Blog do Flavio Gomes
F-1

TEXANAS (2)

SÃO PAULO (estou sem óculos) – Red Bull com gelo, dizem, fica gostoso. Assim, se quiserem colocar quatro pneus de F-1 logo depois de um treino em Austin dentro de uma banheira do energético, vai cair bem. Nunca vi lugar para ser tão difícil aquecer pneus quanto essa pista americana onde os fracos não têm […]

SÃO PAULO (estou sem óculos) – Red Bull com gelo, dizem, fica gostoso. Assim, se quiserem colocar quatro pneus de F-1 logo depois de um treino em Austin dentro de uma banheira do energético, vai cair bem. Nunca vi lugar para ser tão difícil aquecer pneus quanto essa pista americana onde os fracos não têm vez. O cara volta para os boxes e a borracha está gelada de queimar.

O único, claro, que não teve tanto problema assim foi Vettel, o caubói loiro. Foi o mais rápido em todos os treinos, todas as parciais, todos os Qs, um massacre. E larga na pole pela sexta vez no ano e 36ª na carreira em seu 100° GP amanhã. Alguma dúvida de que vai ganhar?

Eu tenho. Afinal, estamos falando da América, terra das oportunidades, onde todos, ao acordar, têm o direito de sonhar com um Big Mac, um Double Whopper ou um Dave’s Hot ‘N Juicy. Eu prefiro dois Double Cheese Sliders.

Assim, resta a Alonso isso aí mesmo: sonhar com alguma chance surpreendente e inesperada, pois se até Romero Britto se deu bem na América, por que não ele?

Vettel fez 1min35s657 na volta da pole, a quarta ou quinta seguida com o mesmo jogo de pneus, não contei. Alonso larga em oitavo e estava esquentando a borracha até durante a sua volta mais rápida. Um drama térmico. Hamilton até que chegou perto de Sebby, 0s109 atrás, e o grid ficou assim, já considerando a perda de cinco posições de Grojã, que trocou o câmbio: 1) Sebby; 2) Hammy; 3) Webby; 4) Kimmy; 5) Schummy; 6) Philly; 7) Hulkky; 8) Fernie; 9) Rommy; 10) Maldy.

Philly larga na frente de Fernie pela segunda vez no ano — a outra foi na Itália. Deve deixar o colega passar antes de chegar no fim da ladeira, na largada. A tarefa do espanhol na corrida toda, se nada de anormal acontecer, será apenas tentar adiar a conquista de Sebby. Para isso, se o tedesco vencer, ele tem de terminar em quarto, pelo menos. O problema para ele seu companheiro é que ambos largam do lado par do grid. Pelo que andam dizendo os pilotos, talvez seja melhor largar em 21° do que em 2°, tamanha a falta de aderência do lado par da pista. É capaz que essa turma do lado par seja ultrapassada até pelo safety-car e pelo furgão da SWAT.

A temperatura em Austin até que não estava tão baixa quando começou a classificação. Pouco antes do terceiro treino livre, era de 10 graus, com sol e céu azul. Depois do almoço, 21 graus, 32 na pista. Falo em Celsius, não Farenheit. Como a Pirelli escolheu na prateleira pneus de pau para levar aos EUA — com medo de a borracha ficar espalhada pelo asfalto, voar algum pedacinho e acertar o olho de um gorducho qualquer, o que resultaria numa ação na Suprema Corte que poderia condenar o presidente da fábrica italiana a 300 anos em Guantánamo —, a questão do aquecimento acabou sendo central no sábado texano. Os cobertores elétricos não resolveram. É possível que nem tenham funcionado, porque nos EUA é tudo 110 v e na Europa, 220 v.

Mas o gramado é ruim para todos, como dizia João Avelino, e então não há muitas desculpas para desempenhos pífios de equipes como a Sauber (Sergie em 15°, Kobby em 16°), a Caterham (que ficou no Q1 com dois carros atrás dos marússios) e alguns pilotos avulsos, como Rosbby (17°), Brunie (11°) e Jensy (12°, mas o carro da McLaren teve algum problema mecânico no Q2).

Faz-se necessário destacar que a HRT, que estava com medo de não conseguir fazer tempo nos 107% (o limite foi 1min43s317), passou com folga. Kartty, o último no grid, virou em 1min42s740, sem maiores problemas.

O autódromo estava cheio, uma visão alentadora para quem, como eu, acha que o automobilismo será extinto antes da instalação da próxima UPP no Rio. No primeiro ano de Indianápolis também foi desse jeito, uma multidão animada e colorida. Que continue assim. A pista é linda, acolhedora, técnica e rápida. Não será uma prova de ultrapassagens tão fartas, mas elas vão acontecer. Pena que a estratégia de pneus deverá ser a mesma para todo mundo, uma parada, o que reduz a atividade de box e a chance de surpresas. Nesse asfalto liso e com temperaturas baixas, pneus muito duros gastam pouco. Ano que vem, a Pirelli que leve supermacios e ultramacios, para chutar o balde.

A corrida, amanhã, começa às 17h. Não vai passar ao vivo em TV aberta, porque tem futebol no mesmo horário. Acabou indo para a Sportv, que pertence à Globo. Todo mundo sabia disso há semanas. TODO MUNDO. Ninguém é bobo, ninguém é otário, as pessoas pensam, sabem das coisas. Mas, mesmo assim, teve gente que perdeu o emprego só porque avisou os amigos pelo Twitter que a prova seria transmitida pela Sportv. O que, repito, TODO MUNDO, QUALQUER IDIOTA, já sabia.

Não há limites para a canalhice.