Blog do Flavio Gomes
F-1

FIA, A CEGA

SÃO PAULO (vai mal, tudo) – A FIA confirmou hoje a reinclusão do Bahrein no calendário, que foi remanejado. A corrida será no dia 30 de outubro, no lugar do GP da Índia, que passará para dezembro. Provavelmente no dia 11, encerrando a temporada depois do Brasil. O texto do comunicado da FIA é de […]

SÃO PAULO (vai mal, tudo) – A FIA confirmou hoje a reinclusão do Bahrein no calendário, que foi remanejado. A corrida será no dia 30 de outubro, no lugar do GP da Índia, que passará para dezembro. Provavelmente no dia 11, encerrando a temporada depois do Brasil. O texto do comunicado da FIA é de um cinismo ímpar. Faz loas ao governo barenita, ao povo barenita, ao rei do Bahrein, ate à oposição. Diz que o governo estabeleceu um “processo de diálogo e reconciliação política”.

Balela das mais infames. Mais de 20 pessoas morreram e mais de 200 ficaram feridas desde o início dos protestos por reformas políticas, em março, duramente reprimidas pela monarquia barenita com o auxílio de soldados sauditas. A famílira real do Bahrein pertence à minoria sunita e relega os xiitas a posições secundárias no país. O estado de emergência foi suspenso, mas conflitos seguem acontecendo em vários locais.

“A decisão [de recolocar o país no calendário] reflete o espírito de reconciliação no Bahrein”, diz a FIA, que como a FIFA costuma se colocar acima de países, povos, governos, o que for.

A única coisa boa diante deste episódio, ao menos por enquanto, foi a manifestação da Red Bull, que pretende discutir a decisão da FIA junto aos membros da FOTA, a associação das equipes. Já tem gente pedindo que o time boicote a prova, com uma petição pública na internet. Disse que “por enquanto” é bom ver que a Red Bull se preocupa com a questão, porque o mais provável é que todos, como carneirinhos, aceitem a volta da corrida e se calem.

Mas seria muito legal uma equipe, ou mais de uma, ou um piloto, ou mais de um, se recusasse a correr num país que desrespeita os direitos humanos, massacra opositores e faz pose de vítima.