Blog do Flavio Gomes
#69

RODANDO NA CHUVA

SÃO PAULO (mas foi divertido) – O sábado foi evidentemente tenso em Interlagos, onde estávamos para a sétima etapa da Classic Cup. Primeiro por causa da chuva muito forte, que já tinha deixado todo mundo apreensivo nos treinos livres da sexta. Mas, claro, muito mais pelo acidente em Hungaroring. Com a pista muito molhada na […]

SÃO PAULO (mas foi divertido) – O sábado foi evidentemente tenso em Interlagos, onde estávamos para a sétima etapa da Classic Cup. Primeiro por causa da chuva muito forte, que já tinha deixado todo mundo apreensivo nos treinos livres da sexta. Mas, claro, muito mais pelo acidente em Hungaroring.

Com a pista muito molhada na sexta, debaixo d’água, virei uma volta em 2min39s. No seco, o Meianov vira na casa de 2min16s. O Nenê, nosso chefe de equipe, disse que com os pneus que eu estava usando, radiais lixados, seria difícil correr no sábado. Pensei em sair para comprar um jogo novo, mas está muito caro, estou sem grana, decidi correr do jeito que dava.

Chegando ao escritório, já contei aqui, brinquei no Twitter que se tivesse de pedir à Pirelli, que patrocina o glorioso soviético, só no mês que vem teria os pneus. Não por eles, mas por mim… A logística é complicada, tem de retirar os pneus em Barueri, eu não teria tempo. Mas prontamente o pessoal da Pirelli me ligou, arrumou pneus novos numa loja lá em Interlagos mesmo e no sábado cedinho eles já estavam montados no carro.

Ainda bem, porque sábado de manhã chovia mais ainda. Com pneus novos, dava para ficar na pista. Com os lixados, acho que seria bem complicado.

Fomos para a classificação às 8h e fiz uma volta em 2min39s716. A chuva apertou. Achei que estava abafando, que tinha feito um temporal. Pfff. Tempinho de merda, na verdade. Fiquei em 19º, atrás de pelo menos dois carros mais lentos que o meu no seco, o Chevette do Luiz Gomes e o Fusca do Artur Pilan.

Na pole, uma festa: nosso querido Adriano Lubisco, que chamamos de Xupisco, com seu Chevette AP da equipe Brandini, que reúne os chevetteiros da categoria. Ele fez a melhor volta do treino em 2min25s446, deixando o experiente Antonio Chambel, de Passat (da mesma divisão 3), a 0s492 de distância. O Gulla, do Puma vermelho, que vem ganhando quase tudo neste ano, não foi bem e ficou em quarto com 2min30s526.

A turma da minha divisão virou bem, todos de Passat: Carlos Braz em nono (2min33s298), Rafael Gimenez em 11º (2min34s555) e Rogério “Trovão Azul” Tranjan em 16º (2min37s657).

Terminado o briefing, fomos todos ver a classificação da F-1, já que a corrida começaria só depois do almoço. E aí veio o acidente de Massa, e toda aquela correria, mais ainda para mim, que tinha blog, twitter e jornais para atualizar.

A chuva continuou, e quando fomos para a corrida a pista estava totalmente molhada. Eram 27 carros no grid. Eu gosto de correr na chuva, um gosto que vem dos tempos de DKW, uma delícia no molhado com tração dianteira. A tração traseira é mais traiçoeira. Mesmo assim, não estava muito preocupado. Corridas não me deixam nervoso. A tensão geral, mais do que pela chuva, era visível em todo mundo por conta das coisas na Hungria.

A largada foi OK. Passei três carros na freada para o S do Senna e mais dois no Lago, quando rodei pela primeira vez. O Meianov deu um 360 e vi todo mundo chegando. Fiquei esperando a porrada. Mas ainda bem que nossa categoria tem pilotos muito bons, de verdade. Rodar no meio de um monte de gente, na chuva, e ninguém encostar no seu carro é quase um milagre.

Por sorte fiquei de frente para a pista. Puxei a primeira com alguma violência, tanto que a bolota da alavanca de câmbio saiu na minha mão… Caí para último. Mas não perdi muito tempo, e já na sequência Laranjinha-S antigo, passei a turma que tinha me passado. Meio Senna em Donington, sabem?

Daí em diante, as coisas se acomodaram até o Tranjan encostar com o Trovão Azul, e ficamos até a sétima volta andando juntos. Consegui segurar a posição em todos os ataques dele, o que foi muito legal. Valia um trofeuzinho, ali… Mas na sétima volta rodei de novo, no Bico de Pato (meio Senna em 1990, sabem?), o Rogério foi hábil, não bateu, me passou, e foi embora. Ainda houve uma terceira rodada no S do Senna sem maiores conseuqências e, na última volta, na Junção (meio Hamilton no ano passado, sabem?), passei mais dois carros e ganhei duas posições legais, para terminar em… 19º, onde larguei.

A vitória na geral foi do Chambel, de Passat, com outro Passat, do Fábio Coelho, em segundo. Xupisco foi terceiro na geral, sensacional, com outro Chevette, do Fernando Mello, em quarto. Espetacular também a corrida do Tadeu Destro, de Fusquinha 1.300 cc em quinto na geral, um assombro.

Não fossem minhas presepadas, eu chegaria em 15º, à frente de quatro carros que viraram tempos piores que os meus na corrida — minha melhor volta foi em 2min37s360, e a melhor da prova foi 2min25s984, do Fábio Coelho. Possivelmente na frente até do Tranjan, que quando desceu do Trovão Azul disse que “essa era minha”. Mas não foi, porque não adianta andar forte e rodar três vezes, então voltei para casa de mãos abanando.

Domingo que vem voltamos à pista, para a preliminar dos 500 Km de Interlagos. Espero que sem chuva, porque ainda não conseguimos ver quanto o carro melhorou no seco depois das mudanças que fizemos na suspensão. Mas, apesar da putice com o resultado, vendo o vídeo on-board das primeiras voltas até que fiquei alegrinho…