Mas Hamilton já é uma realidade, campeão do mundo, quando voltar a ter um carro bom voltará a ser protagonista. Voltemos a Vettel.
No mesmo texto linkado acima, eu dizia também que o quarto lugar em Xangai, na opinião deste modesto blogueiro, equivalia ao segundo lugar de Senna em Mônaco. Está no fim daquela coluna. O que, já à ocasião, despertou a ira da pachecada.
Para dizer a verdade, em 2006 eu já ficara muito impressionado com Tião Alemão, que aos 19 anos, com um carro da BMW Sauber, fizera o melhor tempo no treino de sexta na Turquia, naquela temporada em que os times podiam usar um terceiro piloto nos finais de semana de GP. Era a quarta vez que sentava num F-1. Por melhor que fosse o carro, não foi algo normal.
No ano passado, depois que venceu em Monza com a Toro Rosso, aí sim fiz um paralelo entre aquele resultado e, de novo, o segundo de Ayrton em Monte Carlo, sempre evocado por aqueles que consideram o brasileiro um ser acima do bem e do mal, o melhor de todos os tempos, o cara que foi capaz de fazer aquilo tudo com uma Toleman. Esse post é até hoje um dos cinco mais comentados da história do blog. A maioria achando que sou doido por ousar comparar alguém como Senna a um fedelho como Vettel. Como se sabe, comparar qualquer um a Senna, no Brasil, é um convite para ser esculhambado.
A passagem de Vettel pelas categorias menores foi mais fugaz, hoje começa-se mais cedo. Senna estreou na F-1 com 24 anos. Sebastian, com 19. Mas ele tem, no currículo, algumas temporadas impressionantes, sim, no kart e na F-BMW. E quando sentou como titular num F-1, começou a impressionar ainda mais. Como Ayrton, de certa forma. Por isso, não é nem um pouco descabida a comparação entre os dois. Que não tem como objetivo dizer “Vettel é melhor que Senna” ou “Vettel nunca será melhor que Senna”. Mas, sim, poder afirmar que estamos vendo o nascimento de um cara que pode vir a ser tão bom quanto, com uma trajetória semelhante.
Só isso. Vettel pode vir a ser um piloto com currículo mais expressivo do que Ayrton (e, se conseguir superar a folha corrida do brasileiro, mais expressivo do que a imensa maioria dos pilotos que já passaram pela F-1). É candidato a ser um dos grandes de todos os tempos, como em algum momento foram Alonso e Hamilton, por exemplo. Ambos, sem dúvida, já inscreveram seus nomes na história, mas ainda estão longe de entrar naquela seletíssima categoria de gênios de verdade — que tem meia-dúzia, se tanto (OK, querem lista, vamos a uma lista: Schumacher, Prost, Senna, Piquet, Lauda, Emerson, dos que vi).
Vettel está nascendo como grande estrela diante de nossos olhos. E é legal acompanhar o alvorecer de uma estrela.