Blog do Flavio Gomes
Indy, IRL, ChampCar...

CRUEL, MAS É ASSIM

SÃO PAULO (fazer o quê?) – As 500 são assim. Quem se classifica é o carro, não o piloto. Se eu ganhar na megasena esta semana e oferecer 20 milhões de dinheiros ao pole Tagliani e sua equipe, sou eu que corro no carro dele. Foi o que aconteceu hoje com Bruno Junqueira. Ele colocou […]

SÃO PAULO (fazer o quê?) – As 500 são assim. Quem se classifica é o carro, não o piloto. Se eu ganhar na megasena esta semana e oferecer 20 milhões de dinheiros ao pole Tagliani e sua equipe, sou eu que corro no carro dele. Foi o que aconteceu hoje com Bruno Junqueira. Ele colocou um carro da AJ Foyt em 19º no grid, mas o incompetente do Michael Andretti, que inscreveu um monte de carros e não classificou todo mundo porque dependia de Tony Kanaan para acertá-los, foi lá e comprou sua vaga não sei por quanto. Para desgraça de Luciano do Valle, vai colocar Ryan Hunter-Reay no carro que o brasileiro classificou.

É cruel? É. Ainda mais para o pobre Bruno, que passa pela mesma situação pela segunda vez em três anos. Para Luciano, também. Não podia escolher um piloto com nome mais simples? James Taylor, por exemplo?

Mas é assim há um século. Se o contrato de Bruno com AJ Foyt previa a possibilidade, paciência. A vaga vale dinheiro. Foyt diz que está fazendo por amizade, mas é mentira. Andrettinho pagou uma bala, e o Victor Martins está atrás de pelo menos alguma pista sobre o valor dessa vaga.

São muitos os casos semelhantes na história das 500. Lembro de Scott Goodyear em 1992, a primeira que cobri lá em Indianápolis. Ele andou no carro que não sei quem classificou, largou em último e terminou em segundo, na chegada mais apertada de todos os tempos. Ganhou Al Unser Jr.

Já em 1995, a Penske tinha um carro de merda, alugou outros para tentar colocar seus pilotos, não conseguiu e ficou na dela. Foi um drama danado. Mas Roger Penske não recorreu a vagas obtidas por outros. Manteve a dignidade.

Não gosto desse sistema, mas é quase uma questão de gosto, mesmo. Nem sei dizer se é anacrônico, injusto, sem sentido. Faz parte das tradições da prova. Não se pode acusar Andretti de desonesto, pois. Pode fazer, fez.

Só que eu não faria.