Blog do Flavio Gomes
#69

O SABADÃO

SÃO PAULO (a próxima é quando, mesmo?) – Depois de uma sexta-feira muito fria e úmida, o dia hoje amanheceu carrancudo, mas seco. Eu, que até gosto de andar na chuva, fiquei aliviado. Do jeito que estava a pista ontem, era impossível guiar. Fizemos a classificação bem cedinho ainda com o asfalto um pouco molhado. […]

SÃO PAULO (a próxima é quando, mesmo?) – Depois de uma sexta-feira muito fria e úmida, o dia hoje amanheceu carrancudo, mas seco. Eu, que até gosto de andar na chuva, fiquei aliviado. Do jeito que estava a pista ontem, era impossível guiar.

Fizemos a classificação bem cedinho ainda com o asfalto um pouco molhado. Mas bem melhor do que nos treinos livres. Na pole, uma surpresa: Fábio Coelho, com o Passat Amêndoa Encantada, 2min03s502, deixando para trás o favorito Sebastião Gulla, 0s864 atrás. O Fábio é um baita brother, querido de todos. Guia pacas. Foram 28 carros na classificação e o Meianov ficou em 24º, com 2min17s932.

Dei só quatro voltas. Vinha numa que me parecia boa quando apareceu uma bandeira vermelha, mas não iria baixar muita coisa. Como a pressão do óleo chegou a cair a zero na freada da Junção, achamos melhor parar para ver o que estava acontecendo.

O carro me deu a impressão de estar um pouco melhor, destracionando menos, mas ainda difícil de domar em algumas curvas. O motor falhava um pouco, alguma coisa elétrica, provavelmente. Mas nada grave.

Entre o treino e a largada, eu, Rogério Tranjan (à esq. na foto) e Marcelo Giordano ficamos na frente do nosso box distribuindo cards com fotos de nossos carros e dando autógrafos, vejam só!, para a petizada no autódromo. Foi bem legal, isso. Acho que demos uns 100 autógrafos cada, e percebemos que esse pequeno público que vê as corridas do Paulista gosta bastante da Classic Cup e de seus carrinhos antigos, valentes e coloridos.

Carlos Montagner, diretor de prova do GP do Brasil de F-1, foi quem dirigiu a corrida de hoje. É um cara legal, respeitado, conhecedor do ofício. Fomos para a prova com sol e pista totalmente seca. A largada foi meio confusa. Foram duas voltas de apresentação, a segunda sem safety-car na frente. Largaram 26, e na minha frente, no grid, havia três lugares vagos, de gente que classificou e, por alguma razão, não largou. Deveriam ter rearranjado o grid. Enfim… Gosto das largadas lançadas, mas o procedimento tem de ser muito bem feitinho, senão avacalha.

Minha prova estava tranquila, sem ninguém por perto nem na frente, nem atrás, até a quarta volta. Foi quando o Tranjan rodou no Lago e perdeu um tempão. Passei por seu carro parado e, de repente, me vi na segunda colocação na minha divisão.

O Rogério vira, em média, 5 segundos mais rápido que eu com seu Trovão Azul. Eu sabia que se quisesse chegar à frente dele, teria de abrir uma distância muito grande. Fiz o possível. Até que, faltando umas três voltas para o fim, ele me passou no meio da reta dos boxes. Consegui chegar ao S do Senna perto dele, retardei um pouco a freada e recuperei a posição, jogando para a torcida, como ele brincou, embora sabendo que aquilo não iria durar muito. Durou uma volta e meia. Reclamei até dos comissários, que estavam me dando bandeira azul. Afinal, era disputa de posição… Vendo o vídeo depois, percebi que as bandeiras estavam sendo agitadas porque o Gulla, já líder àquela altura, estava para colocar uma volta em nós dois.

Rogério me passou no fim da Reta Oposta, num momento em que minhas marchas não entraram, nas reduções. Problema que já tinha vivido duas corridas atrás e que aconteceu várias vezes hoje. Ele me passaria, de qualquer forma. Mas se eu conseguisse me manter à frente mais um pouco, quem sabe o que poderia acontecer? A pista, desde a oitava volta, tinha piorado barbaridade. Alguém deixou óleo do Laranjinha até o Bico de Pato, e no S antigo o estado do asfalto era crítico. Olhando os tempos de todos os pilotos, depois da corrida, vi que todo mundo piorou de 3 a 6 segundos por volta por conta do óleo, com raríssimas exceções. Porque aquela poça bem no traçado do S simplesmente estragava o miolo de todo mundo.

Depois que passou, o Rogério não errou mais. Enquanto eu me esgoelava para tentar chegar perto, ele tocava seu Trovão Azul com segurança e cautela para não colocar sua posição em risco, me mantendo a uma distância segura. Na penúltima volta, ainda dei um passeio na grama, na subida do Café, e aí não havia mais o que fazer.

Ainda assim, deu um podiozinho na minha divisão, terceiro, e o Meianov levou um troféu para casa. Ganhou o Gulla, na geral, nosso Jenson Button, com cinco vitórias em cinco corridas neste ano. Edson Furrier fez uma prova muito boa e terminou em segundo. Outro que andou demais foi o Adriano Lubisco, com o Chevette #8, sexto na geral. Acho que foi seu melhor resultado. Sensacional. Os chevetteiros são sempre um show à parte e hoje o dia foi do Adriano, que eu chamo de “Xupisco”. Eu terminei em 18º na geral, com a melhor volta em 2min16s949. Como achei que o carro melhorou, e o tempo ficou na mesma, precisamos ver o que aconteceu — além de eu ter abusado de andar de lado em algumas curvas, como vai dar para ver no vídeo on-board, que colocarei no ar assim que nosso departamento de TV editar a bagaça; é algo até gostoso de fazer, mas não vem tempo com essas gracinhas.

Ah, sobraram bastantes camisetas do Meianov. A turma de fora de SP, ou mesmo aqueles que não puderam ir a Interlagos, podem pedir diretamente para mim, se quiserem, pelo e-mail flaviog@warmup.com.br.

Agora preciso dormir.