Fonte muito próxima ao piloto contou ao Victor Martins que a briga tem sido dura entre Nelson-pai e Flavio Briatore por causa da tal cláusula de performance. Argumento do pai: se os dois pilotos não têm equipamento igual, algo admitido pelo time em algumas corridas (na Alemanha foi assim), como é que se pode cobrar performance? A falta de equipamentos iguais anularia a tal cláusula.
Briatore e Piquet-pai se conhecem faz muito tempo. As discussões entre os dois são muito duras, de acordo com os relatos que temos. E o clima na Renault, pesadíssimo. Piquet-pimpolho, claro, não quer perder o emprego. Sabe que vai ser difícil arrumar outro na F-1. Mas, na prática, ficaria aliviado se deixasse o time francês. Onde não encontrou ambiente nem de longe parecido com o que sempre teve na carreira, nas equipes que o pai montou para ele.
Do ponto de vista técnico, Nelsinho, de fato, não vem fazendo nada que justifique sua permanência na F-1. No ano passado, teve um único momento de brilho, o segundo lugar na Alemanha. Mas foi muito circunstancial, graças a um safety-car etc. No mais, só decepções. Muitos erros, rodadas, batidas, classificações ruins. Na Alemanha, pela primeira vez conseguiu largar na frente de Alonso. Precisou de 27 GPs para isso. É muita coisa, mesmo sabendo-se que Alonso é um piloto muito melhor. Foram muitas degolas no Q1, raríssimas presenças no Q3.
O fato de ter equipamento pior em algumas corridas e de ter feito menos testes na pré-temporada que Fernando atenua, mas não justifica o mau desempenho em geral de Piquet-pimpolho. Em quase todos os times é assim, um testa mais, outro testa menos, um tem tratamento melhor, outro pior. Ainda mais agora que os testes são proibidos e que os times mexem nos carros a cada corrida, experimentando coisas novas para ver se elas funcionam. Até a McLaren fez isso em Nürburgring. O carro de Hamilton era completamente diferente do de Kovalainen.
Apesar das dificuldades, comuns a todos os estreantes, esperava-se mais de Piquet-filho. Não só pelo sobrenome, mas também pelo que fez nas categorias menores. É verdade que sempre teve equipamento bom e um time montado à sua volta, mas mesmo assim é preciso saber guiar para conseguir resultados. E ele teve bons resultados nas divisões de base do automobilismo.
Só que, na F-1, tem sido fraco demais. Neste ano, é um dos quatro pilotos que ainda não pontuaram, ao lado da dupla da Force India e de Kazuki Nakajima — uma versão nipônica de Nelsinho, por assim dizer. Uma dispensa no meio do ano, portanto, não representa injustiça alguma — insisto, do ponto de vista técnico. Não terá sido a primeira. Entre brasileiros, há o exemplo recente de Antonio Pizzonia, que também era o bicho nas categorias menores e, na F-1, foi um desastre.
O futuro de Nelsinho na profissão se complica com a demissão iminente. A imagem que deixou é péssima e duvido que alguma equipe queira contratá-lo para 2010. Mesmo com vagas sendo abertas no ano que vem em novos times, eu diria que a fila de candidatos tem gente com atrativos maiores do que alguém que, por enquanto, só possui um sobrenome famoso. O trabalho de Nelsão será árduo para recolocá-lo. E, se conseguir, Nelsinho terá de mudar radicalmente sua maneira de encarar a F-1. Será preciso, antes de mais nada, entender que os tempos em que era levado no colo do papai até o cockpit já terminaram.