, sinceramente, bela merda.

A Ferrari melhorou muito, sem dúvida, mas em Mônaco não se mede performance. Então, devagar com as previsões. Na Turquia, sim, será possível ter uma ideia mais clara de quanto. O que os italianos têm de festejar, mesmo, é o fato de não terem feito nenhuma cagada federal no fim de semana, como esquecer o carro no caminhão, ou colocar álcool no tanque em vez de gasolina. Resultado: terceiro para Kimi, quarto para Felipe, e está bom demais.

Por fim, Piquet-pimpolho que, coitado, não teve culpa nenhuma em ser atropelado por Buemi. O que achei engraçado foi o que ele disse à moça da TV: “É isso que dá colocar piloto jovem na F-1, sem experiência”. Ora, ora. Falou o veterano de tantas vitórias, tantas conquistas. Nelsinho tem toda razão de ficar putcho dentro do macacão. Mas precisa lembrar que ainda está na sua segunda temporada e, corrida a corrida, fez mais burradas neste ano que Buemi. E menos pontos. Portanto, que segure a língua. O suíço errou feio, desculpou-se, mas não bateu por falta de experiência, e sim por barbeiragem.

O que também não tem a menor importância.