Blog do Flavio Gomes
F-1

O FUTURO DA RENAULT

SÃO PAULO (nebuloso) – Se não me engano, foi antes do final da temporada de 1997, talvez mesmo no começo, que a Renault anunciou que em 1998 não estaria mais na F-1. Foi um espanto, porque afinal a marca havia conquistado os títulos de 1992 (Mansell), 1993 (Prost), 1995 (Schumacher), 1996 (Hill) e 1997 (Villeneuve) […]

SÃO PAULO (nebuloso) – Se não me engano, foi antes do final da temporada de 1997, talvez mesmo no começo, que a Renault anunciou que em 1998 não estaria mais na F-1. Foi um espanto, porque afinal a marca havia conquistado os títulos de 1992 (Mansell), 1993 (Prost), 1995 (Schumacher), 1996 (Hill) e 1997 (Villeneuve) como fornecedora de motores para Williams e Benetton. Era, na ocasião, a marca mais forte da categoria. Brinquei numa coluna, na época, perguntando o que eu deveria fazer com meu Twingo — afinal, tinha comprado o carrinho estimulado pelo sucesso da Renault nas pistas etc.

A explicação dos franceses parecia estapafúrdia, mas fazia algum sentido, do ponto de vista mercadológico. Depois de tantos anos vencendo, as vitórias deixariam de ser notícia e de dar o retorno desejado. E havia o risco de começar a perder; aí sim, as derrotas passariam a ser notícia e o retorno seria negativo.

E lá se foi a Renault, voltando anos depois ao comprar a Benetton para remontar uma equipe própria, que atingiu o auge no biênio 2005-2006 com Fernando Alonso. Então perdeu o espanhol para a McLaren e despencou de rendimento com uma dupla muito fraca, Kovalainen e Fisichella. Foi quando começaram a circular os rumores de que o presidente da companhia, Carlos Ghosn, não gostava muito de F-1, achava os custos muito altos, o time foi para a corda bamba.

Alonso voltou, mas as coisas não melhoraram muito. O fim da temporada passada foi bom, no entanto, com duas vitórias do espanhol. Mas 2009 começou e o time não andou para a frente. Fernando, agora, está muito próximo de sair de novo, rumo à Estação Maranello. E não há pilotos de ponta disponíveis para substituí-lo.

É sintomático o fato de que ninguém especula nomes para seu lugar no time. Indica que a Renault perdeu importância, não é meta para ninguém, tornou-se uma equipe pequena que tem um piloto grande, e está prestes a perdê-lo. Os boatos dando conta de que a Red Bull poderá usar Mercedes no ano que vem vão ao encontro da tese de que a Renault considera fortemente a possibilidade de abandonar o barco. Patrocínio para 2010 não há, já que a ING, oficialmente, já anunciou que deixa a F-1 no final da temporada.

Essa perda coletiva de importância, piloto, cliente e patrocinador pode precipitar uma nova evasão da marca da categoria, o que deixaria no mercado um excelente espólio para ser comprado por alguém a preço de banana. Briatore, talvez?