Blog do Flavio Gomes
Brasil

VOLVO X FERRARI

GUARUJÁ (nem pensava) – Falou merde o ministro da Defesa da França, Hervé Morin, quando comparou os caças Rafale a “uma Ferrari”, enquanto os suecos Gripen seriam “um Volvo”. Primeiro, se é para mencionar um automóvel sueco, que mencione de vez um SAAB, já que os Gripen são feitos pela própria (embora a divisão de […]

GUARUJÁ (nem pensava) – Falou merde o ministro da Defesa da França, Hervé Morin, quando comparou os caças Rafale a “uma Ferrari”, enquanto os suecos Gripen seriam “um Volvo”. Primeiro, se é para mencionar um automóvel sueco, que mencione de vez um SAAB, já que os Gripen são feitos pela própria (embora a divisão de automóveis nada mais tenha a ver com a turma que faz aviões, exceto a origem; a SAAB nasceu fazendo coisas que voam, para depois da Guerra migrar para coisas que andam).

Os Rafale custam 140 milhões de doletas, contra 70 milhões do preço de etiqueta dos Gripen. Contra esses, pelo que entendi (sou leigo no assunto), pesam dois fatores: não ter sido ainda testado em combate e ser monoturbina. No mais, só vantagens: mais barato, menor custo por km voado, maior transferência de tecnologia etc. A FAB recomendou ao governo a compra dos caças da SAAB, como informou a “Folha de S.Paulo” nesta semana. Mas o país pode acabar optando pelos Rafale em nome da ampliação de seus negócios com a França.

Como já disse, sou leigo. Aparentemente os Gripen são mais convenientes, até porque não imagino que o Brasil vá entrar em guerra com alguém num futuro próximo. Por mim, para ficar em solo, poderiam comprar carcaças de MIG velhos que dava na mesma. Mas jamais compreenderei os meandros da realidade militar.

No que diz respeito à frase infeliz do ministro francês, aí posso dar palpite. Tiro no pé. Para quê serve uma Ferrari? É um carro que não é usado, e sim exibido. Uma coisa meio esquizofrênica, altíssima tecnologia, caríssimo, e quem o compra não o tem para a função essencial do automóvel, a mobilidade. Vão parar nas garagens de milionários e nos Emirados Árabes Unidos. Um dia, se alguém conseguir fazer uma estatística de quanto rodam, em média, as Ferraris de rua por ano, talvez haja uma crise de depressão nos funcionários de Maranello — que fazem aquilo tudo com o maior carinho para que elas sejam encostadas assim que compradas, porque em lugar nenhum do mundo uma Ferrari presta para alguma coisa que não seja comer mulheres.

Já um Volvo tem serventia. Faz tudo que uma Ferrari faz, mais, até, como andar em estradas de terra ou passar por lombadas. Tem ar-condicionado, direção hidráulica, airbags, tocador de CD e MP3. É seguro, pode ser entregue nas mãos de uma manobrista e, dependendo do modelo, também come mulheres — mais interessantes, talvez, do que loiras siliconadas que a Ferrari pega.

Assim, se o Brasil tiver de optar entre uma Ferrari e um Volvo, que não pense duas vezes. Pode ir no Volvo de olhos fechados. Mesmo que a Volvo, agora, pertença aos chineses. Pelo que sei, não vão acabar com eles, e continuarão sendo feitos na Suécia.