Blog do Flavio Gomes
F-1

FISH & CHIPS (5)

SÃO PAULO (a lógica) – Vettel ganhou de ponta a ponta, na prática. Com uma autoridade de veterano que demonstra na maior parte do tempo. Às vezes dá suas escorregadas, coisas da juventude. Como na Austrália e em Mônaco, pontos que perdeu e poderiam lhe colocar, hoje, na vice-liderança do Mundial. Não foi o caso […]

SÃO PAULO (a lógica) – Vettel ganhou de ponta a ponta, na prática. Com uma autoridade de veterano que demonstra na maior parte do tempo. Às vezes dá suas escorregadas, coisas da juventude. Como na Austrália e em Mônaco, pontos que perdeu e poderiam lhe colocar, hoje, na vice-liderança do Mundial. Não foi o caso hoje. Vettel largou, aelerou, ganhou. Não deu a menor chance a Barrichello na largada. Começou a abrir à espantosa razão de 1s por volta. Sem errar nada, ficou fácil. Ele fez ficar fácil.

Foi aterceira vitória do rapaz na carreira, segunda no ano. Só ele e Button venceram em 2009. A Red Bull será difícil de conter, daqui para a frente. É hora, para Button, de fazer contas. Ele tem 25 pontos de vantagem sobre Tião Alemão. Se perceber que os carros de Newey serão imbatíveis, o negócio é beliscar pódios. O título ainda está, digamos, fácil — apesar de sua discrição em Silverstone, o que acabou sendo uma surpresa, mas não é necessariamente uma tendência. Jenson teve um único lampejo de competição, nas últimas voltas, quando chegou em Rosberguinho. Mas como não é besta, não foi para a briga. Garantiu seus três pontinhos.

O segundo lugar de Webber se desenhou nas primeiras voltas, ao ficar colado em Barrichello. Era óbvio que faria a ultrapassagem no pit stop, porque pararia depois. A Red Bull ainda arriscou. Poderia ter feito uma parada um pouquinho mais rápida. Deu no talo, voltou exatamente à frente do brasileiro. Risco desnecessário. Para Rubens, o terceiro lugar ficou aquém daquilo que ele prometeu (pole, melhor volta, vitória). Dê-se o desconto da performance dos carros. Button andando atrás mostrou que alguma coisa estava errada no fim de semana. Mas Barrichello, de novo, apresentou ritmo de corrida ruim. Foi bem na classificação, embora mais leve que Vettel. Mas, na prova, acabou sendo burocrático.

Se eu fosse eleger o melhor em campo para dar o Motorádio, Vettel à parte, seria Massa. Largou bem, cometeu pequeno erro no início, mas manteve um ritmo muito forte. Era nono na primeira volta, apareceu em segundo antes do pit stop. Nas operações de box, ganhou posições de Trulli, Raikkonen, Rosberg, Nakajima e Button. Isso só se consegue acelerando muito, o tempo todo. Foi sua melhor corrida no ano, digna de aplausos.

Button ficou fora do pódio pela primeira vez na temporada. Só dois abandonaram, e por barbeiragem: Bourdais e Kovalento. Ambos têm empregos em risco. Nelsinho fez uma prova melhor que Alonso, que perdeu tempo demais brigando com Hamilton e Heidfeld. Silverstone não tem muitos pontos de ultrapassagem para carros que ainda dependem bastante de aerodinâmica, embora menos que no ano passado. São poucas as freadas fortes onde dá para tentar algo. No pau puro, é difícil. Por isso a corrida, no fim das contas, foi chatinha.

No pódio, hino certo para a Red Bull, da Áustria. Justíssima a presença de Newey para receber a taça. Seus carros são um primor quando o regulamento é mais restritivo na eletrônica, pneus, motor — como agora. E, por fim, menção honrosa a Fisichella, um aposentado que de vez em quando consegue façanhas como levar o carro da Force India à décima posição numa prova com apenas dois abandonos. Os dois, aliás, atrás dele. Portanto, um décimo de verdade. Panela velha é que faz comida boa, mesmo que seja só às vezes.