Blog do Flavio Gomes
F-1

ESQUENTOU

SÃO PAULO (mas teremos de esperar) – Foi na semana passada mesmo que escrevi aqui que Vettel na Ferrari era falta de assunto da imprensa, para “suitar” uma informação de cunho especulativo e gerar uma ou outra manchete, porque afinal não somos de ferro, nós jornalistas, e nesse meio que absorve qualquer coisa, como a […]

SÃO PAULO (mas teremos de esperar) – Foi na semana passada mesmo que escrevi aqui que Vettel na Ferrari era falta de assunto da imprensa, para “suitar” uma informação de cunho especulativo e gerar uma ou outra manchete, porque afinal não somos de ferro, nós jornalistas, e nesse meio que absorve qualquer coisa, como a F-1, Vettel na Ferrari dá boas manchetes.

Mas estava só no diz-que-diz, e agora a informação tem nome, sobrenome e RG: é assinada pelo fratello Giorgio Terruzzi, dono dos mais longos cabelos e do olhar mais oblíquo da imprensa que cobre F-1 para a Itália, hoje no canal Mediaset.

Terruzzi é bem informado. E crava hoje que Vettel fechou com a Ferrari para assumir como parceiro de Alonso a partir de 2014. O despacho original está aqui. Seria um contrato de três anos, para já encaminhar a transição quando Fernando, o queridinho de Maranello, começar a pensar em parar.

Na hipótese de isso ter realmente acontecido, Massa ficaria mais um ano na Ferrari. Ou Webber. Alguém para esquentar o banco enquanto Seb não chega.

Tudo pode ser, e tudo pode não ser. Normalmente, na F-1, essas notícias de grande impacto são publicadas depois de um GP, para que os autores não se vejam numa situação delicada num autódromo diante dos desmentidos, todos inevitáveis, que serão feitos. Mesmo que a informação se confirme depois, ninguém fica constrangido de negar enquanto não for oficial. Mentira é o que mais rola na F-1.

Nos últimos anos, eu mesmo passei por vários episódios parecidos. Em meados de 1993, cravei Senna na Williams com alguma antecedência. Um monte de gente o fez, uns dias antes, uns dias depois. Os desmentidos perduraram até o anúncio oficial. Em 1999, eu (e muitos outros, mas lembro das minhas matérias, não das outras) publiquei em agosto que Barrichello tinha fechado com a Ferrari, com valor do contrato e tudo. Minha fonte era boa. Todos desmentiram. Algum tempo atrás, fizemos o mesmo no Grande Prêmio quando Rubens fechou com a Williams. Todos desmentiram. Depois tudo foi confirmado.

Onde há fumaça há fogo, é o que dizem, embora de vez em quando seja apenas um fogo fátuo. Cada um usa a informação que tem, e a publica com peso compatível com a confiança que tem nas fontes que consultou. Pode ser uma manchete barulhenta, bancando o “furo”, ou uma nota mais discreta de pé de página, aquelas nas quais sempre se encontram as expressões condicionais “fulano pode ter…” ou “cicrano deve anunciar…”. Terruzzi, como disse, é bem informado. Pode ser que Vettel não tenha assinado nada. Que tenha apenas conversado. Ou que não tenha conversado, nem assinado. Ou que já tenha conversado e assinado. Alguém, no entanto, disse isso a ele. É uma questão de confiar na fonte. Aguardemos. Mas que seria uma dupla do barulho, seria. E faz sentido, dada a urgência da Ferrari para recuperar a hegemonia perdida com a saída de Schumacher — o título de Raikkonen em 2007 foi meio ilusório, a McLaren entregou a taça aos italianos por pura burrice.

Resta saber o que a Red Bull pensa disso tudo.